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Nasceu em Loriga, Portugal, tendo chegado a Manaus em 1963, cidade que foi para ele a descoberta dos que acreditaram na realização e na vivência seguida do prazer da própria descoberta de um amanhã venturoso.

Foto: Reprodução/Youtube – Rui Alves

Ouvimos dizer que uma das formas da manutenção e perpetuação da espécie humana é através da escrita biográfica, cuja materialização lhe promove a imortalidade, no olhar de seus leitores. Como artífice de muitos trabalhos, especialmente consertando rádio da Oficina Antena, na época de José Azevedo, José Fonseca Moura tomou para si, a tarefa muitas vezes árdua, porém sensível, de agasalhar nos seus pensamentos, no seu mundo interior, todos os motivos, todos os sonhos, especialmente sua crença em Nossa Senhora de Fátima e muito mais trabalhando duro para seu crescimento financeiro.

Foram ações que ele se dedicou carinhosamente, tudo quanto fez e promoveu na sua passagem entre nós. É neste apostolado de eleitos que o homem José Fonseca Moura trabalhou com a generosidade de seus talentos e ofereceu o labor humanamente inexplicável de toda sua arte de criar e recriar para aproximar amigos do seu convívio social.

Há quem construa na trajetória da vida a sua própria história. José Fonseca de Moura, hoje ausente de nosso convívio pessoal, pôde apresentar-se já a partir de sua inserção no mundo do trabalho e da luta pela sobrevivência, um exemplo de conquista. Feliz o homem que faz de seu existir um testemunho de luta diária para construir sua própria história, são seres desta estirpe que ajudam a vida a ser melhor. Foi essa ação constante, metódica, consciente, heroica algumas vezes e abnegada outras tantas, que forjou seu caráter, sua história, com tantas passagens importantes que ele conseguiu constituir o mútuo e legítimo orgulho de seus familiares.

São tantos os portugueses que dedicaram suas vidas ao Luso Sporting Club e a Sociedade Beneficente Portuguesa que acabaram escrevendo suas narrativas com linhas de ouro e que ficam marcadas nas águas do rio da memória, tão caudalosas são suas vidas que se confundem, com os rios da Amazônia.

José Fonseca de Moura foi diretor do Luso e da Beneficente em Manaus. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Histórias de vidas como se fossem o triângulo que movimenta nossas canoas na batida compassada e rítmica, nos remos que a faz deslizar. José Fonseca Moura é um desses portugueses que em busca de dias melhores, aportou em Manaus trazendo consigo a sua juventude e a saudade dos familiares que ficaram para trás em Portugal. Já se foram anos com a forte lembrança dos sábados à noite e dos domingos pela manhã que ele trabalhava como discotecário nas manhãs ensolaradas do Amazonas no Luso Sporting Clube.

No sábado era a noite do bolero e no domingo as manhãs de sol. José Fonseca Moura colocava toda sua sensibilidade musical trabalhando como discotecário, perlustrava uma verdadeira viagem musical. Outro momento que vale a pena lembrar é a sua participação nas pastorinhas, fato que até hoje é referência neste clube lusitano. Como diretor atuante passou por várias funções, inclusive tendo presidido o Conselho Deliberativo do Clube.

Homem sensível na percepção dos significados humanos, cuja generosidade estava sempre presente na sua melhor tradição na colônia portuguesa. Nasceu lá em além-mar, exatamente em Loriga, Portugal, tendo chegado a Manaus no dia 10 de março de 1963.

Trabalhador e homem simples, teve sua vida construída profissionalmente de início na empresa S. Monteiro, nos períodos de folga e finais de semana ajudava o Rádio Técnico José Azevedo na oficina de sua propriedade, Oficina Rádio Técnica Antena. Manaus foi para ele a descoberta, acredito para tantos outros portugueses, que acreditaram na realização e na vivência seguida do prazer da própria descoberta de um amanhã venturoso. José Fonseca Moura como tantos outros portugueses partilhou da ideia de construir sua trajetória de vida em outra pátria e configurando um modelo aplicável de que trabalhando é possível vencer. Em nenhum momento curvou-se diante dos problemas e das dificuldades, pois, problemas eram sempre comuns especialmente a saudade da família que logo fora superado.

Logo o coração buscou companhia e encontrou abrigo no calor humano da jovem Benvinda. Mulher, companheira, amiga que o recebeu em matrimônio e logo Deus lhe ofereceu as filhas: Ida Paula, Maria dos Anjos e Cinthia. Filhas que completaram argumentação de que se pode ser feliz em qualquer lugar deste mundo de meu Deus. Ela nasceu no dia 3 de maio de 1946 e faleceu no dia 11 de outubro de 2023.

Ida Paula Brandão, esposa de Ronaldo Tafuri Brandão, com quem teve os filhos Guilherme Moura Brandão e Leonardo Moura Brandão. Maria dos Anjos da Silva, casou-se com Hamilton Pereira da Silva Júnior, ficou viúva. Teve os filhos: Gabriella Duanne da Silva Moura e Hamilton José Pereira da Silva. E Cinthia da Silva Moura dos Reis, casada com Victor Pereira dos Reis, com quem teve as filhas Beatriz Moura dos Reis e Isabella Moura dos Reis.

Dona Benvinda, esposa de José Fonseca Moura. Foto: Acervo da família

Dona Benvida em companhia dos genros. Foto: Acervo da família

Loriga, a cidade de nascimento de José Fonseca Moura

Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe o Centro Histórico da Vila. Loriga foi escolhida a mais de 2 mil anos devido à facilidade de defesa (uma colina entre ribeiras), a abundância de água e de pastos, bem como ao fato de as terras mais baixas providenciarem alguma caça e condições mínimas para a prática da agricultura. Desta forma estavam garantidas as condições mínimas de sobrevivência para uma população e povoação com alguma importância.

Última visita da família à Portugal. José Fonseca (à esquerda) com a família. Foto: Acervo da família

Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos. O maior, mais antigo e principal, situava-se na área onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato e estava fortificado com muralhas e paliçada. No local do atual Bairro de São Guinés, existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos constituíram mais tarde uma ermida dedicada aquele santo.

Loriga era uma paróquia pertencente a Vigararia do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em 1233, pelo Rei Dom Sancho II. Esta Igreja, cujo orago (padroeiro) era já o de Santa Maria Maior e que se mantêm. De estilo romântico, com três naves e traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra, esta Igreja foi construída pelo sismo de 1755, dela restando apenas partes das paredes laterais.

O sismo (terremoto) de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XII. Um emissário do Marquês de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos, mas ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afetada em Portugal), não chegou do governo de Lisboa qualquer auxílio.

Após o século XVIII

Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde a segunda metade do século XIX. Chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior e a atual sede de conselho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX. Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga no número de empresas.

Nomes de empresas, tais como: Regato, Redondinha, Fonte dos Amores, Tapadas, Fandega, Leitão & Irmãos, Augusto Luís Mendes, Lamas, Nunes Brito, Moura Cabral, Lorimalhas, etc, fazem parte da rica história industrial desta vila. A principal e maior avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes, o mais destacado dos antigos industriais loriguenses, apesar dos maus acessos, que se resumiam a velhinha estrada romana de Loriga numa vila industrial.

Foto tirada da “Penha dos Abutres” – Uma das Sentinelas Vigilantes e altivas de Loriga. Foto: Reprodução/Vila de Loriga

Porém, a partir da segunda metade do século XIX, como já foi mencionado, tornou-se um dos principais polos da Beira Alta, com a implantação, da indústria dos lanifícios (produtos de lã), que entrou em declínio durante a última década do século XX, o que está a levar a desertificação da Vila. Atualmente, a economia loriguense baseia-se nas indústrias metalúrgica e de panificação, no comércio, na agricultura e pastorícia.

Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas e as únicas pistas e estância de esqui existentes em Portugal estão localizadas na Serra da Estrela, dentro da área da freguesia de Loriga.

Em termos de patrimônio histórico, destacam-se a ponte e a estrada romanas (século I a. C.), uma sepultura antropomórfica (século VI a. C.) chamada popularmente de caixão da moura, a Igreja Matriz (século XIII, reconstruída), o Pelorinho (século XIII, reconstruído), o bairro de São Ginês, a Rua de Viriato e a Rua da Oliveira.

A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruiu no século XVI após uma grande cheia na Ribeira de São Bento), com as quais os romanos ligaram Loriga, na Lusitânia, ao restante do império.

A Rua da Oliveira é uma rua situada no centro histórico da vila. A sua escadaria tem cerca de 80 degraus em granito, o que lhe dá características peculiares. Esta rua recorda muitas das características urbanas medievais. O Bairro de São Ginês, histórico de Loriga, tem características que o tornam um dos bairros mais típicos da vila. Curioso é o fato de este bairro dever o nome a São Gens, um santo de origem céltica martirizado em Arles, na Gália, no tempo do imperador Diocleciano. Com o passar dos séculos os loriguenses mudaram o nome do santo para São Ginês.

Vale ressaltar a importância dos imigrantes portugueses oriundos de Loriga ao Amazonas. Eram comerciantes importantes na praça de Manaus e no dia 5 de junho de 1909 fizeram publicar um jornal em número único que retratava a importância desses portugueses longe de sua pátria mãe.

Página original da edição única do jornal A Voz de Loriga. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Foram muitos recursos enviados a partir de Manaus contabilizados pelos loriguenses. Entre os melhoramentos levados a efeito em Loriga, destaca-se até uma canalização de água para abastecimento público (foto de destaque na matéria). Foi enviado para Loriga, importâncias em 1 mil reis, especialmente para implantação das fontes e pela necessidade da ausência de água encanada seus moradores se abasteciam nas fontes. Muito foi feito também para implantação da iluminação pública.

Outro fato interessante da contribuição dos Loriguenses residentes em Manaus, foi quando chegou as notícias do grande terremoto que sofreu Portugal. Logo começaram enviar recursos para país natal.

Crescia dia a dia o grande entusiasmo da Colônia Loriguense residentes em Manaus. Notícias chegadas de Loriga informavam sobre as quatro fontes que jorravam água cristalina. Vale lembrar que os loriguenses residentes em Belém do Pará também se uniram em prol de enviar recursos para atender a necessidade de Loriga, no entanto, Manaus se destacou, com número expressivo.

Os contribuintes de Manaus foram: Jeremias Pina, João Marques da Fonseca, Pedro d’Almeida, Emília Augusta, Dr. Manoel da Mota Veiga, estes sócios honorários.

Sócios contribuintes de Manaus: Emygdio Alves Nunes de Pina, Antônio Ambrósio de Pina, José Ambrósio de Pina, Abílio Diogo Gouveia, Albino Pinto Martins, Joaquim de Pina Monteiro, Antônio Duarte dos Santos, Alfredo de Moura Frade, João de Moura Pina, José Martins de Pina, Albano de Mello, José Pinto Matheus, Emílio Freire Mendes de Reis.

Sócios contribuintes em Belém do Pará: Manoel Nunes Ferreira, Antônio Diogo Gouveia, José Fernandes Maurício, Augusto Simões Carril, Antônio Apáricio Martins, Alexandre de Moura Galvão, Antônio de Moura Lemos, Manoel dos Santos Silva, Antônio Duarte Pina, João de Moura Pina.

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As últimas eleições municipais na capital amazonense, ao que pude acompanhar mesmo à distância, tiveram embates muito acirrados entre os principais candidatos ao cargo de Prefeito, transformando a disputa democrática quase em um tele ringue que atravessou os programas do horário eleitoral gratuito, chegou aos debates em televisão, porém, de forma ainda mais agressiva e até desproposital e desproporcional a esse tipo de campanha, invadiu o mundo das redes sociais que, para muitos, parece ser terra sem dono e sem lei. Deu-se um verdadeiro tiroteio em terra de muro baixo, como se dizia em tempos antigos.

Passado esse temporal, armado por interesse de uns e ao qual alguns tiveram de aderir e outros submergiram, procurando fugir ao fogo cruzado que se estabeleceu até com o uso dos chamados petardos perdidos (do tipo bala perdida), aqueles que acabam atingindo quem não está no campo da disputa, após tudo isso, se impõe que vencedores e vencidos se voltem para os verdadeiros interesses e necessidades da cidade e da população, porque, afinal, o que deve interessar é o bem-estar de todos e o desenvolvimento (verdadeiro desenvolvimento) do Estado e de nossa capital que é, agora, o objeto imediato desse modesto artigo de canto de página.

No fundo, no fundo, creio que todos os envolvidos, ou pelo menos a maioria deles, tem a noção exata das necessidades que nos afligem enquanto cidadãos assim como no que diz respeito ao sítio urbano em que residimos e trabalhamos, com grande parte da população impedida de usufruir das mínimas condições adequadas de vida, furtados que têm sido os próprios direitos de cidadania. Não precisa ir muito longe para constatar essa dura realidade a qual, aliás, vinha ficando distante dos olhos de boa parte dos moradores e, nos últimos anos, está batendo à porta de todos, seja pela desordem urbana, pelo sistema viário precário, pelo transporte coletivo ineficiente, pela insuficiência da arborização e ajardinamento, pela insegurança que se espalha por todos os recantos, pela alta de praças e parques públicos, pela falta de energia e de esgoto, pela necessidade cada vez maior de oportunidade de trabalho… e por aí seguiríamos com um sem-número de questões, algumas das quais chegam a ferir a dignidade da pessoa humana.

Calamitoso é o estado do Centro Histórico que poderia ser transformado em atração de boa valia para o turismo, para moradias de qualidade e de interesse real para a defesa do patrimônio histórico edificado, o qual, apesar de alguns esforços nesse sentido, segue sendo dilacerado e sendo ainda mais escarnecido. Ouso dizer que a formação de polos de boa atração ou módulos como o original do Largo de São Sebastião e as ações iniciadas nas praças da Polícia e do Congresso é que poderiam responder de forma mais positiva e com alguma presteza ao propósito de reabilitar o Centro da condição deplorável em que se encontra.

Em todas as cidades que se prezam e aspiram movimento turístico, as ações e equipamentos de cultura, a limpeza, iluminação, calcetamento das vias, calçadas, sinalização, segurança, hotelaria, casas de gastronomia… preferem e são feitos para valorizar os centros históricos e estes se tornam importantes, bem valiosos, e o poder público e a iniciativa privada caminham juntos para que seja possível criar as condições adequadas a essa característica urbana. Ações isoladas, estanques, ainda que positivas, acabam se perdendo se a vizinhança continuar apodrecida.

Creio que é chegada a hora (já até passamos) para a composição de um grande mutirão de planejamento sério e trabalho conjunto, com uma única meta, qual seja a de todos assumirmos que, depois do tiroteio, vamos cuidar de Manaus. De minha parte, sem qualquer interesse outro e de qualquer natureza, mormente como cidadão manauense, estendo a mão para contribuir com essa iniciativa.

Por: Robério Braga
Membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), advogado e ex-secretário de Cultura do Amazonas

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Pesquisando sobre W. Peters, para atender solicitação de um amigo, entre anotações antigas encontrei coisa bastante curiosa que não quero deixar de passar ao conhecimento dos leitores que me honram em acompanhar os artigos que, semanalmente, ouso oferecer neste canto de página.

Em 1910, a serviço da empresa da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, o grande cientista brasileiro, Oswaldo Cruz, esteve de passagem por Manaus a caminho de Porto Velho, tendo aqui chegado pelas cinco horas da manhã do dia 8 de julho, e largado os cabos de uma confortável lancha da empresa por volta das 20 horas, na companhia de vários outros cientistas. Um dos seus companheiros de excursão científica, médico de formação, logo no dia 13 escreveu ao Rio de Janeiro contando as novidades. E é uma parte dessas novidades que está transcrita em jornais de Manaus e de Belém e que apanhei em notas em um dos muitos cadernos de pesquisa que mantenho desde há muito, quando o tempo era mais folgado e os anos de vida mais verdes, muito embora não fossem mais juvenis.

A descrição que faz da cidade de Manaus, conforme a impressão que teve após uma breve circulada de dia inteiro, é o que trago ao leitor, repetindo palavra a palavra o que ele disse a um amigo em missiva particular que se tornou pública: “percorri toda a cidade que não é muito grande, porém é bem situada e bastante confortável, com viação e iluminação elétrica muito boas. Tem inúmero e colossal movimento comercial, uma verdadeira miniatura de Nova York. Só se ouve aí falar em seringa, dinheiro e política”.

Digo eu, agora, que ele conseguiu captar o clima geral da cidade, ao que sabemos de outros autores, e o fez com boa precisão, mas adianto que a descrição continuada que segue adiante, ainda que possa incomodar a alguns manauenses, tem as cores mais fortes, porém é de igual modo verdadeira, capaz de demonstrar com clareza e objetividade, o grau de devaneio em que vivia boa parte da população embriagada e cega pela borracha. Escreveu ele: “Tudo é caríssimo e tanto se ganha como se perde. É uma vertigem, uma alucinação que entontece a quem, como eu, está habituado a vida pacífica e patriarcal de Minas. Narram-se coisas fabulosas a respeito de grandes lucros e grandes prejuízos, contam-se loucuras praticadas pela febre do dinheiro, moléstia comumíssimas nos aventureiros da borracha, irmãos gêmeos dos antigos descobridores de oiro da minha terra. Foi para mim um alívio quando o nosso navio levantou ferro e daí a pouco nos achávamos longe daquele burburinho metálico e maldizente”.

A natureza exuberante o encantou, como se tornara comum e ainda se repete com os viajantes que aqui aportam. O pôr do sol do rio Madeira tal como ele descreve, era sem igual, mas o que se vê dessa descrição particular coincide com tudo que se fala e escreve a respeito do período áureo da exportação da borracha no qual a cidade tinha vida agitada, frenética, cara, de esbanjamentos, com grandes lucros e enormes prejuízos para alguns poucos, mas experimentava um desenvolvimento urbano sem igual e escondia a parte mais pobre da população sobre a qual poucos falam.

Pouco ou quase nada das coisas boas daqueles anos nos chegou ao presente, e nem a zona franca nos propiciou nada parecido, ainda que assegure a nossa sobrevivência em plena selva.

Por: Robério Braga
Membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), advogado e ex-secretário de Cultura do Amazonas

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