O conteúdo literário promete mexer com a memória afetiva de muitos professores, escritores e ex-alunos de algumas faculdades e escolas de Manaus, que em 2008, participaram do festival literário que movimentou o Estado.
O apresentador Abrahim Baze do Programa Literatura em Foco, gravado na Biblioteca Genesino Braga, recebeu o escritor Carlos Lodi. Natural do município de Campinas – SP, o autor reside na capital amazonense há cerca de 13 anos.
Nesta edição o autor destacou a sua mais recente obra intitulada “FliFloresta, do Sonho à Realidade”, pela Editora e Livraria Valer. A obra é um relato da memória de um acontecimento que impactou o Estado do Amazonas, através do nascimento da crença dos editores Isaac Maciel e Tenório Telles.
O autor ressalta ainda em entrevista a importância da pratica leitura na sociedade, os benefícios gerados como a melhoria no vocabulário, desenvolvimento do pensamento crítico, o estimulo a capacidade de concentração e a transformação que a leitura promove em sua escrita.
Com a obra lançada, o autor tem a expectativa de promover a oferta de livros ao maior número possível de leitores; trazer autores para dialogarem com os seus públicos; além de defender nessa ação, os homens, as florestas, os rios e os animais que correm o risco de desaparecer do planeta.
Com imagens de Nélio Costa e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Em 1867, tem-se notícia da primeira hanseniana, residente numa palhoça em Umirisal, localidade situada acima de Manaus, à margem esquerda do Rio Negro.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
A história do trabalho realizado pelo Instituto “Alfredo da Matta” no Amazonas está diretamente relacionada à chegada e evolução da hanseníase. No período de 1832 à 1890, Manaus sofreu um processo migratório expressivo, quando seu contingente populacional saltou de 8.500 para 50.300 pessoas, atraídos pelo período áureo da borracha.
Em 1867, tem-se notícia da primeira hanseniana, residente numa palhoça em Umirisal, localidade situada acima de Manaus, à margem esquerda do Rio Negro. Não há duvidas que nesta época a hanseníase já se desenvolvia com grande intensidade, os pacientes recolhidos em estado avançado da doença eram atendidos no antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia.
De Paricatuba à Colônia Antônio Aleixo
Após serem cadastrados, os doentes eram remetidos para o Leprosário Belizário Pena inaugurado em 1923, na localidade de Paricatuba à margem do Rio Negro, cujo trabalho já era realizado por Alfredo da Matta e sua equipe. A falta de recursos financeiros para manter os doentes internados faz surgir a Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, coordenada pelo Dr. Alfredo da Matta.
Em 1942 o Governo do Amazonas inaugurou a Colônia Antônio Aleixo. Essa alternativa veio amenizar os problemas de toda ordem para os pacientes. Neste mesmo ano também entrou em funcionamento o Educandário Gustavo Capanema, destinado a filhos de hansenianos internados. No Hospital Antônio Aleixo os pacientes eram atendidos e assistidos pelos médicos Geraldo da Rocha, Menandro Tapajós e Leopoldo Krichanã.
Em 28 de agosto de 1955, foi inaugurado o Dispensário Alfredo da Matta, cujo nome foi uma justa homenagem escolhida pelos médicos Raimundo Silas C. de Andrade, Célio Mota e Menandro Tapajós.
Um baiano que preferiu Manaus
Dr. Alfredo da Matta nasceu em Salvador (Bahia), em 18 de março de 1870 e faleceu no Rio de Janeiro em 3 de março de 1954. Seus estudos primário e secundário foram cursados na cidade natal e logo ingressou na Escola de Medicina da Bahia, onde cursou brilhantemente. Em 8 de dezembro de 1889, terminou seu curso de Medicina. Em abril de 1890, nomeado médico do Loide Brasileiro, seguindo viagem até Manaus onde fixou residência.
Foi nomeado pelo Governador do Estado do Pará para exercer umas Circunscrições Sanitárias do Estado, cargo que não aceitou, pois preferia morar em Manaus. Nomeado médico do Exército para servir em Barbacena (Minas Gerais), pediu transferência para Manaus e, não sendo atendido, exonerou-se. Alfredo da Matta se especializou em Medicina Profilática e em Dermatologia. Seu amigo Dr. Francisco de Araújo Lima, na Revista Amazonas Médico de Manaus, Ano VI, página 17, Ano 1944, refere-se a ele:
“[…] Alfredo da Matta é Sócio Bem Feitor da Santa Casa de Misericórdia em Manaus e Honorário e Bem Feitor da Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas. Professor na Cadeira de Higiene e Enfermatólogia dos Cursos de Farmácia da Universidade. Foi Tenente Coronel Cirurgião da Guarda Nacional e Médico do Asilo de Mendicidade. Representou o Amazonas em vários congressos nacionais e internacionais. Foi delegado e Secretário dos Comitês do Amazonas. Foi Membro Fundador da Sociedade de Medicina e Farmácia e de Medicina e Cirurgia do Amazonas da Sociedade Amazonense de Agricultura, do Clube da Seringueira e da Revista Amazonas Médico, da União Acadêmica e do Círculo dos Auxiliares de Imprensa.
As Academias de Geografia Botânica de Mons/Franca e a Italiana de Ciência Físico-Químicas, foi premiado com a Medalha de Ouro pelo seu livro “Flora Médica Brasiliense”. Foi eleito deputado à Assembleia Legislativa do Amazonas, durante os anos de 1916 à 1920, ocupando o cargo de Presidente de 1917 à 1920. Mais tarde foi Senador da República pelo Estado do Amazonas, suas monografias foram em número de 234 quer avulsos quer em revistas nacionais e internacionais, além de vários livros no ramo da Dermatologia. Em 1955, foi inaugurado o Dispensário Alfredo da Matta, em justa homenagem por todo seu trabalho realizado com dedicação e paixão na terra que escolheu para doar seus conhecimentos.
Dr. Armauer Hansen, descobridor do bacilo causador da hanseníase e o médico Alfredo da Matta, patrono do Instituto amazonense. Foto: Divulgação
O Real Hospital Militar da Capitania de São José do Rio Negro
As mais antigas instituições hospitalares da Região Amazônica foram estabelecidas no Pará, nos séculos XVII e XVIII, como a Santa Casa e a enfermaria dos Capuchos da Conceição, em Belém e a dos Capuchos da Piedade, em Gurupá.
Apesar da grande distância dos centros civilizados, o Amazonas também teve um hospital, ainda no século XVIII, de pomposo nome e modestas instalações – o Real Hospital Militar da Capitania de São José do Rio Negro.
A sua descrição está contida no Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro – 2ª Parte – Participação Primeira – Barcelos (1) do insigne naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira, uma expedição científica destinada ao estudo da Amazônia Portuguesa, que saiu de Lisboa, a 1º de setembro de 1783, chegando a Belém, a 21 de outubro daquele mesmo ano, onde permaneceria, visitando a região até 1792.
Fonte: Artigo do Acadêmico Antônio Loureiro, publicado no livro de sua autoria História da Medicina no Amazonas.
O primeiro isolamento do Hospital e do Amazonas
Para se evitar este tipo de contágio, pela primeira vez, em 1784, foi acomodado em um tijupar, no quintal do Hospital, o soldado Albino Joseph, transferido de Tefé, por estar acometido de hanseníase, o mesmo acontecendo com o soldado Simão Joseph, em 1786, os primeiros casos registrados da doença, no Amazonas.
E aqui temos a citação pela primeira vez da existência de doentes de hanseníase vindos de Portugal, de modo diferente, através das forças militares, o que talvez explique como tão rapidamente a doença desapareceu daquele País, nesse século e nos dois anteriores, com o fechamento de quase todas as gafarias (leprosários) e a exportação de seus hansenianos, para as colônias de além-mar.
Leprosário do Paredão do Rio Negro. Foto: Divulgação
A Hanseníase atinge Manaus e o Amazonas em cheio
Assim, as autoridades sanitárias do Amazonas das últimas décadas do século XIX e dos primeiros vinte anos do século XX, cansaram-se de anotar, em seus relatórios, sobre a expansão contínua da doença, em todo o Amazonas, particularmente entre os habitantes dos rios Solimões, Juruá e Purus, e em Manaus, para onde vinham os doentes de todo o interior, na busca de tratamento, o que dava para prognosticar uma verdadeira pandemia, nos anos futuros.
Os doentes eram então tratados nos muitos isolamentos, que existiram em torno da capital, onde se misturavam com os portadores de moléstias epidêmicas, como os de varíola, morrendo mais rapidamente os portadores do Mal de Hansen ali internados.
Em 1920, grande parte deles estava concentrada no Isolamento do Umirisal, em um terreno situado próximo ao Bombeamento de Águas da cidade, o que causava desconfiança de muitos, por uma possível contaminação do líquido fornecido à população, o que de fato não ocorria.
O Umirisal crescera em demasia, tendo, em 1923, mais de cinquenta portadores de hanseníase, habitando casas de palha e barracões de madeira, sem qualquer conforto, e um ambulatório, onde atendiam os médicos Alfredo da Matta e Antonio Ayres de Almeida Freitas. A hanseníase iniciava a sua escalada, na Amazônia, que praticamente dela ficara indene, durante a época colonial.
A miséria dos doentes era tanta, que comoveu a população de Manaus, organizando-se uma subscrição popular, destinada a levantar fundos, para a recuperação da antiga hospedaria de emigrantes de Paricatuba, o que foi conseguido, em 1924, quando o doutor Samuel Uchôa dirigia a Comissão de Profilaxia. Ali se trabalhou durante os anos de 1925 e 1926, e as instalações ficaram perfeitas, após algumas reformas, sendo constituídas por um gigantesco prédio, construído por volta de 1900, para hospedaria de emigrantes, a igreja, a usina de luz, as casas residenciais para funcionários e doentes, o necrotério, a bomba de água e a escadaria do porto, além da bela paisagem do rio Negro, em um de seus lugares mais estreitos.
O Amazonas estava preparado para seguir a política de Belisário Pena; a do isolamento dos doentes em hospitais-colônias, face à explosão da lepra, em todo o País, controlando deste modo a sua maior disseminação. Explosão que acabou determinando anos depois o fechamento deles, pois as internações criaram um ônus incontrolável para o Estado, sendo o Governo Federal o primeiro a se desobrigar desta ação, antes de 1970.
Em 1924, existiam cinquenta internados no Umirisal; 17, no terreno do Tiro de Guerra; uns 50, perambulando pelas ruas de Manaus, sendo ao todo 510, na capital, e mais de 1000, em Antimari, no Careiro, Cambixe, Fonte Boa, Humaitá, Eirunepé, Lábrea e Manacapuru, os municípios mais atingidos.
Em 1926, a administração amazonense estava entusiasmada com a possibilidade da introdução de imigrantes japoneses e poloneses, e o governador Efigênio Sales foi visitar o hospital de Paricatuba, em maio de 1926, acompanhado do embaixador japonês e de outras autoridades, que encantados com aquilo que seria a futura Colônia Belisário Pena, resolveram transformá-la em uma hospedaria de imigrantes, que jamais chegariam, como os do início do século, para quem fora construída.
E assim a transferência dos doentes foi postergada, somente ocorrendo em 1930, quando deixou de existir o Umirisal, sendo seus doentes levados para Paricatuba, na boca da baía da Boiaçu, um verdadeiro relógio astronômico, onde todas as tardes o sol desaparece, nos meses de equinócio, engolido pelo rio. Ali a colônia ficaria ativa por 40 anos.
Apesar da existência de dois leprosários no Amazonas, com a inauguração da Colônia Antônio Aleixo, o número de doentes continuou a crescer, devido ao contágio através das mucosas nasais, bucais e sexuais, às más condições de vida e ao desconhecimento do contágio e da promiscuidade decorrente.
Fonte: Artigo do Acadêmico Antônio Loureiro, publicado no livro de sua autoria História da Medicina no Amazonas.
O escritor pesquisou o que saía na mídia na época da borracha, um trabalho sobre as produções no interior da imprensa amazonense acerca da própria realidade do seringueiro em suas ações cotidianas.
O apresentador Abrahim Baze do Programa Literatura em Foco, gravado na Biblioteca Genesino Braga, recebeu o Professor e Doutor em Teologia e Mestre em História Social pela Universidade Federal do Amazonas, UFAM, Daniel Barros de Lima. Descendente de nordestinos, Daniel Barros de Lima é natural do município de Pedro Leopoldo, estado de Minas Gerais.
Nesta edição, o professor relata em entrevista a história dos seringueiros amazônicos, inspirado na trajetória de vida dos seus avós que foram seringueiros no interior do Acre e do Amazonas, demonstrando o profundo interesse em compreender a formação socioeconômica da região amazônica na história.
Em sua recente obra literária lançada no início deste ano, intitulada ‘O seringueiro na imprensa amazonense: cotidiano e vivências no mundo da borracha 1890 – 1920’ pela Editora Valer, o professor relata um panorama da diversidade e riqueza da imprensa amazonense, promovendo ao leitor o conhecimento sobre as vivências e experiências dos seringueiros amazônicos no período da borracha.
A obra é um recorte da história da migração nordestina para a Amazônia, por meio do que era publicado nos jornais da época, pois investiga as relações de trabalho que os seringueiros estabeleceram na região amazônica. Segundo o autor, não se trata de produzir mais uma análise dessa história puramente do ponto de vista político e econômico e a partir dos registros ditos ‘oficiais’, mas, pelo contrário, apresentar uma história de construção da imagem do seringueiro.
A entrevista contou também com assuntos relacionados a borracha no seu contexto industrial, imigração nordestina que teve sua contribuição, a importância da borracha e os periódicos da imprensa amazonense, entre outros assuntos. Seringueiros, seringalistas e seringais são temas que despertam interesse em mais de 150 anos de existência.
Daniel Barros de Lima, possui Licenciatura Plena em História e Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Nilton Lins. É Bacharel em Ciências Teológicas pela Faculdade Boas Novas (2008). Professor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA para o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR.
É membro do GT Mundos do Trabalho/Am, Associado da ANPUH (Associação Nacional dos Professores Universitários de História) e membro pesquisador da RELEP (Rede Latino-americana de Estudos Pentecostais).
Tem desenvolvido pesquisas no campo da História Social: Imprensa Amazonense e Movimentos Sociais da Amazônia e no campo da Teologia Histórica: Patrística, Reforma Protestante, Cosmovisão Cristã, Pentecostalismos e Imprensa Pentecostal.
É vinculado aos Grupos de Pesquisa de História Social da Amazônia(UFAM) e de História do Cristianismo na América Latina (EST). Nos últimos anos atuou como Professor, Coordenador de Curso e Diretor Acadêmico na Faculdade Boas Novas. Atuou como professor substituto da Universidade Federal do Amazonas – UFAM no Departamento de História na área de Teoria e Metodologia da História. Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, CEST-Tefé, além de atuar na área de Ciências da Religião para o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR – UEA.
Com imagens de Yohane Honda e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
A Amazônia recebia a presença da Panair do Brasil como elo de brasilidade perdida na vastidão do território amazônico.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
O pouso fora feito com segurança e os agentes que representavam a Panair do Brasil em qualquer lugar da Amazônia que se encontravam chegavam a bordo em uma pequena e frágil canoa, era o primeiro contato com aquele enorme avião que trazia passageiros e mercadorias da civilização. Tudo ocorria como previsto, a tripulação permaneceu em seus postos para eventuais emergências e naturalmente fatos inesperados. Havia piranhas em volta da embarcação e naturalmente o perigo era eminente, caso em um acidente a canoa virasse. O avião afastava-se lentamente levado pela correnteza, contudo, com auxílio dos motores era feito a correção, a fim de permitir sua atracação para junto da boia e o hidroavião parou novamente no ponto de translado para desembarque de passageiros e mercadorias.
Foram momentos importantes daquele período com o sentimento de desafio e naturalmente o começo de muitas descobertas. Outro fato interessante era a comunicação por rádio com navios estrangeiros que promoviam o dialogo crescente e de cordialidade, na verdade, uma troca de conhecimento, de emoções e de histórias que por muito tempo fariam parte do imaginário daqueles navegantes com os povos da floresta e de seus visitantes.
Normalmente suas chegadas no interior do estado do Amazonas era no amanhecer e que permitia aquela população ribeirinha assistir ao transitar frenético de passageiros e tripulantes em direção ao flutuante, em meio de pacotes, mercadorias, malas, baús e gaiolas que amontoavam à espera de acomodação no interior do hidroavião, sua tripulação de uniforme azul e branco impecavelmente vestidos, ao mesmo tempo que se ouvia uma passageira contar a lenda do Uirapuru, observava aquelas pessoas que quase isoladas do restante do país aguardavam a lembrança de um parente, uma encomenda, a esperança de um remédio, ou simplesmente a oportunidade de receber notícias de um mundo desconhecido.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Foram muitas as celebrações, que se renovava a cada passagem da Panair do Brasil desde sua chegada inaugural em 25 de outubro de 1933, até sua partida três décadas mais tarde. Na verdade, era a celebração da solidariedade, da amizade e principalmente muitas saudades do encontro de poções diferentes, de pessoas de um mesmo Brasil.
A Amazônia recebia a presença da Panair do Brasil como elo de brasilidade perdida na vastidão do território amazônico:
“[…] Quando o caboclo olhava o céu e nele via cruzar a certeza da boa nova, a resposta para sua espera ouvia apenas a marcação do meio dia, aproximação no meio da tarde e o anunciar do entardecer”.
Fonte: As asas da história. Lembranças da história da Panair do Brasil. 1996. Pág.: 13.
“O Amazonas, sob o impacto de nossa vontade e trabalho, deixará de ser um simples capítulo na história do mundo e, tornado equivalente a outros grandes rios transformar-se-á em capítulo na história da civilização. Tudo que foi feito até agora no Amazonas, seja na agricultura ou na indústria extrativista deverá ser transformado em exploração nacional, discursava o Presidente Getúlio Vargas em 1940, quando de sua visita a Manaus”.
Fonte: As asas da história. Lembranças da história da Panair do Brasil. 1996. Pág.: 15.
A bem da verdade, a Panair do Brasil antecipou-se a este projeto e com muita sabedoria contribuiu nos idos dos anos 40, quando os Estados Unidos da América entraram na guerra e foi firmado o acordo de Washington (1942), no qual o Brasil se comprometia em fornecer borracha, matéria prima estratégica. A campanha da borracha começava e utilizava a estação de rádio da Panair do Brasil em Canafa, Estado do Amazonas, e os planos de viagem da Bacia Amazônica, contratados pela Rubber Development Company.
Fonte: Iden página 15.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Ao sabor do balanço das águas os hidros aviões não se perturbavam diante dos novos desafios. Singravam pioneiros nos ares da Amazônia, acompanhando o serpenteado rios até por medida de segurança. E a cada decolagem, a certeza de um pouso mais distante como quem tem a missão de tocar fundo o coração da floresta. A tarde caia, e com ela o vento trazia o sabor da tarefa cumprida. Era comum, os passageiros alegres, experimentando a recepção afetuosa de parentes e amigos em seguida acomodada na canoa, sumia nas curvas do igarapé, levando consigo a lenda de outros pássaros da floresta.
A tripulação tinha sua bagagem arrumada em outra canoa e preparava-se para mais um pernoite, e o rapaz de uniforme impecável percorria com os olhos a paisagem, possivelmente encantado ou à espera de um canto especial, ao seu lado, um caboclo sorria apenas sorria, agarrado a um pacote que haviam depositado em suas mãos.
O sol tocava o horizonte em uma cena incomparável e mais uma vez testemunhava as expectativas e sonhos dos povos da floresta embarcados num pássaro de prata, cujo, destino estava escrito na sorte de chagar aos lugares esquecidos do Brasil.
O sentimento de desafio daqueles heróis era de grande valia para nossa Amazônia naquele período, sempre cercado por moradores da área, que por curiosidade, permitiam uma crescente cordialidade e naturalmente uma troca de conhecimento, de emoções e histórias que por muito tempo fizeram parte do imaginário dos povos da floresta em especial do jovem Samuel Isaac Benchimol que acabara de completar seus dezoito anos.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Samuel Isaac Benchimol guardava essas lembranças como uma celebração, que se renovava a cada chegada e saída da Panair do Brasil, que fez sua primeira chegada inaugural em 25 de outubro de 1933. A celebração da solidariedade, da amizade e de algumas saudades que ele não cansava de comentar, como se fora ao encontro de poções diferentes de um mesmo Brasil. A presença da Panair do Brasil na Amazônia, de Brasilidade perdida na vastidão do nosso território serpenteado pelas águas. Samuel Isaac Benchimol na sua juventude, sob o impacto do seu primeiro trabalho descreveu um capítulo da sua história da Panair do Brasil.
Foi um período rico da nossa história, ao sabor do balanço das águas, aquele pássaro de alumínio não se perturbava diante de novos desafios e singrava os céus da Amazônia e o serpentear dos rios e a cada decolagem a certeza de um novo pouso em um espaço mais distante da Amazônia. Foram muitas vezes que a tripulação da Panair do Brasil fazia seu pernoite em alguma cidade da Amazônia e, mais uma vez, testemunhava expectativas e sonhos dos povos das barrancas dos rios, fatos como esses marcaram profundamente o início da carreira profissional do jovem Samuel Isaac Benchimol.
O apego à vida laboriosa mostrava o que seria, mais tarde, aquele jovem. Ele acreditava no itinerário de vida, explorando ações empreendedoras procurando construir o próprio caminho. Rica e intensa foram suas experiências despachante de bagagem da Panair do Brasil.
[…] Relembro com saudade e emoção que neste tempo eu era humilde despachante de bagagem da Panair do Brasil, exercendo funções no flutuante ao lado Roadway da Manaós Harbour onde atendia os passageiros dos hidros aviões da Panair e da Pan Amarican, que transportavam borracha dos seringais para suplemento das Forças Aliadas na Guerra. Trabalhava no expediente da madrugada, das 3horas às 6horas da manhã. Às 7horas já estava na Faculdade de Direito assistindo aulas. Era meu companheiro de trabalho Francisco Xavier de Albuquerque, que fora Ministro do Supremo Tribunal Federal. À noite lecionava Economia Política na Escola de Comércio Solon de lucena.
Fonte: BENCHIMOL, Samuel. Amazônia: Um Pouco-Antes e Além-Depois. Manaus: Calderaro, 1977. Pág.: 31 e 32.
O porto situado as margens do Rio Negro, era naquele período a porta de entrada daquela cidade. Cercado de prédios construído no período do látex, emoldurado pelo verde da mata. É nesse espaço físico que brota o aprendizado nas vertentes da vida e que proporcionaria uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da cidade de Manaus.
A obra ‘Canumã’ é considerada o primeiro romance escrito por um indígena do povo Mundurukus.
Apresentado por Abrahim Baze, o Programa Literatura em Foco recebeu nesta edição na Biblioteca Genesino Braga, o professor da rede pública estadual e indígena Mundurukus, Ytanajé Coelho Cardoso. Nascido aldeia Kwatá, no município de Borba, o professor e escritor indígena relata durante entrevista a preocupação em manter a língua nativa do povo Mundurukus, especialmente dos anciões que são poucos. Preocupado com a perda dessas vozes ancestrais, o professor usa estratégias para manter esta tradição viva.
O autor do livro “Canumã: A travessia”, visa dar voz aos povos que habitam a aldeia Kwatá, no município de Borba, misturando ficção com lembranças da infância na região. Publicado pela Editora Valer, o livro surgiu a partir das pesquisas de graduação de Ytanajé. Tradicionalmente o povo de etnia Mundurukus é pertencente a região do Alto Tapajós que se concentra majoritariamente na Terra Indígena de mesmo nome, com a maioria das aldeias localizadas no rio Cururu, afluente do rio Tapajós, região conhecida como Mundurukânia.
O livro de ficção, intitulado “Canumã: A Travessia”, é um romance que apresenta uma linguagem de uma narrativa estruturada, que enfatiza o papel dos anciãos, a ameaça do desaparecimento da Língua Munduruku com a morte dos velhos e a vida na comunidade. Ytanajé traz para o leitor, numa linguagem simples, tanto divertida quanto trágica, o conhecimento da cultura, o dia a dia, as relações de amor, de amizade e da infância.
Ytanajé Coelho Cardoso, é Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Mestrado em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas. Graduação em Letras – Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Amazonas. Foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, desde a graduação até o doutorado.
Professor da Secretaria de Educação e Desporto do Amazonas (SEDUC), desde 2016. Atuou como professor substituto e colaborador dos cursos de Pedagogia Intercultural Indígena, da Universidade do Estado do Amazonas, desde 2017. Faz parte do Núcleo de Estudos de Linguagens da Amazônia – NEL- AMAZÔNIA (UFAM) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Escolar Indígena e Etnografia (UEA).
A Reverendíssima Madre Rosa Gattorno foi fundadora da Ordem Religiosa das Filhas de Sant’Anna.
No dia 6 de outubro de 1831, na cidade de Genova, nascia Rosa Benedicta Gattorno, filha do sr. Francisco Gattorno e da Senhora D. Adelaide Campanela, casal ilustre que pelas suas excepcionais qualidade e pela sua fortuna, ocupava um lugar de destaque no seio da sociedade Genoveza.
Nascia assim a fundadora das Filhas de Sant’Anna, abandonando as vaidades do mundo e o conforto de suas riquezas, logo nos primeiros das de sua vida, deu-se ao culto da virtude. Não impediu a sua piedade de abraçar a vida conjugal, por isso fez-se esposa exemplar, depois mãe Cristã. Estava, porém, reservado a Rosa Gattorno o golpe da viuvez, ato que ela suportou com grande resignação.
Aos 27 anos de idade, em boa hora inspirada para a realização de uma grande obra religiosa, desenvolvendo os impulsos do seu coração generoso que se formava para a nobre função de ser mãe espiritual de inúmeros filhos, fundando desta forma a Congregação das Filhas de Sant’Anna, destinada a difundir como o maior ardor a caridade cristã.
A 8 de dezembro de 1866, Rosa Gattorno, fundava em Roma o seu instituto das Filhas de Sant’Anna. Cinco moças apenas constituíram a comunidade que a iniciava. No início quis Rosa Gattorno chamar de Filhas da Imaculada. Mais tarde, com a inspiração devida, passou a chamar-se definitivamente Filhas de Sant’Anna começam desta forma com cinco moças consagradas a Deus, a sua pequena obra que se tornou tão grandiosa depois, amparando e instruindo, com espetacular zelo e edificante dedicação e, assim desta forma os jovens desprotegidas de sorte tiveram nas devotadas Filhas de Sant’Anna, um amor e uma proteção decidida.
Não faltavam porém os duros sacrifícios, as provações dolorosas com que sempre se distinguem as obras do Senhor.
Da esquerda para a direita: Irmã Maximila, Irmã Miquelina Cazirague, Irmã Celestina, Irmã Helena, Irmã Maria Auxiliadora P. Rodrigues, Irmã Domitila – 1974. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
De sacrifícios e provações dolorosas, de grandes desejos foram os primeiros dias de ordem, a Madre Rosa Gattorno, cada vez mais se enchia de coragem para lutar e consolidar sua obra. Por todos os modos, os inimigos de Deus e os perseguidores da Religião atentam contra a obra de Rosa Gattorno, inclusive ateando fogo à sua casa, em Foligno, que esteve na eminência de ser devorada pelas chamas.
É a figura destemerosa e abnegada da Madre Rosa Gattorno que, com o perigo de vida, enfrenta as chamas e extingue o incêndio, a quem se deve a salvação de todos.
Animado de um grande entusiasmo que parecia sobrenatural, “Rosa Gattorno” sorria diante dos maiores obstáculos e dia confiante: “Se o instituto vivesse sem embaraço, era o caso de dizer-se que não era obra do senhor.”
E todavia a obra prosperou. Ampliou-se, difundiu-se a princípio pela Itália, Piaceuza, Foligno, Corte Maggiore, San Piero Areno, Pistoia e Pisa, que foram os primeiros campos de ação das Filhas de Sant’Anna depois pela Espanha, Peru, Bolívia, Alemanha, França, Inglaterra, África, Egito e etc.
Poucos anos depois da Fundação de sua obra, via Rosa Gattorno que se realizava a profecia do Santo Padre Pio IX “O teu instituto, Rosa, se ampliará como o voo da pomba.”
A 6 de maio de 1900, às 9horas em um quarto, Rosa Gattorno dava ao nosso Deus a sua alma depois de uma vida cheia de bons serviços a causa de Deus e da religião.
Então terminados os meus padecimentos, dizia a Madre Rosa Gattorno na hora em que partia desta visa para o encontro definitivo com Deus. Rosa Gattorno, depois de deixar bem consolidada sua obra, que se desenvolve em quase todo o mundo, morria em santidade.
Revma. Madre Rosa Gattorno. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Rosa Gattorno – 30 anos depois
A irmã Rosa Gattorno foi sepultada em Verano, na Itália completando 30 anos do seu enterro, ao ser feita a exumação dos seus ossos foi encontrado seu corpo em perfeito estado de conservação, como descreve o Giomole d’Italia de Roma em 17 de fevereiro de 1932.
[…] Quando há dias conforme foi anunciado se procedeu ao reconhecimento em Verano, do corpo de Madre Rosa Gattorno, fundadora da Ordem das Filhas de Sant’Anna, falecida em 1900 pareceu as pessoas presentes que estivesse em estado de decomposição, pelo aspecto de suas vestes e demais despojos do caixão mortuário, entre os quais um grosso cobertor de lã que envolvia o cadáver. Este foi logo transportado para um comportamento do Departamento de Observações e, lá foi deixado sob guarda, uma vez que se tratava de uma religiosa, cujo, processo de beatificação seria iniciado.
BAZE, Abrahim. 127 anos de história (1873-1898) Real e Benemérita Sociedade Portuguesa do Amazonas. Manaus, Editora Valer, 1998. Pág. 219.
A irmã da casa geral da rua Merulana, tendo previamente obtido a necessária licença do vigário-geral com todas as formalidades prescritas pela igreja em tais casos, quiseram aliviar o corpo de sua Madre Fundadora dos despojos impuros que o envolviam há mais de 30 anos no túmulo. Este ato importante para a igreja foi assistido também pelo Conde Barbieline, neto de Madre Rosa Gattorno.
Quando o corpo foi piedosamente levado, ficou constatado, com admiração de todos, que não só a morte não havia desfigurado, como também ele conservava intacta a flexibilidade de todos os seus membros.
Intactos do mesmo modo os lábios, o nariz, as pupilas, como observou o próprio Barbieline. Foi portanto, fácil as boas irmas tornar a vestir o corpo, que não exalava o menor mal cheiro, no novo hábito da ordem, pondo-lhe luvas nas mãos que cediam a operação, flexíveis como se estivessem vivas. Este acontecimento verdadeiramente extraordinário e incontável, foi observado por todos quantos presenciaram a vestição inclusive o médico assistente.
O corpo que parece ter se purificado, sereno o rosto como se estivesse dormindo, foi colocado em novo sarcófago e provisoriamente posto na capela dos irmãos no Verano, esperando que se procedessem as indispensáveis formalidades para ser transportado até a igreja da rua Merulana.
A irmã Rosa Gattorno foi sepultada em Verano, na Itália, completando 30 anos do seu enterro, após exumação. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
As irmãs de Sant’Anna e a Beneficente Portuguesa
A comissão de Exame de Contas sugere a admissão de uma ordem religiosa para a direção e orientação do hospital, com grande veemência, conforme fica exposto neste tópico.
Era intuito nosso apresentar novamente a apreciação da ilustrada Assembleia Geral a ideia da admissão, no nosso hospital das Irmãs Hospitaleiras, ideia já sugerida pela comissão nossa antecessora. E não desistiríamos do nosso próprio, se por ventura a esta hora se não achasse essa ideia convertida já num fato prestes a realizar-se.
Consideramos está como uma das mais acertadas medidas que a digna assembleia podia ter adotado e, por isso nos congratulamos com ela.
Da adoção desta medida devem advir, para a nossa sociedade, vantagens de incalculável valor, atentos os inúmeros benefícios que essas heroínas do Bem, da abnegação e da caridade tem prestado a instituições congêneres desta.
Cremos que num futuro muito próximo os relatórios desta sociedade testemunharão essa grande verdade eliminando por completo deste espírito sistematicamente retrógrado as apreensões que já tem salvado uma prevenção erroneamente adversa, injusta e, inconscientemente contrários aos princípios professados por aquela classe de criaturas, que uma santa fé e acrisolada crença impele para os hospitais para os campos de trabalho, para toda parte onde há dor e miséria que elas possam combater ou suavizar.
1904 marca a chegada das Filhas de Sant’Anna
No Brasil e em outros países elas já vinham prestando preciosa assistência aos estabelecimentos hospitalares e educacionais.
O historiador da Ordem, segundo a tradição o Padre Argentino Grescou, em língua italiana, assim se manifesta sobre a chegada e o início das atividades das religiosas:
[…] Era o dia 29 de novembro de 1904, quando as primeiras “Filhas de Sant’Anna, vestidas com seus veneráveis hábitos pretos desembarcavam da Baia do Rio Negro, para tomar conta da Beneficente Portuguesa.
A presença das religiosas, chegadas em Manaus, despertou uma mistica alegria em toda a povoação e a imprensa interprete dos sentimentos comuns externou a comum satisfação dando as boas vindas as Beneméritas Irmãs e alegrando-se com as autoridades públicas.
Manaus, a bonita rainha do Rio Negro, a terra dos antigos índios Barés e Manaus, capital do Amazonas, o maior estado da confederação Brasileira, chama-se na metade do século passado, Cidade da Barra e começou sua vida, e, 1853, com a navegação a vapor. Com a abertura do Amazonas a navegação internacional, em 1886, começou a ascensão aquele fantástico desenvolvimento que em 1910 chegou no máximo e deu-lhe o título de Capital do Caucho.
**BAZE, Abrahim. 127 anos de história (1873-1898) Real e Benemérita Sociedade Portuguesa do Amazonas. Manaus, Editora Valer, 1998. Pág. 221.
Irmã Fedelle junto ao ex-presidente da Beneficente, comendador José Cruz. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Em 1904, quando chegaram as primeiras Filhas de Sant’Anna era Manaus só uma cidade em formação, com um aglomerado de povos heterogêneos, em raças, civilização e religião, por conseguinte o campo que se apresentou as abnegadas irmãs era imensamente vasto, pois havia apenas uma única casa de cura e, logo com todo o ardor e entusiasmo de mulheres jovens jogaram-se na árdua da ação da caridade, em todo o fecundo apostolado das obras de misericórdia.
Bem cedo as autoridades e os cidadãos todos apreciavam a ação que em silêncio operavam as humildes heroínas, verdadeiros anjos do bem não só nos corredores do público hospital aos doentes infelizes, inábeis, mas também, nos grandes solos e nas escolas, no meio dos humildes e desamparados.
De fato, em 1904, encontramos as beneméritas religiosas a assistir as duas principais casas de caridades públicas dependentes do Governo do Estado. Quanto a colônia portuguesa, sua situação privilegiada e seus propósitos comunitários, assim se expressa o historiador italiano.
Atualmente em Manaus, existem poucas casas de saúde, mas as principais são a Santa Casa de Misericórdia, isto é, o hospital civil e seu semelhante, o hospital Beneficente Portuguesa, que pertence a uma sociedade cujos componentes são todos portugueses.
Estes em Manaus, foram a colônia mais importante que muito honra a terra deles.
Os portugueses, embora muitos estão bem unidos entre si e otimamente organizados. Podemos dizer que a indústria e comércio estão nas mãos deles. Desde 1870 os ricos e mais inteligentes das colônias, querendo imitar os outros cidadãos das demais cidades do Brasil e das colônias, projetaram a construção de um hospital modelo que pudesse hospedar doentes da importante colônia, ou mesmo nacionais e estrangeiros.
As primeiras irmãs
Depois de muitas gestões de diretorias sucessivas, coube ao presidente Comendador José Cláudio Mesquita, o privilégio de ultimar o convento com os superiores da Ordem para que a Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas recebesse os serviços e a assistência hospitalar das Irmãs Filhas de Sant’Anna, conforme esclarece a ata.
Esta honra é devida, a direção em exercício do ano de 1904, cujo, presidente, Comendador José Cláudio Mesquita, comunicou que aos 30 de julho estavam concluídos os acordos e os compromissos com as Venerandas Filhas de Sant’Anna e que 3 irmãs da Santa Casa de Misericórdia, sob a obediência da Superiora daquela Casa, tinham assumido a administração interna do hospital. A direção, em seguida comunicou-se com a Madre Geral do Instituto em Roma para conseguir as religiosas. Estas aos 29 de novembro de 1904 chegaram em Manaus e, no dia seguinte as irmãs, isto é, uma superiora, a farmacêutica e sete enfermeiras tomavam posse do hospital.
A irmã superiora chamava-se Ana Aureliana Fanelli que dirigia a seguinte equipe: Farmacêutica Irmã Ana Clemente Maggioni e as enfermeiras Ana Gregoria Villa, Anna Simplícia Levallo, Ana Maria Garilli, Ana Rebaldini Valsecchi, Ana Verediana Artuso, Ana Eufrasia Allegri e Ana Amália Gaglio.
S. Ana Maximila, S. Ana Paula da Costa, S. Ana Helena da Silva, S. Ana Maria do Socorro, S. Ana Domitila e S. Ana Ambrozina Viana de Souza. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Benefícios da presença das Filhas de Sant’Anna
O aspecto, o funcionamento, a atmosfera hospitalar sofreram grande e benéfica transformação com a presença e as atividades solicitas das Irmãs de Sant’Anna, conforme o insuspeito testemunho do cronista:
Revelaram-se logo verdadeiros anjos de candura, de paz e de caridade, verdadeiras apóstolas do bem, converteram os corredores, as salas, os ambientes todos numa atmosfera nova, mística onde reinava a ordem, o asseio, a exatidão, a economia, o amor, a virtude e o sacrifício.
Deste momento, a permanência das Filhas de Sant’Anna confunde-se com os contínuos progressos da Beneficente Portuguesa e, na história é uma verdadeira epopeia de amor e de sacrifício ao bem da humanidade sofredora e de apego ao hospital ao qual as abnegadas religiosas assistiam e ao qual procuraram sempre a honra e a glória.
Desde 1904 até hoje caem espontâneos como chuva, atestados de estima, gratidão e simpatia as religiosas deste hospital, não só por parte das autoridades dirigentes da Casa, mas, também por parte mesmo dos internados que recuperavam a saúde do corpo e muitos, através do zelo das religiosas, também aquela mais preciosa, saúde da alma.
Se pegarmos o álbum dos visitadores e dos doentes que se encontrava na portaria a disposição de todos poderíamos constatar e examinar as belíssimas impressões que deixaram registradas, mentes inteligentes e cultas de nacionais e estrangeiros que visitaram o hospital, mas, principalmente os números atestados por um considerável número de doentes que, ao ficarem bons, quiseram testemunhar a gratidão, o reconhecimento, a estima, a veneração deles às dedicadas abnegadas religiosas do hospital da Colônia Portuguesa.
O heroísmo e a consagração das Filhas de Sant’Anna no exercício das suas beneméritas funções de obreiras do bem, estão bem delineadas e registradas nos seguintes tópicos da crônica já referida do historiador da Ordem:
O primeiro relatório da Diretoria de 1905 que se refere as religiosas, declara que pela morte de uma das irmãs, de acordo com o respectivo contrato, foi obrigada enviar a Roma a importância, vista, para a passagem completa de uma outra irmã, que devia substituir a falecida.
As filhas de Sant’Anna das outras casas de Manaus já tinham pago o tributo ao clima insalubre do Amazonas. Já várias sepulturas tinham sido aberto no Cemitério Público de São João Batista para recolher os restos mortais de várias religiosas, tombadas no cumprimento do dever e na flor da idade. A mesma capital, Manaus, não foge das epidemias comuns aos afluentes e confluentes do grande rio.
O clima quente úmido, os grandes e muitos lagos, lamaçais e lugares baixos são causas de muitas doenças especialmente a febre amarela.
Dom João de Souza Lima, Arcebispo de Manaus. Irmã Celestina Manço, Superiora, e Comendador José Cruz, presidente da Beneficente – 1984. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Quem mais sofre são mesmo os estrangeiros que, depois de pouco de permanência no Amazonas percebem o fígado inchado e a vesícula inchada, sintomas de péssimas consequências. A mulher mais facilmente que o homem, neste clima ruim envelhece precocemente sob o peso de inúmeros sofrimentos. As religiosas da Beneficente Portuguesa poucos meses após a chegada delas, viram falecer a jovem irmã Veridiana.
Adoecida de febre amarela para nada valeram os diligentes cuidados das colegas, para nada a dedicação dos médicos e as descobertas científicas. Em dezembro de 1906, irmã Veridiana confortada com os santos Sacramentos entre as lágrimas das irmãs inconsoláveis entregava sua vida e alma e seu Divino Esposo. Como são diferentes os desígnios de Deus dos seus escolhidos!
A irmã Veridiana com todo o entusiamo de um coração jovem tinha saído da Itália, atravessou os mares com o desejo de dedicar toda a sua vida a caridade para consolar infelizes, enxugar lágrimas. Mas Deus bem cedo veio buscar esta flor bonita para transplantá-la no seu celestial jardim, o Paraíso.
As irmãs muito sentiram a perda irreparável, mas, gostaram bastante em ver as homenagens, a estima, o afeto, a gratidão que a direção, o corpo médico, os funcionários todos do hospital e todos os amazonenses prestaram a saudosa falecida.
Para substituir a irmã falecida chegou da Itália irmã Evarista. Outras beneméritas irmãs adoeceram de graves doenças, por exemplo, irmã Elísia, que em 13 de julho de 1907 foi transferida para o Ceará em tratamento de saúde. Depois de uns dias faleceu.
Apesar das inúmeras benemerências das Filhas de Sant’Anna no Hospital Beneficente Portuguesa e o respeito e a simpatia que elas gozavam da direção e da Colônia, as irmãs em 1910 tiveram que sofrer um bocado por causa de uns espíritos jacobinos que participavam da diretoria. Estes achavam demasiada a religiosidade das irmãs entre os doentes. Chegou-se a atos muito hostis contra a consciência religiosa das irmãs e talvez sem saber se chegou a prejudicar a sua ação sacerdotal.
Mas, deve-se dizer pelo amor a verdade que estes desenvolvimentos eram infundados. E a pequena luta não saiu do hospital. As irmãs, porém, cientes da retidão delas reagiram enérgicas e dignamente logo triunfaram diante da luz meridiana dos fatos.
Estas divergências, muitas vezes necessárias e benéficas, serviram para confirmar o espírito de sacrifícios das Filhas de Sant’Anna, verdadeiros anjos de consolo, de modo que a diretoria e os sócios do hospital Beneficente Portuguesa sentiram-se mais presos as queridas irmãs.
Tal afirmação não é gratuita, nem exagerada.
Em seguida a Proclamação da República, 5 de outubro de 1910, em Portugal, acendeu-se no ânimo de miotos portugueses o espírito liberal exagerado e por isso não só em Portugal houve uma perseguição religiosa, mas, também nas colônias portuguesas.
Os portugueses de Manaus não ficaram isentos deste espírito republicano nem entre os componentes da Direção do hospital de colônia, que em Manaus formava a elite a sociedade. No meio de tal fanatismo de republicanos franco-maçônicos o primeiro deles (sois portugueses) foi a completa laicização do hospital. A primeira coisa, naturalmente era afastar as irmãs e depois tirar todos os símbolos da religião católica. Conforme o programa dos mais fanáticos, muitas coisas deviam-se modernizar no hospital Beneficente Portuguesa. Mas perante a realidade do fato e, depois de razões econômicas e considerando a virtude, a abnegação, o fanatismo republicano de uns entre os mais exaltados foi completamente apagado. E a direção naquele ano deixou arquivado um documento que para Filhas de Sant’Anna vale o maior dos elogios, que honra não só a casa Beneficente Portuguesa, mas, toda a família religiosa das Filhas de Sant’Anna. Eis por inteiro o celebre documento.
Era nosso desejo que o serviço do hospital fosse tirado as irmãs correspondendo desta maneira não só ao espírito liberal da maior parte de nossos sócios, como de fato demonstraram em várias assembleias, mas, ainda teria se tirado aquele caráter religioso que muitos pensam que o nosso tenha pelo fato de ser serviço entregue aos cuidados de membros de congregação religiosa. Mas podemos garantir que a finalidade exclusiva das irmãs é somente a assistência aos doentes, não tendo nenhuma influência o culto religioso … Enfim, a impossibilidade de conseguir uma outra turma de enfermeiras para substituí-las nos impediu de fazer, continuando, portanto, com as religiosas.
Mas já que nós nos referimos às irmãs, aproveitamos, da oportunidade para ressaltar com quanto afeto e amor continuam a ser afeiçoadas a sociedade se mostrando desinteressadas e cheias de boa vontade em nos auxiliar para o equilíbrio financeiro da administração, fazendo concessões favoráveis sobre certos direitos pecuniários que por direito do contrato vencido a sociedade se encontra devoradora.
E ainda para confirmar em que consideração se veneradas Filhas de Sant’Anna (GATTORNO) eram tidas na direção, eis que se lê na relação anual de 1910. A administração interna do hospital continua sob os cuidados das irmãs Filhas de Sant’Anna. Esta direção cumpre com seu dever registrando nestas páginas a admirável abnegação com que as irmãs prestaram os serviços delas nesta Casa. O espírito de caridade que as anima no desempenho das próprias missões, nunca foi visto ofuscado da mínima sombra. Missionarias do bem, são inspiradas somente a beneficiar e embora nesta época a administração fosse agitada de mil problemas econômicos, para a remuneração que lhe era devida, as irmãs com sublime desinteresse, eliminaram as dificuldades.
Estes atos tão nobres que revelam grandeza de ânimo devem ser apresentados como magnânimo exemplo para o aperfeiçoamento de todos.
Quem foi a primeira superiora? Irmã Ilária.
Se não aqui seria (bom) necessário não só nomeá-la, mas também fazer um pequeno esboço de vida, dizendo quanto tempo permaneceu, suas especiais atitudes, suas virtudes civis, religiosas e assim por diante.
Irmã Ilária, uma figura clássica de Filhas de Sant’Anna que em Manaus honrou muitíssimo seu Santo Instituto foi Irmã Segalini que por 12 anos foi superiora no Hospital Beneficente Portuguesa. De reconhecida virtude e austeridade, a digna superiora não só era amada por suas queridas irmãs, mas, muito que se sucederam no tempo de seu superiorado. De palavra simples e leal, era verdadeira apóstola do bem nos vários ambientes do hospital, conforme o coração da Santa heroína fundadora Rosa Gattorno, ela recomendava as irmãs Deve brilhar mais a sólida virtude e a fecundidade das obras do que a humana esperteza. Em seus anos, os inúmeros serviços feitos ao hospital atraíram-lhe a estima e a simpatia de todos, não só no ambiente hospitalar, mas, também com as principais famílias da cidade, relacionadas com a importante casa da saúde.
O hospital da brilhante colônia portuguesa de Manaus sob a vigilância das Filhas de Sant’Anna, tornou-se cada vez mais renovado em todo o estado e o crescente serviço sanitário, requeria contínuas melhoras nos vários locais da casa. Nisso também as beneméritas religiosas concorreram para o aperfeiçoamento.
Com efeito, em 1912 o hospital enriquecia-se de um pavilhão de necessidade imediata. Era a capela, isolada do outro ambiente do hospital para o livre serviço das irmãs e dos membros internos. A antiga capela não correspondia mais às exigências da casa. Era apenas uma sala, pequena, escura, anti-higiênica para o clima de Manaus, encostada ao aposento das religiosas.
Irmã Ilária, conhecendo seu prestígio pessoal e o respeito e simpatia desfrutados pelas Irmãs ante os dirigentes do hospital e a sociedade, obteve da direção da casa permissão para dar início e uma coleta de recursos financeiros para construir uma capela no âmbito do hospital, não só para comodidade do seu grupo de religiosas, mas também, para permitir uma maior liberdade de consciência para os pensionistas internos.
O piedoso projeto foi plenamente aprovado pela direção e, as abnegadas Irmãs, conseguindo dinheiro necessário, levaram a termo a construção de capela, que foi benzida no dia 6 de outubro de 1912.
O generoso coração da Irmã Ilária estava felicíssimo. E aqui, para testar seus grandes méritos, como prova mais eloquente, temos as expressivas palavras da direção que, no ano de 1920, viu sua partida rumo ao Pará e que assim se exprimiu no seu relatório anual.
O serviço interno da Casa continua confiado a habilidade, a diligência e ao zelo das Irmãs filhas de Sant’Anna, as quais, no desempenho de suas atividades assistenciais, sempre mostraram uma retidão insuperável, permanentemente dispostas, atenciosas e diligentes em cuidar dos enfermos.
Em maio de 1920, Irmã Ilária foi transferida pela sua congregação para o vizinho Estado do Pará, ela que, por muitos anos prestou imenso e inumeráveis serviços a nossa instituição. Em ocasião de sua saída, esta direção deu a supra-louvada superiora os melhores atestados de consideração, que, sem dúvida, encontraram boa morada em seu nobre espírito.
Irmã Clemente Rizzi – O mesmo ato oficial refere que irmã Ilária Segalini foi substituída em seu cargo de superiora por irmã Clemente Rizzi que, aqui chegou no fim de abril. A nova superiora manifestou-se logo uma continuadora das virtudes e da competência daquela a que sucedeu, tais são as provas que deu seu correto desempenhar de seu cargo.
Para completar o delicado perfil de bondade de sutil dedicação da boa superiora, irmã Clemente Rizzi, que por idade e graves doenças foi transferida ao hospital homônimo do Estado do Pará, eis como se expressa a relação da direção do ano de 1920 acerca da D. D. Superiora: Continuam as filhas de Sant’Anna administrando internamente nosso hospital, exercendo seu ofício maneira a merecer nossos mais significativos elogios, mas, é agradável declarar publicamente que em nossas irmãs enfermeiras se encontram exemplo de dedicação e de abnegação que dificilmente encontraríamos fora das coletividades religiosas. Na metade do ano de 1926, por ordem superior da congregação das Filhas de Sant’Anna, deixou a direção interna desta casa a Superiora irmã Clemente Rizzi. A direção do hospital despediu a superiora irmã Clemente com sinceros manifestações de estima e de afeto oferecendo-lhe um presente como lembrança pelo fato de ter-se comportada como diretora caridosa e diligente, vigiando como o maior cuidado os interesses e o bom nome da casa.
Tal elogio, saído da lapiseira dos componentes da alta direção da Beneficente Portuguesa, nem sempre favoráveis católicos, vale um cumprimento em honra da irmã Clemente, atribuindo testemunho e justiça a suas mais belas virtudes sociais que saem da moral e da formação religiosa do espírito das beneméritas Filhas da grande Genoveva Rosa Gattorno. E bem assim merecia a boa e humilde Superiora Irmã Clemente Rizzi, pois durante seu superiorado no hospital da colônia portuguesa de Manaus, foi modelo da irmã de caridade e de superiora. E sua bondade de dedicação e humildade, unidas a sua operosidade, encoberta de sua modéstia, era de incentivo ao apostolado do bem de suas queridas irmãs, como também, atraia sobre sua congregação religiosa o respeito e a veneração.
Embora ultrapassando o período que estamos historiando, é de todo oportuno e de alta justiça que se consigne este testemunho do cronista sobre o impressionante papel de consagração apostolar dessas religiosas no desempenho de sua missão.
Estes testemunhos são atestados evidentes do quanto deve a Sociedade Portuguesa Beneficente as irmãs Filhas de Sant’Anna, atualmente sob a égide da Superiora Irmã Fedelle Guimarães, religiosa de elevadas qualidades intelectivas, morais e espirituais, cuja, reconhecida modéstia a impediu de oferecer novos subsídios sobre sua obra notável e de suas comandadas.
BAZE, Abrahim. 127 anos de história (1873-1898) Real e Benemérita Sociedade Portuguesa do Amazonas. Manaus, Editora Valer, 1998.
Maria Callas, artista mundialmente conhecida, possuía de uma voz poderosa e com uma amplitude fora do comum, que contribuiu para reacender a grandeza da ópera, considerada uma das expressões artísticas mais completas que existe, representando a junção da música vocal e instrumental, com a arte dramática e as artes visuais.
Em comemoração ao centenário de Maria Callas, a Academia torna público, que estão abertas as inscrições do Concurso Literomusical Maria Callas, no período de 22 de abril a 22 de maio de 2024.
O concurso está sendo realizado por meio do Termo de Fomento nº 63/2023 celebrado com o Governo do Amazonas / Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, cujo recursos são provenientes da Emenda Parlamentar de autoria da Deputada Alessandra Campêlo.
No edital estão estabelecidas as regras gerais e específicas para a seleção, tendo como objetivo de incentivar os candidatos a exercitarem a pesquisa e a escrita que serão divulgadas nas edições da Academia; estimular o ingresso dos candidatos nas próximas edições de concursos e promover a vivência nas atividades acadêmicas com os membros da entidade literária máxima do Amazonas. O edital completo do concurso está disponível no site da Academia Amazonense de Letras.
As redações/artigos deverão versar o tema “A trajetória artística de Maria Callas”, podendo participar da seleção pública prevista neste Edital, alunos do Ensino Médio, Universidades e Faculdades, apreciadores e pesquisadores da literatura e da música.
As premiações serão em espécie, em valores monetários, conforme estabelecido no edital para os classificados em primeiro (valor bruto de R$ 1.000,00), segundo (valor bruto de R$ 800,00) e terceiro lugar (valor bruto de R$ 600,00).
Para o Presidente da Academia Amazonense de Letras, Aristóteles Alencar, o Concurso Literomusical é a homenagem a uma virtuose do canto lírico. Considerando a música como umas das maiores expressões artísticas, Maria Callas foi no século XX, uma de suas maiores representantes. No centenário de seu nascimento é importante que ela seja lembrada e conhecida pelas novas gerações.
As inscrições são gratuitas e estarão abertas no período de 19 de abril a 20 de maio, realizadas em etapa única, em formato online disponível no site da Academia Amazonense de Letras.
Maria Callas, nascida em Nova Iorque, em 2 de dezembro de 1923, foi uma soprano greco-americana. Os críticos elogiavam sua técnica bel canto, sua voz de grande alcance e suas interpretações de profunda análise psicológica, caráteres que a levaram a ser saudada como La Divina. Seu tipo vocal era classificado como o raríssimo soprano absoluto. A artista faleceu em 16 de setembro de 1977, aos 53 anos, em seu apartamento em Paris em decorrência de um ataque cardíaco. Suas cinzas foram jogadas no Mar Egeu.
Para mais detalhes, o candidato poderá entrar em contato com Academia Amazonense de Letras através dos telefones (92) 99227-6728 ou por e-mail: [email protected]
Orientações sobre alimentação e assistência à saúde do idoso foram destaques nesta edição.
Gravado na Biblioteca Genesino Braga da Academia Amazonense de Letras, o apresentador Abrahim Baze, recebeu nesta edição do Programa Literatura em Foco, o médico especialista na área de gerontologia e reitor da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), Dr. Euler Ribeiro.
A entrevista abordou diversos temas relacionados à pessoa idosa como a qualidade da alimentação e os cuidados com a saúde, segundo o Dr. Euler Ribeiro, são pilares que proporcionam maior qualidade de vida nessa faixa etária incluindo também a saúde mental, prática de atividades físicas, atividades em grupo, apoio familiar, entre outros.
A obra literária “A Vida se Conta” do Dr. Euler Ribeiro, lançada na Academia Amazonense de Letras, apresenta em seus conteúdos uma proposta sobre um envelhecimento saudável baseado em sua vasta experiência na área da Gerontologia.
Natural do município de Itacoatiara, Euler Ribeiro é médico, doutor em Medicina e Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS) e PhD em Geriatria e Gerontologia.
É Membro Efetivo da Cadeira número oito da Academia Amazonense de Letras e Atualmente, Reitor da FUnATI, professor titular da UEA e coordenador do Curso de Pós-graduação em Gerontologia e Saúde do Idoso da Escola Superior de Ciências da Saúde da UEA.
Com imagens de Nélio Costa e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Ao longo dos anos esta Instituição também cumpriu e vem cumprindo uma importante função no cenário das artes plásticas com exposições e lançamentos de livros.
A criação de um museu é um acontecimento consagrado, um lugar de memória e que permite rememorar ao seu visitante um imaginário não vivido por ele em seu período de vida. Na verdade trata-se de uma herança cultural permitindo a dimensão pedagógica que ultrapassa seu caráter de apenas agente conservador da memória.
Infelizmente, algumas pessoas acham que o museu é um lugar velho e que permite guardar coisas velhas. Isso acontece principalmente em relação aos museus conhecido principalmente como históricos. No entanto, se o visitante procurar fazer relações entre aqueles objeto de um outro período ali expostos, esta forma de pensar muda e ganha sentido em viver aquele espaço e a comunicação entre o tempo passado e o visitante.
“[…] É de conhecimento corrente que a palavra museu origina-se na Grécia Antiga. Mouseion denominava o templo das nove musas, ligadas a diferentes ramos das artes e das ciências, filhas de Zeus com Mnemosine divindade da memória. Esses templos não se destinavam a reunir coleções para a fruição dos homens; eram locais reservados à contemplação e aos estudos e aos estudos científicos, literários e artísticos. A noção contemporânea de museu, embora esteja associada à arte, ciência e memória, como na antiguidade, adquiriu novos significados ao longo da história”.CADERNO de diretrizes museológicas I. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2006. 2ª edição. Brasília – DF.
Historiador Abrahim Baze (organizador do Museu), professor Garcytilzo do Lago e Silva, arquiteto Michell Vidal (responsável pelo projeto do Museu) e o Desembargador Tury. Foto: Acervo pessoal/Abrahim Baze
Foi sobre a responsabilidade do Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica e com a organização do historiador Abrahim Baze, montava-se a época de 2005 o importante acervo com dezenas de fotografias e alguns documentos originais que passavam a compor aquele memorial, bem como equipamentos de suporte didático como projetores de filme Bell Howel 16 mm, que encantaram a juventude de muitas gerações que por ali passaram para construir conhecimento da língua inglesa, dentre eles: Márcio Souza, Joaquim Marinho, Roberto Kahane, Limongi Batista e tantos outros que marcaram seu tempo de estudo na juventude nessa importante escola.
Na entrada do Memorial, dois painéis expõem as fotos dos fundadores da Instituição Ruy Alencar e Helena Gomes da Silva. O Professor Ruy era conhecido pela simpatia e pelos gracejos que costumava contar aos alunos que passavam pelos corredores. Para ele o ideal de ensinar inglês no Amazonas significava modernidade ao derrubar fronteiras inacessíveis num longínquo Amazonas e o amor a terra, foi um acontecimento de grande importância para a história daquela instituição.
Foto: Acervo pessoal/Abrahim Baze
Ao longo dos anos esta Instituição também cumpriu e vem cumprindo uma importante função no cenário das artes plásticas com exposições e lançamentos de livros. A memória histórica cercada de lembranças do Instituto Cultural Brasil Estados Unidos a partir daquele momento não guardava só a passagem e a lembrança de seus ex-alunos, guardava sim um período rico de sua história.
A historia dos primeiros passos para romper as fronteiras culturais do Amazonas idealizados a época e liderados por Ruy Alencar e a eterna Miss Helena foram transformados em sorrisos e saudades das lembranças de muitos finais de semana que se reuniam para jogar dominó.
A produção do Memorial do ICBEU realizado a época pelo Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica sobre a responsabilidade do historiador e escritor Abrahim Baze era um passo importante para a preservação da memória, tudo isso, sob a orientação do então Presidente Aristóteles Thury, que mais tarde, assumia o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas.
Não podemos esquecer outro nome importante deste período que era na época Presidente do Conselho Deliberativo do ICBEU Professor Garcitylzo do Lago e Silva, que era memória viva. Professor Universitário Aposentado e Escritor que viu nascer a semente da Instituição em 1956.
Foto: Acervo pessoal/Abrahim Baze
No discurso proferido pelo historiador Abrahim Baze organizador do referido memorial no dia 6 de julho de 2005, com transmissão ao vivo para todo Brasil através do canal de televisão Amazonsat:
Este evento é uma expressão do triunfo do trabalho e do sonho. O memorial do ICBEU é um acontecimento relevante na preservação da memória dos que se dedicam a educação em nossa terra. Aqui a história será rememorada sistematicamente, projetando seu visitante no imaginário de uma época e proporcionando uma viagem ao passado.
A dimensão pedagógica, atribuída a esses espaços, começou a tomar forma em fins do seculo XIX. A partir daí foram entendidos não simplesmente pelo seu caráter de agente conservador da memória, mas, passaram a ter um caráter didático – pedagógico, contribuindo para preservar saberes indispensáveis ao forjamento da identidade nacional e da consciência social.
O espaço que está sendo inaugurado é afirmativamente um lugar dedicado a memória de uma geração de homens e mulheres cuja história de vida que se firmam pelo trabalho, perseverança e idealismo.
O Amazonas ganha um espaço novo, com suas linhas arquitetônicas modernas, afirmando-se como um majestoso patrimônio cultural. O Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, ao longo de sua existência, tem desenvolvido várias ações nas áreas da educação, das artes plásticas e da literatura. A criação deste memorial atesta sua importância para a educação no Amazonas.
Não poderia deixar de ressaltar o papel desempenhando pela atual diretoria desta instituição, que tem cumprido com denodo e comprometimento a faina de conduzir o seu destino, dando continuidade a este projeto. Compromissado com o idealismo e com a memória, o corpo diretivo do ICBEU envidou todos os esforços para tornar realidade a construção deste memorial, como forma de desenvolver à sociedade a sua própria história, mantendo, assim, viva a lembrança de muitos de seus baluartes, que infelizmente não estão mais entre nós.
Este espaço se incorpora ao patrimônio cultural do Amazonas, como um testemunho vivo do papel transformador que a educação tem a cumprir na vida das sociedades. A história intelectual de Manaus não seria a mesma sem a presença do Instituto Cultural Brasil Estados Unidos;
O sentimento que nos move neste momento é do dever cumprido. O Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica tomou parte na concretização deste sonho que se fez realidade. Sentimo-nos honrados com a realização deste trabalho que guardará parte significativa da memória educacional de nossa terra.
Este memorial é fruto do idealismo da direção do ICBEU e da capacidade empreendedora do Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica. Nasceu do trabalho e do amor que consagramos à história, especialmente de nossa crença de que com compromisso e verdade somos capazes de realizar nossos ideais. Este momento marca o desabrochar de um sonho, que se fez pelas nossas mãos … E agora é realidade.
A obra reúne uma coletânea de artigos publicados pelo Dr. Euler Ribeiro que visa promover a possibilidade de qualidade de vida na idade tardia.
Academia Amazonense de Letras recebeu neste sábado (13) o lançamento de livro intitulado “A Vida Se Conta”, do médico geriátrico, Dr. Euler Ribeiro. A cerimônia ocorreu no salão nobre do Pensamento Amazônico Álvaro Maia.
A programação iniciou com o Coral da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), cujo musical teve a regência da maestrina e musicista Claudine Cris que executou na cerimônia, músicas clássicas da MPB como Roupa Nova, entre outras composições nacionais.
Outra atração foi composta por 30 artistas, sendo a maioria pessoas com mais de 60 anos de idade, que apresentou o espetáculo “Estórias Que Meu Pai Contou”, promovendo ao público presente, uma mostra cultural sobre a vivencia da relação do ribeirinho com os rios e florestas. A peça teatral foi apresentada pelo Grupo de Teatro Renascer Izael Tavares, da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI) e dirigida pela professora e coordenadora Lilian Machado.
O Flautista Alexandre de Oliveira fechou o momento cultural com chave de ouro, apresentando músicas regionais do grupo Raízes Caboclas.
Durante a cerimonia de lançamento, o autor recebeu diversas homenagens, mediante a presença de autoridades como; Tenente Marcelo Tavares do Comando Militar da Amazônia, Comandante do Corpo de Bombeiros, Alexandre Freitas, Presidente da Academia Amzonense Maçônica de Letras, Jurimar Collares Ipiranga e membros acadêmicos da Academia Amazonense de Letras como Marcos Barros, Marilene Corrêa, Abrahim Baze, Júlio Lopes e Elson Farias, além dos amigos e admiradores da literatura local, um público presente em mais de cem pessoas.
Após a cerimônia houve a distribuição gratuita do livro autografado pelo autor e um buffet oferecido pela Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI).
A obra Literária “A Vida Se Conta”, apresenta conteúdos que visa despertar nos olhos do leitor a beleza e complexidade da vida que o cerca, desfrutando inesquecíveis histórias e reflexões, uma proposta sobre um envelhecimento saudável baseado em sua vasta experiência na área da Gerontologia.