Emocionado comunico o desencarne do meu amigo, compadre e figura exemplar de Maçom que comigo organizou a Academia Maçônica: Arlindo Porto, aos 95 anos de idade, na sua residência no Rio de Janeiro. Foi Deputado estadual, deputado federal, governador do Estado, secretário de comunicação, secretário de Administração, presidente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e da Academia Amazonense de Letras, fundador do sindicato dos jornalistas.
Figura excepcional, humano, sensível, espiritualista, paciente e educado, ao mesmo tempo em que leve e divertido era honrado e sério na vida pública, incapaz de uma palavra maldosa contra qualquer pessoa.
Foi ainda conselheiro do TCE.
Tive o privilégio de ser amigo, padrinho de batismo de um filho dele e de casamento.
Nunca se lamentou da vida dura que passou durante anos quando afastado da política. Foi obrigado a vender livros de porta em porta no Rio para sobreviver, mas manteve a dignidade e a honradez, depois de ter sido governador do estado e presidente da assembleia legislativa.
Harmonioso com todos e em tudo, escrevia com clareza, precisão e leveza e era um exímio revisor.
Faleceu lúcido tendo completado 95 anos em 15 de fevereiro passado.
Fica uma lacuna enorme no seio da Maçonaria, das letras, do jornalismo, e mais que isso, dentre os escassos exemplos de nobreza e honradez da vida pública.
Resultado de 15 anos de pesquisa, levantando, recuperando e restaurando objetos, todas as peças têm uma história ligando personagens que participaram do clube.
Elson Judá de Oliveira Assayag, Amazonino Armando Mendes (então governador do Amazonas) e Abrahim Baze. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O torcedor Rio Negrino que tiver interesse em conhecer a história de um dos mais importantes clubes sociais e esportivos do Amazonas é só visitar o museu lá instalado. São mais de três mil e oitocentas pecas entre manuscritos, documentos, fotografias, livros de atas, troféus, medalhas, móveis, reportagens de jornais, revistas e até objetos pessoais de atletas que ajudaram a construir com sua participação os momentos de glória do clube que, desde sua fundação, marcou um período importante da história esportiva no Amazonas. O museu foi inaugurado em 13 de novembro de 1993 e recebeu o nome de um antigo diretor Rubens Samuel Benzecry em homenagem póstuma.
Resultado de 15 anos de pesquisa levantando, recuperando e restaurando objetos, o clube preservou seu acervo. Todas as peças e objetos ali encontrados têm uma história ligando personagens que participaram do clube.
O Atlético Rio Negro Clube tem sua história intimamente ligada ao futebol. Foi fundado no dia 13 de novembro de 1913, na casa da família Nascimento, na Rua Henrique Martins hoje Lauro Cavalcante (em Manaus/AM), sonho de um grupo de jovens adolescentes que gostavam de se reunir para jogar futebol. O idealizador do clube foi Schinda Uchôa, à época com dezesseis anos. No decorrer dos anos, Schinda Uchôa, na época residindo na cidade do Rio de Janeiro, retornou a Manaus para receber o título de Presidente de Honra do Clube. Porém, o passo importante para sua fundação foi dado por outro fundador: Manoel Affonso do Nascimento, que cedeu o porão de sua residência para a fundação da agremiação.
Abrahim Baze, Amazonino Armando Mendes e Elson Judá de Oliveira Assayag. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Edgar Lobão, o mais velho do grupo com dezenove anos, foi o primeiro presidente do clube. O pai de Manoel Affonso do Nascimento, Paulo Ferreira do Nascimento, entrega as taças de cristal bacará de propriedade da família para brindar com vinho do Porto a criação do clube.
Nasce assim, desta forma, a festa mais tradicional do clube: ‘Porto de Honra’, que tradicionalmente foi executado sempre no dia do aniversário do clube. A família Nascimento é a maior responsável pelo surgimento da agremiação, sendo que, a matriarca Maria Affonso do Nascimento foi sua eterna madrinha. Foi ela que contribuiu com o suporte para que o Clube fosse fundado. Foi nesse mesmo dia que Maria Affonso do Nascimento presenteou na pessoa de seu filho, Manoel Affonso do Nascimento, um broche de brilhante que lhe pertencia. O que foi vendido um a um dos brilhantes para comprar os primeiros equipamentos que eram importados da Inglaterra.
Mas é o esporte o principal motivo da existência e manutenção do clube e é, sobretudo, a ele que se refere a maior parte das peças do Museu do Rio Negro. Histórias de títulos, pioneirismo, de craques e figuras intimamente ligadas ao clube. Um fantástico acervo, dificilmente encontrado em outro clube de futebol. Memórias registradas com detalhes reveladores, uma verdadeira viagem ao passado de uma cidade encravada em plena floresta amazônica.
O voleibol surgiu no Amazonas através do Atlético Rio Negro Clube, por exemplo. Em 1928, os atletas Ésio, Heitor, Lúcio, Edwuino, Euclides e Arthur formaram o primeiro time de voleibol do clube. Em 30 de dezembro de 1930 o esporte já estava consolidado e conquista o Campeonato Norte/Nordeste em Recife.
O Clube foi campeão da taça Luiz Martins, com os seguintes atletas: Augusto Brito, Jacob Melo, Januário Nóbrega, Agnaldo, Renato Sá de Andrade e Humberto Ponzi. Figuras importantes do cenário político do Amazonas foram atletas de voleibol do Rio Negro, Arthur Virgílio Filho, Leopoldo Amorim da Silva Neves (pudico), Adalberto Ferreira do Vale (este destacou-se no time do Santos em São Paulo).
Amazonino Armando Mendes e Abrahim Baze. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O Clube também teve tradição em regatas, sendo campeão desse esporte em 1922. A competição se deu na baía do Rio Negro, foi em comemoração ao primeiro século de imigração francesa para o Estado do Amazonas, patrocinada pelo Consulado da França em Manaus.
Porém, é o futebol que tem o maior número de recordações. A foto do primeiro time campeão amazonense de 1921 tem lugar especial. Antes disso, não havia campeonato estadual, os times se enfrentavam entre si, em torneios de onde saia os campeões.
O primeiro campeonato amazonense de tênis de quadra também foi realizado pelo Atlético Rio Negro Clube sob o patrocínio da Federação Amazonense de Desportos Atléticos (FADA), em 1949, ocasião em que o clube foi campeão.
O Atlético Rio Negro Clube também foi o único clube amazonense, cujo, um diretor seu foi presidente de um clube nacional. Hilton Gonçalves, seu ex-diretor de esporte foi presidente do Flamengo de 1946 à 1947 e de 1957 à 1960. A carta de renúncia dele para o Rio Negro, encontra-se na parede do Museu, junto a uma carta do ex-presidente do Flamengo, Augusto Veloso.
Esportes Olímpicos nasceram no clube Na área de esporte de competição, o Rio Negro manteve equipes de handebol (infanto-juvenil, juvenil, júnior e adulto) nos naipes masculinos e femininos. Natação (mirim, petiz e sênior). Triathlon, voleibol, (infantil, juvenil, infanto-juvenil e adulto) masculino e feminino. Futebol (infantil, juvenil, júnior e profissional), futebol feminino de campo e de areia, além do basquete. O primeiro título de beisebol foi conquistado em 1920 e de esgrima em 1923, o basquete em 1931 e o tênis de mesa em 1940.
No futebol profissional começou a conquista em 1921, seguindo-se nos anos 1923, em 1927, 1931, 1932, 1938, 1940, 1941 e 1943. Em 1945 à 1959 o clube ficou afastado do futebol. O próximo título veio em 1962, 1965, 1968, 1971, 1974, 1975, 1977, 1979, 1981, 1982 e 1985. O Rio Negro foi Tetra Campeão Amazonense nos anos de 1977, 1988, 1989 e 1990, data em que encerramos a pesquisa.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Quem não conhece a história da Miss amazonas, Miss Brasil e Vice Miss Universo, Terezinha Morango? Mas não é só Terezinha Morango que merece destaque, tais como: Edna Frazão Ribeiro, a primeira Miss Amazonas pelo clube, em 1929; com destaque também para Maria Amália, que conquistou o título estadual pelo clube em 1949; e finalmente Ane César, a última Miss Amazonas candidata pelo Clube, em 1987.
O Atlético Rio Negro Clube também têm tradição na vida cultural, uma vez que grandes escritores que foram membros do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e da Academia Amazonense de Letras foram diretores, tais como: Genesino Braga, Álvaro Maia, Manoel Bastos Lira, Arlindo Porto, Moacir de Andrade, Aristophano Antony, Max Carpenthier, Robério Braga, Jurandir Batista de Sales, Gebes Medeiros e tantos outros nomes.
Esta é a 2ª edição e apresenta os estudos das desigualdades regionais e sociais, a relação do amazônida com o ambiente e as fases de maior expressão da questão social no Vale do Juruá e outros temas.
O programa Literatura em Foco recebeu nesta edição a Profa. Dra. Heloísa Helena Corrêa da Silva, para falar do lançamento do seu livro “Expressões da assistência social no Médio Juruá – Amazonas”, lançado em 2022 pela Editora Dialética na Livraria Nacional em Manaus.
A 1ª edição de “Expressões da Assistência Social no Médio Juruá” foi lançada em 2012 pela Editora Universidade Federal do Amazonas, permanecendo por cinco anos como referência obrigatória nos concursos de Serviço Social. Por abordar pautas que continuam, ainda nos dias atuais, no rol das mais importantes discussões, Heloisa Helena foi estimulada a lançar uma 2ª edição sobre seus estudos das desigualdades regionais e sociais; a relação do amazônida com o ambiente e as fases de maior expressão da questão social no Vale do Juruá.
A obra promove uma viagem imperdível que propicia ao leitor interessado refletir e discutir sobre o quanto o Estado brasileiro é ainda devedor de respeito e reconhecimento da dignidade de muitos brasileiros, no caso analisado no livro de brasileiros Amazônidas.
Segundo a professora, o livro é também fruto de sua tese. Ele cumpre todas as obrigações do ponto de vista da ética da pesquisa exigida nos programas de pós-graduação, principalmente para um doutorado. A relevância está na possibilidade de ser de construída e também reconstruída toda a trajetória da Assistência no Médio Juruá”, destacando ao leitor a possibilidade de encontrar uma abordagem relacionada as lutas envoltas na construção da Assistência Social como política pública.
Profa. Dra. Heloísa Helena Corrêa da Silva, que nasceu no seringal Concórdia, uma propriedade da família materna localizada na Região do Vale do Juruá, o modo como sua pesquisa trouxe e traz horizontes críticos e impactantes sobre a opressão vivida em contextos complexos, contraditórios e diversos, descortinando particularidades das expressões da questão social e das lutas a ela inerentes em realidades amazônicas.
Sobre a autora: Heloisa Helena Correa da Silva, possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mestrado, doutorado e pós-doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC- SP.
É professora Titular (PORTARIA N 1804, DE 21 DE SETEMBRO DE 2022) na UFAM no Departamento de Serviço Social – DSS https://ufam.edu.br/noticias-destaque/3804-promocao-funcional-professora-heloisa-helena-correa-da-silva-ascende-a-professora-titular-da-ufam.html e no Programa de Pós Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA).
Possui experiência nas áreas de Serviço Social e Interdisciplinar, com pesquisas concluídas sobre políticas públicas: da assistência social, da saúde, dos direitos sociais, dos processos de conhecimentos, sociais históricos e culturais de populações tradicionais. Membro do GT – Indígenas em Contexto Urbano nas cidades das Américas do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais – CLACSO/México.
Pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Assistência e Seguridade Social (NEPSAS/PUC-SP, de 2019 a 2022). Pesquisadora na Rede PROINQUI sobre Promoção de Direitos dos Povos Indígenas e Quilombolas. Idealizadora do Encontro de Políticas Públicas na Pan-Amazônia e Caribe (EPPPAC), ISSN: 2594-3685 – DOI: 10.29327/epppac. O EPPPAC é realizado bianualmente.www.epppac.com.br e https://www.even3.com.br/anais/epppac/ Em Estágio Pós doutoral no Núcleo: Gênero. Trabalho. Família do PPG/USP.
Com imagens de Pedro Gabriel e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Saul Benchimol estudou as primeiras letras de alfabetização no Grupo Escolar Barão do Rio Branco em Manaus, tendo, mais tarde, transferindo-se para o Grupo Escolar Saldanha Marinho.
Saul Benchimol nasceu em 14 de agosto de 1934 e estudou as primeiras letras de alfabetização no Grupo Escolar Barão do Rio Branco em Manaus, tendo, mais tarde, transferindo-se para o Grupo Escolar Saldanha Marinho.
Já na juventude, Saul Benchimol passa a residir na rua Henrique Martins n.º 414 em frente ao Sesc Senac e passa a dar continuidade aos seus estudos no Colégio Estadual do Amazonas, cursando o Científico com o apoio de sua mãe, que tinha a preocupação com esse aspecto peculiar na formação de seus filhos, como ocorre até os dias atuais com seus descendentes. Essa história não foi um diálogo emudecido pelo tempo, pelo contrário, construíram pelo saber o caminho para a sobrevivência e para as conquistas de que foram e que são merecedoras. Os mitos permanecem no ar, sobrevoando a vida das pessoas. Ancorado na busca do estudo para seus filhos e no trabalho do velho guarda-livros que chegava a Manaus cheio de sonhos por dias melhores.
Apesar das dificuldades enfrentadas pela família, sobretudo por tratar-se de uma família numerosa, seu pai, trabalhava dia e noite como guarda-livros, provendo o sustento da família. Na verdade, seu pai sempre teve esse anseio de mudança, força de sua experiência em Belém do Pará e naturalmente compartilhado com sua esposa.
Saul Benchimol, já na sua juventude, demonstrava sua maturidade, com a responsabilidade de vencer através dos estudos. A luta de seus pais e tantos momentos enfrentados proporcionaram maior experiência, ensejando lhe um modo diferenciado de ver o mundo.
Seus pais procuravam dar bons exemplos de honestidade para seus filhos, exemplo este que Saul Benchimol levou para sua vida. A Manaus de sua época era uma cidade muito tranquila, e foi nessa cidade que vivenciou e guardou na memória suas ruas de paralelepípedos e muito urbanizada, cujo silêncio era quebrado pela passagem do bonde vindo da rua 10 de Julho seguindo pela rua Costa Azevedo e passando bem ao lado de sua casa pela rua Rui Barbosa.
Aos domingos, tinham matinês nos Cine Guarany e Polytheama, o que nem sempre lhe era permitido frequentar, ou o passeio na Praça da Polícia com a Banda da Polícia Militar tocando no coreto ao centro da praça das 17h até as 19h. Saul Benchimol foi protagonista desses fatos e até hoje guarda essas lembranças em sua memória.
Saul Benchimol aos 3 anos. Acervo da Família. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Grupo Escolar Barão do Rio Branco em Manaus, onde Saul Benchimol estudou as primeiras letras de alfabetização. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Do Liceu Provincial e mais tarde Colégio Amazonense Dom Pedro II
Esta casa do saber formou muitas gerações: uns tornaram-se médicos, engenheiros, advogados, administradores, professores e tantas outras profissões que exerceram. Saul Benchimol bebeu na fonte do conheci- mento dessa casa do saber. Edificado em frente à Praça Heliodoro Balbi. É certo que somente por meio do conhecimento e da palavra os mortais podem passar para a posteridade, tão significativos e ilimitados são as ações e os fazeres e as formas de expressão daqueles que por lá passaram.
Ele, Saul Benchimol, tornou-se professor e foi por meio da palavra que o singularizou na sua forma única de ensinar, ultrapassando além dos limites de suas contingências e de sua efêmera existência material. Sua vocação para partilhar conhecimento com aqueles que foram buscar na fonte de sua sabedoria que o consagrou na imortalidade acadêmica é ainda lembrada nos dias atuais.
Grupo Escolar Saldanha Marinho. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O professor Otoni Moreira de Mesquita na sua obra “Manaus História e Arquitetura 1852-1910” nos transporta nas curvas do tempo através de uma agradável viagem de recordações, reencontros e revelações da história deste patrimônio do saber.
[…] A construção do Liceu Provincial foi autorizada pela Lei 1506, de 4 de novembro de 1880 (Coleção de Leis do Amazonas, 1879 Tomo XXVII, pg. 28). Em abril de 1881, haviam preparado o terreno para obra (Dias, 1881, pg.43) e, em 16 de maio do mesmo ano, o Presidente Satyro Dias informava ter mandado “lavrar” o contrato para a construção do alicerce do prédio (Dias, 1881, pg. 7). Em 31 de maio de 1881, a Assembleia libera a quantia de 30:000$000 réis pra a referida obra (Annais da Assembleia Legislativa do Amazonas, pg. 92) e em 27 de agosto do mesmo ano, o Presidente Alarico José declarava a aprovação, em 02 de junho daquele anos, do “acto do diretor de Obras Públicas ordenando aos arrematantes das obras do Lyceu Provincial, que desse aquellas obras dimensões maiores, do que as marcadas na planta respectiva. (Furtado, 1882, p. 8)
Trecho da Av. Joaquim Nabuco, onde residia a família Benchimol, quando do nascimento de Saul Benchimol (em 14 de agosto de 1934). Fonte: Bazar Esportivo
Em 25 de março de 1883, o Presidente José Paranaguá informava que o engenheiro Leovegildo Coelho mantinha-se no cargo de diretor da Repartição de Obras Publicas e as obras do Lyceu, “começadas em maio de 1881” encontravam-se muito atrasadas. Estavam prontos somente os “alicerces e algumas paredes até a altura do vigamento inferior”, mas em “24 de julho” havia ordenado ao Tesouro Provincial chamar concorrência para a “construção das paredes do pavimento térreo”, além do fornecimento e instalação do “vigamento do soalho”. Aceita a proposto do engenheiro João Carlos Antony, o contrato fora assinado em “20 de janeiro” de 1883. Para o “sócco da fachada”, contratara com José Cardoso Ramalho o fornecimento da “cantaria necessária” pela quantia de 3:774$085 réis, e o assentamento desse material havia sido feito por Antonio Ruibal pela importância de 540$000 réis. Estavam compradas as grades de ferro para “os vãos por baixo das janelas” e já haviam aterrado o saguão e o pátio de edifício. (Paranaguá, 1883, p. 77)
Em 9 de janeiro de 1884, já estavam entregues as paredes de cantaria para o “sócco da fachada principal” do Lyceu, em 08 de fevereiro, foi encerra- do o período de concorrência estabelecido pelo Tesouro Provincial para construção da obra, só que, em 16 do mesmo mês o Presidente nada decidira sobre as cinco propostas apresentadas. (Paranaguá, 1884, p. 58 e 63)
Em 16 de maio de 1884, a Lei nº 640 autorizava o Presidente da Província a mandar concluir as obras do Lyceu Provincial e em outubro do mesmo ano, o Presidente anunciava que a obra estava (em grande andamento) juntamente com a obra da igreja de São Sebastião, que eram as duas únicas obras autorizadas “por contato” (Sarmento, 1885 pg. 9). Em setembro de 1885, o Presidente Ferreira Junior informava que a obra do Lyceu contratada com Malcher, Ramalho, e Castro continuava com “muita atividade” (Chaves, 1886, pg.32). No entanto em março de 1886, o Presidente Vasconcellos Chaves notificava que as obras do Lyceu deveriam ter sido concluídas em novembro do ano anterior, mas por “acto de 21 de julho daquele ano” haviam sido prorrogadas por mais oito meses e contava estarem concluídas em 21 de junho daquele ano, e lamentava que sendo o Lyceu um edifício importante, ressentia-se de “defeitos grosseiros”, muitos dos quais já não eram possíveis de serem reparados. (Ferreira Junior, 1885, pg. 51)
Em relatório de 10 de fevereiro de 1886, o diretor da Repartição de Obras Públicas, Lauro Bittencourt, afirmava que “com exceção dos três salões da frente, todo o segundo pavimento” estava assoalhado e forrado e as paredes embuçadas. (Bittencourt, 1886, pg. 37)
Oficialmente foi concluída em 5 de setembro de 1886, de acordo com a placa de bronze fixada no hall de entrada do prédio. Entretanto, posteriormente a esta data, surgiram algumas solicitações dos governantes no sentido de concluir a obra. Em 20 de junho de 1893, o Diretor de Obras Públicas, Armenio de Figueiredo, afirmava não ser necessário “mais que sessenta contos de réis pra terminar a obra” (Figueiredo, 1893, pg.10). Em 6 de janeiro de 1899, o Governador Fileto Ferreira comunicava estar o edifício passando “por modificações bem radicais), pois apesar de aberto há muitos anos a uso público fora entregue “quase ao abandono pela falta de limpeza e reparos”. (Ferreira, 1898, pg.16)
O antigo Lyceu Provincial, posteriormente Gymnasio Amazonense Pedro II e atualmente Colégio Estadual do Amazonas é um dos raros exemplares típicos da arquitetura neoclássica em Manaus.
Sua estrutura, assim como sua composição espacial e seu aspecto orna- mental, correspondem com bastante precisão às características traçadas pelo historiador Paulo Santos em sua obra Quatro Séculos de Arquitetura (1981, pg.53). A planta baixa do prédio e sua fachada são simétricas, bastante equilibradas e raro são os elementos ornamentais. O edifício tem dois andares sobre um alto porão e segue a estrutura da antiga “caixa” greco-romana, também muito utilizada durante o Renascimento.
A fachada tem duas alas laterais com um corpo central, ligeiramente pro- eminente. Na parte central fica a entrada do prédio, composta por uma escadaria de treze degraus que termina em um pórtico composto por quatro colunas no primeiro pavimento e quatro no segundo.
Com frequência, os elementos clássicos aplicados nas construções realizadas na última passagem do século apresentam alterações que escapam dos padrões mais rígidos. Ao utilizarem pórticos e colunas em suas fachadas, dispõe as ordens aleatoriamente, confundem, muitas vezes, a sequência convencionada pelos romanos. Ao aplicarem as ordens gregas às suas construções, os romanos definiram que o primeiro pavimento de uma construção deveria apresentar colunas da ordem dórica ou toscana, enquanto o segundo pavimento deveria utilizar colunas jônicas e o terceiro adotaria a ordem coríntia. No entanto a adoção de uma ordem implica no uso de outros elementos além da coluna, abrangendo, como por exemplo, o entablamento com seus frisos característicos.
Assim, pode-se classificar as colunas no primeiro pavimento do Lyceu Provincial como Toscanas, por apresentarem fuste liso e base, entretanto o entablamento sustentado por estas colunas é da ordem dórica, caracte- rizado pelo friso composto com triglífos e métopas. As colunas do segundo pavimento, apesar de ostentarem capitéis jônicos, apresentam fustes liso, quando a ordem exige caneluras. Por trás do pórtico, abre-se três portas em arco pleno que dão acesso ao vestíbulo do prédio.
As alas laterais de cada andar são vazadas por três janelas, todas de vergas retas, sendo as do segundo pavimento, janelas de púlpito com balaústres. Pilastras com mesma característica das colunas do pórtico intercalam-se entre as janelas e se apresentam em dupla nas extremidades da fachada e na divisão com o corpo central, A construção é arrematada na parte superior por uma platibanda de decoração singela, que circunda todo o edifício, sendo interrompido apenas pelo frontão triangular liso.
Dessa forma, escondem-se os beirais imprimindo ao edifício um aspecto mais de acordo com o estilo neoclássico. Como já foi dito anteriormente neste trabalho, este prédio apresenta grande semelhança com algumas obras de Palladio, lembrando, entretanto que tais características tornaram–se bastante comuns no século passado em todo o Brasil.
1 MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: história e arquitetura (1852-1910). Manaus: Edua, 1997, p. 102-107.
Saul Benchimol. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O trabalho como propagandista
Saul Benchimol tinha, na sua rotina de trabalho, o gerenciamento de visitas médicas e promoção de produtos do laboratório Merck Sharp & Dohme, especialmente nas farmácias e para classe médica, cuja representação era da empresa da família. Também era responsável por planejar e realizar visitas apresentando os produtos produzidos pelo laboratório. Na visita com os médicos, promovia uma apresentação dos produtos em pauta, com indicação, posologia, benefícios aos pacientes, entre outras
informações dos produtos. Manaus, nessa época, tinha aproximadamente entre quarenta a cinquenta médicos. Dentre eles: Antônio Comte Telles de Souza, Antônio Hosannah da Silva Filho, José Raimundo Franco de Sá, Olavo das Neves de Oliveira Melo, Leopoldo Cyrilo Krichanã da Silva, Menandro Tapajós, Euzébio Rodrigues Cardoso, Mário Isaac Sahdo, José Leite Saraiva e tantos outros.
Saul Benchimol lembra das tarefas de produzir os relatórios de suas visitas aos médicos e farmácias. Neste período, não era necessário ter curso superior, mesmo assim, era necessário ter conhecimento em anatomia, fisiologia, farmacologia, e naturalmente bons conhecimentos em vendas e negociação. Tratava-se de uma profissão de muitos desafios. O profissional precisava ser bastante proativo, organizado e possuir um senso analítico muito elevado para gerenciar seu tempo entre vendas, cobranças e propaganda médica.
Foi sim, um período importante em sua vida, com fortes lembranças desses momentos vividos por ele no início de sua jornada profissional.
A caminho da Faculdade de Direito (1953-1957)
A história da ocupação do espaço amazônico tem como momento o período do ciclo do látex, com profundas consequências para a realidade demográfica regional. A verdade é que a Amazônia não seria a mesma depois do fausto do látex.
Transcorria o ano de 1953, o jovem Saul Benchimol, fiel aos ensina- mentos de seu pai, ingressava na Faculdade de Direito, a “velha jaqueira”, que já havia formado grandes nomes da jurisprudência do Amazonas. Afinal, era a única opção, somente os filhos de famílias ricas podiam buscar estudos fora do domicílio. Para contribuir com o sustento da família, Saul Benchimol dedicava-se também ao trabalho de propagandista e vendedor do Laboratório Merck Sharp & Dohme. Na verdade, os homens e mulheres que lograram êxito em suas histórias tiveram como principal atributo a coragem e o espírito de luta. Foram, sobretudo, seres que acreditaram em seus sonhos e projetos movidos pelo entusiasmo e pelos ideais que legaram à sociedade uma história de feitos e conquistas.
Saul Benchimol tem como atributo servir ao próximo, ação que se oculta por trás da simples dimensão de suas ações, faz de sua vida o enigma e condição indispensável para uma existência enriquecedora e feliz.
O jovem Saul Benchimol, fiel aos ensinamentos de seu pai, ingressava na Faculdade de Direito, 1953. Acervo da Família. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Saul Benchimol – A saga de judeu na Amazônia
Dos seus inúmeros afazeres diários dedicava seu precioso tempo ao seu trabalho de propagandista e aos estudos. Ocupou seu lugar na primeira fila e, como lutador, marchou sempre na vanguarda com uma participação efetiva e dedicada. Estudioso, procurou fazer daquele espaço sua projeção para o futuro, não poupou esforços para ser útil aos seus irmãos e aos seus pais.
Neste período, seu pai trabalhava duro para manter a família. Todos os esforços eram também para manter seu irmão Alberto Benchimol, estudante de medicina no Rio de Janeiro. E, mais tarde, já formado, imigrou para os Estados Unidos da América, precisamente para Phoenix no Arizona, onde construiu sua carreira profissional de sucesso.
Manaus, nesse período, com uma população aproximada de 250 mil habitantes, tinha seu conglomerado urbano e comercial nas principais ruas do centro. O reconhecimento dessas circunstâncias, hoje narrados por Saul Benchimol, constitui o mútuo e legítimo orgulho de seus pais, que mantêm sua história com boas lembranças de todos esses acontecimentos. Essas verdades históricas resultam do espírito desbravador de Isaac
Israel Benchimol e da senhora Nina Siqueira Benchimol, que fincaram aqui a decisão de construir suas vidas.
Saul Benchimol e professores. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O escritor, dramaturgo e acadêmico atuou em diversas frentes das artes e da cultura no estado do Amazonas, se destacando especialmente na literatura e no teatro.
Em uma singela homenagem póstuma, a Academia Amazonense de Letras, realizou uma despedida durante a passagem fúnebre do escritor, dramaturgo e acadêmico Márcio Souza. O cortejo saiu do Centro Cultural Palácio Rio Negro com o apoio operacional dos órgãos municipais e estaduais de trânsito e de segurança, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e o Batalhão de Policiamento de Trânsito da Polícia Militar do Amazonas (BPTRAN-PMAM).
Na passagem do cortejo fúnebre, a Academia Amazonense de Letras se despediu de forma singela e honrosa com um momento de oração e silêncio, diante da exposição do mastro, despedindo-se com uma salva de palmas, a despedida contou com a presença do Presidente, Dr. Aristóteles Alencar, acadêmico Marcos Frederico Kruger e funcionários da instituição acadêmica. Além da Academia Amazonense de Letras, edifícios, teatros e centros históticos também se despediram do escritor, entre eles, o Teatro Amazonas, SESC e Biblioteca Pública.
Para o Presidente, Dr. Aristóteles Alencar, a despedida é uma forma de expressar a eterna gratidão e uma oportunidade de dar adeus para o confrade que muito contribuiu na cultura do Estado, através da partilha de seus ensinamentos e suas obras literárias.
O Acadêmico ocupava a quarta Cadeira de n.º 25, eleito em 11 de setembro de 2004, na sucessão de Gebes de Mello Medeiros, recebido em 25 de outubro de 2004, pelo acadêmico José Maria Pinto de Figueiredo. Tratava-se da Cadeira originalmente patrocinada por Aluízio Azevedo, da qual foi fundador Raul de Azevedo (1918). Em maio de 2019, durante sua passagem pela Academia Amazonense de Letras, lançou pela Academia sua primeira obra literária intitulada “Teatro Seleto”.
O sepultamento ocorreu no Cemitério São João Batista, localizado no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul de Manaus.
Suas obras são reconhecidas nacional e internacionalmente, entre elas “O Fim do Terceiro Mundo” e “Lealdade”, pelo qual recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1997.
Realizado no Centro Cultural Palácio Rio Negro, aberto ao público, o velório do escritor Márcio Souza contou com a presença dos familiares, amigos, autoridades e membros da Academia Amazonense de Letras para prestar as últimas homenagens.
O professor Amecy Souza, irmão do Acadêmico Márcio Souza, emocionado disse que o escritor deixará um enorme um legado para a cultura, e para a literatura, a marca de sua existência para as gerações futuras, e que este é um momento de expressar o mais profundo respeito e admiração ao escritor que muito contribuiu através de suas obras e que agora deixa um grande legado.
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz declarou que era difícil enumerar tudo o que Márcio Souza fez pelo Estado do Amazonas, pois para o secretário a convivência com ele nos últimos tempos foi de grande valia e satisfação, atualmente ele como diretor da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, já esteve também à frente da Biblioteca Nacional, à frente da Funarte, com muitos títulos editados em diversas línguas, uma pessoa generosa que compartilhava todo o seu conhecimento com a sociedade.
O presidente da Academia Amazonense de Letras, Dr. Aristóteles Alencar, declarou que a morte do Acadêmico é uma perda irreparável para a cultura do Estado. Marcio Souza deixa um legado importante na arte e cultura brasileira. Seu trabalho atravessou fronteiras levando a literatura produzida no Amazonas, inclusive para fora do Brasil e que a despedida expressa saudade desse nobre escritor que ainda será lembrado por várias gerações vindouras.
Outros membros da Academia também estiveram presente no velório, no início da noite para as últimas homenagens, entre eles, Elson Farias, Mazé Mourão, Marilene Corrêa, Aldísio Filgueiras, Arthur Neto, Geral Xavier, Marcos Frederico Kruger, Zemaria Pinto, Tenório Telles, além de representantes da cultura, entre eles Otoni Mesquita, Celdo Braga e Antônio Auzier.
O escritor faleceu aos 78 anos, em Manaus, vítima de um infarto. O sepultamento ocorre às 16h, no Cemitério São João Batista.
Aos 18 anos com o sucesso da obra intitulada “Galvez, o Imperador do Acre” (1976), o escritor e jornalista abraçou a literatura como profissão. Uma de suas influências foi o escritor Machado de Assis.
Márcio Gonçalves Bentes de Souza nasceu na cidade de Manaus, em 4 de março 1946, foi jornalista, dramaturgo, editor, roteirista e romancista brasileiro. Estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica.
Márcio lançou seu primeiro livro, “O mostrador de sombras”, aos 18 anos, mas foi somente com o sucesso de “Galvez, o Imperador do Acre” (1976) que ele abraçou a literatura como profissão. Uma de suas influências foi o grande escritor Machado de Assis.
Aos 14 anos, tal incentivo foi determinante para que em a sua adolescência escrevesse críticas nos jornais de Manaus e aos 17 anos mudou-se para São Paulo para estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Na Faculdade, passou a escrever roteiros e trabalhou como assistente de produção e direção em curtas e médias para a Boca do Lixo. Em 1967, aos 21 anos publicou o primeiro livro: “O Mostrador de Sombras”.
Em sua trajetória literária, o escritor e jornalista conheceu diversos países como Nova York, Paris, Londres, Amsterdã, Bogotá e Lima. A experiência de conhecer outros países foi fundamental para o amadurecimento do jovem escritor que teve sua volta ao Brasil em 1973, em seguida passou a dirigir o teatro experimental do SESC.
O escritor ocupou cargos públicos, como a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte), órgão do governo federal, e do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), em Manaus, atualmente estava lotado na Biblioteca Pública do Amazonas.
Em novembro de 2022 no auditório Rio Solimões, do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), o escritor e jornalista recebeu o título de ‘Doutor Honoris Causa’ em reconhecimento ao trabalho que tem feito em promover a cultura, especialmente a amazonense, em suas obras. Atualmente, Márcio estava lotado na Biblioteca Pública do Amazonas.
Em março deste ano,o escritor exibiu no Teatro Amazonas o documentário “Se Não Me Engano Márcio Souza – Arte & Literatura Amazonense, durante a exibição compartilhou reflexões profundas sobre a civilização amazonense contemporânea e sua cultura. Trazendo desde relatos sobre a trajetória pessoal do escritor até comentários críticos sobre a história da cidade, o filme conduz o público para uma jornada revelando a riqueza e a complexidade da metrópole amazônica.
Na Academia Amazonense de Letras, o Acadêmico ocupava a quarta Cadeira de n.º 25, eleito em 11 de setembro de 2004, na sucessão de Gebes de Mello Medeiros, recebido em 25 de outubro de 2004, pelo acadêmico José Maria Pinto de Figueiredo. Tratava-se da Cadeira originalmente patrocinada por Aluízio Azevedo, da qual foi fundador Raul de Azevedo (1918). Em maio de 2019, durante sua passagem pela Academia Amazonense de Letras, lançou pela Academia sua primeira obra literária intitulada “Teatro Seleto”.
O Acadêmico Márcio Souza tinha 78 anos e sofria de diabetes, na manhã desta segunda-feira sofreu um infarto, chegou a ser atendido no Serviço de Pronto Atendimento do São Raimundo, mas não resistiu.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, lamentou a perda do escritor e decretou luto oficial de três dias no estado.
Promovendo uma visão sobre uma demonstração de debate científico, a obra é a primeira produção literária do economista.
A Academia Amazonense de Letras, recebeu na Biblioteca Genesino Braga, o economista Juarez Baldoino da Costa para mais uma gravação do Programa Literatura em Foco, apresentado por Abrahim Baze, o economista é também autor do livro ‘A Amazônia e a Zona Franca de Manaus – Caminhos Independentes’, lançado pela Editora: Amazonia Et.Al em 2021.
Na entrevista, o economista Juarez Baldoino relatou a obra literária, como uma obra pioneira, ousada em seu espaço no amplo e crucial debate sobre o futuro da região amazônica, trazendo uma importante demonstração de debate científico, tendo como objetivo difundir dados sobre a região na tentativa de colaborar com elementos que permitam balizar as narrativas de quem se aventura em buscar entender e relatar esta fascinante e desconhecida Amazônia.
Para o autor, a obra apresenta um estudo inédito sobre os impactos do Polo Industrial de Manaus no meio ambiente com tese e antítese, é também fruto de uma pesquisa sobre a Amazônia, através da convivência com a ZFM há mais de 40 anos. Os fundamentos descritos desta narrativa de proteção e pesquisa, motivaram o autor a escrever o livro que discute cientificamente a questão de forma didática através das conclusões surpreendentes.
Além da produção literária, outros temas foram abordados na entrevista como a BR-319, oficialmente Rodovia Álvaro Maia, mais conhecida como Rodovia Manaus–Porto Velho e seus desafios para a pavimentação, a Zona Franca de Manaus e sua criação da sistemática de incentivos fiscais e o Instituto Piatam, criado em fevereiro de 2007, com sede em Manaus, no objetivo de realizar atividades em prol do desenvolvimento econômico social e da defesa e conservação do meio ambiente amazônico.
Sobre o autor – Nascido em São Paulo, Baldoino é amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia, pela Ufam; professor de pós-graduação e consultor de empresas especializado na Zona Franca de Manaus, além de articulista do Jornal do Commercio. Possui Mestrado em Sociedade e Cultura da Amazônia (UFAM Universidade Federal do Amazonas 2016); MBA em Finanças Empresariais na Fundação Getúlio Vargas Manaus AM 2001); Especialização em Perícia Econômica para o setor judiciário (CORECON AM Conselho Regional de Economia do Amazonas 2005); Graduação em Economia (Universidade São Judas Tadeu São Paulo SP 1977); Professor Universitário de Graduação e Pós Graduação Lato Sensu nas áreas de Economia, Tributos, Legislação da ZFM Zona Franca de Manaus; Atuação na área de consultoria empresarial em custos, tributos e projetos técnico econômicos.
Com imagens de Pedro Gabriel e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Criada em 1900, a Academia Paraense de Letras é a mais antiga da Amazônia e uma das primeiras do Brasil.
Querida Belém!
Nos últimos dias tenho pensado na ultima viagem que aí estive a convite da poetiza Sarah Rodrigues, era um momento especial, acontecia a feira Pan Amazônica do livro. Tive oportunidade de participar da feira, rever amigos e fazer outros amigos, muito especial os imortais da Academia Paraense de Letras, revendo e vivenciando a Belle Époque dos teus casarões, que a modernidade dos teus sonhos não apagou, os teus desenganos e, porque não, o teu amanhã de uma Amazônia iluminada.
O meu sonho de te encontrar em traje de soirée o dernier cri do Paris n’América, te vejo a assistir La Bohéme, no esplendor do teu Teatro da Paz. Em êxtase, a bailar nos saraus do Palacete Pinho, onde impecáveis acepipes foram encomendados à Casa Carvalhaes. Soberbamente cocotte, a mostrar sua arquitetura construída no período do látex. Tardes alegres na matinée do Cinema Olympio e, necessariamente depois, saborear o charlotine, na terrasse do Grande Hotel, às 17h a espera da tradicional chuva da tarde.
Foto: Divulgação/Academia Paraense de Letras
Ah! Belém, quanta saudade! E perdoe-me a pretensão de querer ver-te na sedução do teu passado.
Também te vejo e nem por isso menos querida em estamparia de chita, a seduzir a sonolência da cidade velha com a frivolidade do teu comercio pujante. A luz das lamparinas e lampiões perdendo seus brilhos para o sol que acabara de nascer reluzindo frenesi de suor na pele morena de tuas meninas moças, nos batuques, dos arrabaldes da grã-finagem.
Ah! Belém, quanta saudade da hora do ângelus e o quanto das cigarras, cúmplice da missa das 18h da Matriz, com a participação da população simples e dos acadêmicos membros de tua intelectualidade.
Belém querida, me afogo em nostalgia do teu passado glorioso e desperto para o teu amanha venturoso. Preservar os teus retratos, guardar tuas memórias e principalmente recolher tuas ruínas transformando-os os teus pedaços e a partir deles reinventar os teus sonhos.
Permaneço na minha Manaus, a continuar sentindo saudades, com fortes lembranças do tempo que te conheci, lembrando a sombra das mangueiras frondosas da Avenida Nazaré, do Sírio de Nazaré, do carimbó, da tua culinária, que é só tua.
Quero te fotografar na minha mente e apropriar-me de retratos múltiplos e variados na beleza dos tempos de antanho. Teus imortais da Academia Paraense de Letras com seus discursos inflamados promovem as realizações do espírito para cultivar o saber e as artes, que se reveste de uma importância ainda maior. Isso evidencia o compromisso e as responsabilidades dos membros desta casa consagrada ao saber, que trabalham incansavelmente os valores, os bens espirituais e a construção de uma sociedade esclarecida e cidadã.
Academia Paraense de Letras
Abrahim Baze em visita à Belém do Pará, Ivanildo Ferreira Alves, Presidente da Academia Paraense de Letras, Sara Rodrigues, membro da Academia Paraense de Letras e Nazaré de Melo, também membro da Academia Paraense de Letras na Feira Pan Amazônica do livro. Foto: Acervo Abrahim Baze.
“[…] Fundada em 3 de maio de 1900, por um grupo de escritores e teve como primeiro presidente Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará. A mais importante entidade literária do Estado do Pará, é a terceira mais antiga do Brasil, depois da Academia Cearense e da Academia Brasileira de Letras.
Os principais objetivos da Academia Paraense de Letras são fomentar o desenvolvimento da literatura e da produção cultural regional, estimular a pesquisa em linguística e literatura e homenagear as realizações de ilustres escritores e estudiosos paraenses. Promove eventos literários, conferências e palestras, além de conceder prêmios literários de prestígio para reconhecer obras de destaque em diferentes gêneros.
A Academia Paraense de Letras (APL) é uma instituição cultural que tem como objetivo promover e preservar a literatura e a cultura paraense, além de reconhecer e homenagear os escritores e intelectuais do estado.
A instituição realiza diversas atividades, como sessões solenes, lançamentos de livros, conferências, debates e premiações literárias. Além disso, a Academia Paraense de Letras mantém uma biblioteca com um acervo significativo de obras literárias paraenses e brasileiras.
A Academia Paraense de Letras desempenha um papel importante na preservação e valorização da cultura e literatura do Pará, promovendo a produção literária local e incentivando o estudo e a divulgação das obras dos escritores paraenses”.
Ivanildo Ferreira Alves, Presidente da Academia Paraense de Letras.
Ivanildo Ferreira Alves – Jurista, atual presidente da Academia Paraense de Letras, tem uma trajetória de conquistas de vários prêmios em seus trabalhos literários. Nasceu na cidade de Maracanã, em 1961, no Estado do Pará.
A solenidade tem o objetivo de promover o reconhecimento e a valorização dos trabalhos acadêmicos, científicos e culturais realizados a partir dos acervos arquivístico, bibliográfico, museológico e da história e memória do Poder Judiciário do Amazonas.
O Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio de sua Comissão de Gestão de Memória, realizou a solenidade de entrega do “Prêmio Eduardo Ribeiro” e do “Prêmio Memória TJAM”. O evento aconteceu no auditório do Centro Administrativo Des. José de Jesus F. Lopes, no prédio Anexo à Sede do TJAM, no Aleixo. Mediante a presença de autoridades, o Acadêmico Júlio Antonio Lopes representou o Presidente da Academia Amazonense de Letras, Dr. Aristóteles Alencar.
Ambas as premiações foram instituídas pelo Tribunal por meio da Portaria n.º 2394/2021, como fomento e reconhecimento à utilização e divulgação de trabalhos acadêmicos, científicos e culturais realizados a partir dos acervos arquivístico, bibliográfico, museológico e da história e memória do Poder Judiciário do Amazonas.
Ao instituir as duas premiações, a Presidência do TJAM considerou, entre outros aspectos, o disposto na Resolução n.º 429/2021, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que instituiu o “Prêmio CNJ Memória do Judiciário”; as diretrizes contidas na Resolução CNJ n.º 324/2020, que tornou obrigatória a observância, pelos tribunais, das normas, princípios, diretrizes e instrumentos de gestão documental e de memória; bem como a Política Nacional de Gestão de Pessoas no âmbito do Judiciário”, estabelecida pelo CNJ na Resolução n.° 240/2021.
Também foram consideradas as orientações do “Manual de Gestão de Memória do Judiciário” quanto à necessidade de fomento às atividades de preservação, pesquisa e divulgação da história do Poder Judiciário; a Lei n.º 12.288/10, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial; a Lei n.º 12.519/2011, que criou o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”, em 20 de novembro; e a Lei Estadual n.º 84/2010, que instituiu no calendário estadual o dia 20 de novembro como feriado.
Agraciados ao recebimento do “Prêmio Eduardo Ribeiro”
– Caio Giulliano de Souza Paião – Pela tese: “Os lugares da marinhagem: trabalho e associativismo em Manaus, 1905-1919”. Tese de doutorado em História.
– James Roberto Silva – pelo artigo: “Entre a escravidão e a liberdade: narrativas e memórias do cativeiro na Província do Amazonas”.
– Keith Barbosa – pelo artigo: “Entre a escravidão e a liberdade: narrativas e memórias do cativeiro na Província do Amazonas”.
“Prêmio Memória”:
– Desembargador César Oyama Ituassu (in memorian) – pela autoria de livros relacionados à memória do TJAM.
– Desembargador Cezar Luiz Bandiera – pelo livro “Leis de organização judiciária do Amazonas. (org.)”.
– Juíza Telma de Verçosa Roessing – Pelo livro “Drogas, criminalização e punição: usuários de drogas no sistema de justiça penal em Manaus”.
– Juiz Vicente De Oliveira Rocha Pinheiro – pela monografia: “A importância da criação e estruturação da Vara Estadual Especializada do Meio Ambiente e Questões Agrárias no Amazonas”.
– Agda Lima Brito – pela tese: “Eu Trabalhei Também: o cotidiano das trabalhadoras nos seringais do Amazonas no Pós – Segunda Guerra – (1950 – 1970)”.
– César Augusto Bubolz Queirós – pela propositura da: “I Mostra de Pesquisa sobre História e Justiça”.
– Davi Avelino Leal – pela Dissertação: “Cultura, cotidiano e poder: os seringueiros e as relações de poder nos seringais do rio Madeira (1980-1920)”.
– Davi Monteiro Abreu – pela dissertação: “Uma pretensa intentona”.
– Francisco Pereira da Costa – pelo trabalho: “Entre o labor e a lei: a luta por direitos sociais e trabalhistas no Amazonas (1907- 1917)” .
– Hugo de Sousa Mendes e equipe TJRR – pelo artigo: “A utilização dos Processos Judiciais do Tribunal de Justiça do Amazonas como fonte de Pesquisa Histórica: O Ensino da História de Roraima para a Educação Escolar a Partir dos Autos Judiciais”.
– Máycon Carmo dos Santos – pelo artigo: “Arquivo Central Júlia Mourão de Brito e o fomento à pesquisa”.
– Maria Luiza Ugarte Pinheiro – pelo artigo: “Imprensa de imigrantes: vozes da colônia espanhola no Amazonas, 1901-1922.
– Sandra Bezerra Lima – pelo artigo: “A contribuição das matérias jornalísticas da imprensa amazonense para a composição de processos no Poder Judiciário do Amazonas”.
– Suellen Andrade Barroso – pela dissertação: “Casais, Violência e Poder Judiciário: Expressões jurídicas sobre a violência no casal em Manaus nos anos 1970 e 1980”.
– Wanderlene de Freitas Souza Barros – pela dissertação: “Nos trilhos da cidade: a trajetória dos motorneiros e dos bondes em Manaus (1930-1946)”.