Francisco Públio Ribeiro Bittencourt nasceu na cidade de Belém do Pará, em 12 de fevereiro de 1848. Muito criança ainda, veio para Manaus. Adquiriu uma boa cultura, dedicando-se ao magistério, política, jornalismo e serviço público.

Grande Benemérita Loja Simbólica Amazonas n.°2: Francisco Públio Ribeiro Bittencourt, fundador e 1.° Venerável Mestre
Foto: Paulo Pereira/Acervo pessoal
Francisco Públio Ribeiro Bittencourt nasceu na cidade de Belém do Pará, em 12 de fevereiro de 1848. Muito criança ainda, veio para Manaus, no Amazonas, na companhia do seu genitor José Ferreira Ribeiro Bittencourt – o qual era maçom – e, como Oficial do Exército, assinou o auto de instalação da Província do Amazonas. Adquiriu uma boa cultura, dedicando-se ao magistério, política, jornalismo e serviço público.
Foi Secretário dos Negócios do Interior, no regime provincial, preocupando-se seriamente com o problema da instrução pública.
Afeiçoou-se muito ao ensino, adquirindo a necessária experiência para avaliar o alcance do desenvolvimento intelectual.
Por isso mesmo, podia afirmar com a sua notável autoridade:
A escola é qual fecho luminoso, radiante acesso no meio das trevas para iluminar a inteligência embrionária da criança, aclarando-lhe o caminho que conduz ao conhecimento das faculdades da alma: é o início do aperfeiçoamento da espécie que conduz a criatura ao vasto acertamento da ciência; daí o incomparável progresso dos países manifestado em todos os ramos da atividade humana.
O derramamento da instrução no espírito das camadas populares que se levantaram constitui o mais alevantado de quantos benefícios e serviços os governos prodigalizam aos governados e traduz a soma de patriotismo que anima aos primeiros.
Abrir escolas importa em fechar as portas do crime, do vício da superstição do fanatismo e de tantos outros adversários do adiantamento moral da sociedade.
O homem instruído, salvo aberrações isoladas é um ente útil a comunhão nacional, ao contrário do selvagem: aquele compenetra-se dos seus deveres cívicos e sociais: compreende e aceita, sem relutância, os encargos que o país impõe aos bons cidadãos; auxilia e encaminha o governo, na administração, prestando assim assinalado serviço ao estado. Este, desconhecendo por completo a razão e o fim de sua existência, vive materialmente na mais densa treva da ignorância.
Ao passo que o primeiro conhece suas prerrogativas, como cidadão de um país livre e bem construído, conhece que deve cooperar para o progresso moral, material e intelectual do estado, disseminando a instrução, elevando, pelo aperfeiçoamento, o valor das artes, das indústrias, etc.; o segundo, que a máquina automática, não passa de inconsciente e perigoso instrumento nas mãos de perversos e ambiciosos: são verdadeiros inimigos do sossego público, das instituições nacionais e o flagelo dos governos.
O homem instruído encontra o desforço da injustiça na Lei, esse apanágio sublime dos povos constituídos em nação: o ignorante desconhecendo tal meio de reparação, só encontra o desforço pessoal no crime.
É enorme a diferença entre a criatura que sabe aproveitar a inteligência, o raciocínio, esse dom com que o bondoso Nazareno distinguiu a criatura do irracional e do rústico, cuja vida é toda material.

Foto: Paulo Pereira/Acervo pessoal
Em 1888, era designado para exercer o cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia.
Em 20 de julho de 1900, numa circular com o timbre da Secretaria de Negócios do Interior, já no regime republicano, convidava a Maçonaria Amazonense para assistir a solenidade de posse do Governador e Vice-Governador do Estado, para o quatriênio de 1900 a 1904, Coronel Silvério José Nery e Monsenhor Francisco Benedito da Fonseca Coutinho, cujo ato terá lograr no dia 23 do corrente mês, a uma hora da tarde, no Paço do Congresso dos Senhores Representantes do estado.
Iniciou-se na Loja Esperança e Porvir, em 21 de julho de 1873.

Foto: Paulo Pereira/Acervo pessoal
No dia 4 de março de 1877, participou da fundação da Loja Amazonas, sendo eleito seu primeiro Venerável Mestre, havendo exercido esse em diversos períodos de administração maçônica. Também tomou parte na fundação da Loja Conciliação Amazonense, a 30 de novembro de 1894; e na Loja Rio Negro, a 5 de novembro de 1896, dessa Oficina recebendo o título de Remido.
Possuía o título de Membro Honorário da Soberana Assembleia Geral do Grande Oriente do Brasil e fora Membro Instalador do Consistório de Sublimes Príncipes de Real Sagrado do Amazonas, a 1° de setembro de 1900.
Era o Venerável da Loja Amazonas, quando essa oficina se regularizou com bastante solenidade, a 29 de julho de 1877, por intermédio de uma ilustre comissão integrada pelos Maçons Padre Eutíquio Pereira da Rocha, Padre Torquato Antônio de Souza, Gabriel Antônio Ribeiro Guimarães, Bernardo José de Bessa e Silvério José Nery.
Ao assumir a Venerança, ainda da Loja Amazonas, a 28 de março de 1881, em breve discurso cheio de erudição e verdade, produziu belos corolários sobre os fins gerais da Maçonaria e demonstrou o quanto podem a vontade e esforços reunidos, valioso auxílio que esperava ter dos Obreiros ativos da Oficina a fim de dotá-la com uma estabilidade segura e desenvolver seus meios, vencendo os obstáculos que se têm anteposto a sua prosperidade, manifestando-se profundamente agradecido à Oficina pela sua eleição ao posto de Venerável, honrosa confiança a que estava a corresponder.
Recebeu, nessa sua gestão a 21 de julho de 1882, uma comunicação do muito poderoso Irmão Conselheiro Dr. Saldanha Marinho, dando conhecimento à Oficina de que tinha resignado o Grão-mestrado da Ordem, os motivos que a isso o conduziram, a forma circunstanciada porque efetuou essa resignação agradecendo finalmente a esta Loja a confiança que nele sempre depositou.
Quando, nesse mesmo ano, entregou o primeiro Malhete ao seu sucessor, o irmão Jônatas de Freitas Pedrosa, pode, sob os mais vivos aplausos, prestar contas de sua gestão e agradecer o apoio que seus irmãos sempre lhe dispensaram.
Ao retornar à Venerança, em 1884, presidiu a sessão magna extraordinária, realizada em 29 de março, que tinha o objetivo humanitário de solenizar a entrega de cartas de alforria a escravos residentes na Província do Amazonas.
A festa fora abrilhantada pela presença do maçom Theodoreto Carlos de Faria Souto, então Presidente da Província, que via naquelas cartas o contentamento e a liberdade dos beneficiados, não parando aí a luta a favor da abolição, pois a Loja Amazonas, sob o Comandamento do irmão Francisco Públio Ribeiro Bittencourt desencadearia uma inolvidável campanha, que somente terminaria com a extinção da escravatura, a 10 de julho de 1884.
Foi Venerável da Loja Rio Negro, no princípio deste século, sempre presente aos encargos que lhe eram atribuídos, assistindo ou presidindo aos trabalhos maçônicos com a serenidade dos grandes construtores sociais.
A 19 de dezembro de 1913, discutia matéria em pauta na Assembleia Geral do Grande Oriente Estadual do Amazonas, representando, nesse Alto Corpo, a Loja Arkbal, no período de 1913 a 1914.
Pertenceu a Associação Beneficente do Asilo de Mendicidade de Manaus.
Como cidadão, foi o homem que nunca se desviou do caminho do dever, palmilhando-o estritamente com a devoção dos sacerdotes do bem, que marcham serenos, indiferentes ao turbilhão dos egoísmos, alheios ao tumultuar das terrenas paixões.
Um outro registro encomiástico define muito bem a sua existência: No seu passado está a verdadeira epopeia de sua legenda de honestidade: ele honra e enaltece qualquer homem público. Não se encontra em todo o seu percurso uma falha imperceptível que de leve o desdobre, um declive sinuoso e vago que não seja em linha reta de integridade cívica condizendo perfeitamente com as suas abnegações patrióticas.
Como Obreiro da Arte Real, começou muito cedo a peregrinar pelos salutares caminhos da grandeza espiritual, dando à Ordem Maçônica, durante toda a sua existência, os mais belos e ouros exemplos de comportamento fraternal.
Faleceu em 5 de abril de 1921.
Fonte: VALLE, Rodolpho. Efeméride Maçônica. Impressa Oficial. Manaus, 1975.