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Vale a pena lembrar que Luciano Dias Marques aportou em Manaus no período áureo do látex, trazido por um tio que já havia se estabelecido naquela época.

Na verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo o seu significado e em todas as minúcias, o que foi às ações dos portugueses que imigraram para o Amazonas, é fundamentalmente indispensável saber como eles aqui chegaram, como se aclimataram e como exerceram sua natural tendência o comércio tais como: bares, pequenos restaurantes, padarias e pequenas e grandes mercearias de secos e molhados, como era conhecido no passado. 

E neste caso falamos do imigrante Luciano Dias Marques, proprietário da casa ‘A Renascença e Casa Dias’, ambas em Manaus, cujo primeiro local da “A Renascença” foi na Rua Joaquim Nabuco, esquina da Avenida Sete de Setembro no famoso canto do Quintela e, mais tarde, ele comprou terreno na Av. Joaquim Nabuco n° 879, bem próximo do endereço anterior, onde se estabeleceu definitivamente, e a outra casa comercial na Rua Luiz Antony n° 331, esquina da Rua Dez de Julho com Alexandre Amorim. 

Inicialmente residiu no andar superior de sua casa comercial “A Renascença”, anos depois passou a residir definitivamente no andar superior da sua casa comercial “Casa Dias”, cuja entrada era pela Rua Alexandre Amorim n° 584.

Avenida Joaquim Nabuco, esquina com a Sete de Setembro (canto do Quintela), vendo-se ao fundo a firma A Renascença, de propriedade do senhor Luciano Marques, hoje Casa do Óleo, e do outro lado o Bar do Sombra, 1920. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Luciano Dias Marques aqui chegando, trabalhou incessantemente de uma forma heroica e algumas vezes abnegada. Neste período não existia a figura moderna do supermercado o que me faz lembrar seus clientes amigos e de confiança, afinal estavam com suas compras anotadas em uma desgastada caderneta do velho fiado para pagar no final do mês. Sua clientela era tão importante que ele era o único a fornecer o rancho mensal do governador do estado que fazia entregar impreterivelmente no Palácio Rio Negro.

Estas verdades históricas resultam do espírito de luta deste bravo lusitano que abria seu tradicional comércio às seis horas da manhã e fechava normalmente às dezenove e trinta. Faz me lembrar também, enormes caminhões que conduziam do porto de Manaus para seu comércio produtos importados do sul do país e naturalmente de Portugal. 

Sua casa comercial tinha um balcão enorme com, pelo menos, oito a dez pessoas para atender, ao lado direito embaixo da escada que subia para o segundo andar onde era a residência, tinha um pequeno escritório, no centro do salão caixas enormes, expondo o bacalhau importado de Portugal. No fundo de sua mercearia havia uma prateleira até o teto com a exposição de vinhos, azeites, azeitonas, panelas e outras iguarias, também trazidas do sul do país e de Portugal. 

Mansão do casal em São Pedro, Arganil (Portugal), onde viviam, alternando entre Manaus, sempre na companhia dos filhos. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

No domingo pela manhã sua casa comercial “A Renascença” abria das sete horas às doze horas. Este depoimento que faço com extremo prazer são lembranças da minha infância, pois, eu morava exatamente do outro lado da rua, cujos principais vizinhos eram a família Jefferson Peres, Moura Tapajós, as irmãs costureiras Mariazinha, a família Said, Sr. Gardon e dona Amália e tantas outras. Luciano Dias Marques, jamais perdeu o contato com Portugal, lá construindo uma elegante residência que ainda hoje pertence à família.

Passando alguns anos e com grande movimento comercial e o progresso da “Casa Dias e A Renascença”, não mais dando conta sozinho da administração das duas casas comerciais, mandou vir de Portugal (por carta de chamada) carta consular da época três primos dele, posteriormente, mais tarde tornaram-se sócios da firma comercial Luciano Marques e Cia Ltda., fazendo sócio também seu filho Augusto Dias Marques. 

Trabalhando muito, vez por outra voltava a Portugal, retornando a sua terra natal Maladão e, comprou terras em São Pedro, Arganil, local este que destinou a construção de sua elegante moradia em frente à Capela de São Pedro, hoje monumento histórico tombado. Local aprazível que contorna a famosa Serra da Estrela, passando a residir deste então alternadamente em Manaus e Portugal, sempre acompanhado de sua família.

Casou-se em segundas núpcias com Laura Pereira Loureiro Marques, natural de Manaus, filha de pais portugueses e que fora criada em Portugal, na Beira Alta até a idade de dez anos, quando retornou a Manaus. Fruto desse casamento nasceu os filhos, Lourenço, Rui Nelson e Maria de Fátima. Sendo pai também de Leontina e Augusto.

Casal Luciano Dias Marques e Laura Pereira Loureiro Marques, pais de Maria de Fátima (Manaus), Lourenço (Manaus) e Rui Nelson (Arganil/Portal). Foto: Acervo da família cedido para Abrahim Baze

Nestas horas de intenso realismo e impulsionado por vontade de trabalhar Luciano Dias Marques não deixou de se abater pelas dificuldades de um imigrante, levou-se em cânticos à vida, em altas sinfonias de muito trabalho para construir dias melhores neste país que lhe deu guarida, concentrou suas aspirações de um trovador jovial e sonhador sempre focado de que somente o trabalho poderia escrever seu nome na história econômica do Amazonas.

Vale a pena lembrar que Luciano Dias Marques aportou em Manaus no período áureo do látex, trazido por um tio que já havia se estabelecido naquela época. Sobrinho de um grande empresário português, proprietário da fábrica de móveis “A Renascença Móveis”, no bairro do Catete na cidade do Rio de Janeiro, onde ficou por algum tempo trabalhando e morando em companhia deste tio. Retornando à Manaus estabeleceu seu primeiro comércio no bairro da Praça 14. Lamentavelmente em nome da modernidade o prédio onde funcionou a “A Renascença” está descaracterizada, cuja obra representou a época o que havia de mais moderno em construção civil.

Este lusitano integrou-se perfeitamente a sociedade portuguesa da época, tendo presidido o Luso Sporting Club no período de 1936 a 1937, cuja administração foi importante no contexto histórico do referido Club, seus familiares guardam com ternura, fortes lembranças das Pastorinhas, Alto de Natal e apresentação de grandes nomes da musicalidade portuguesa que vinham se apresentar em Manaus.

Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Esta família escreveu de forma indelével o seu nome na economia, na sociedade e na cultura do Estado do Amazonas. Bem haja o nome e a memória de Luciano Dias Marques.

*Informações cedidas por sua filha: Maria Fátima Pereira Dias Marques

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A Academia Amazonense de Letras lançou obras literárias intituladas “Oligarquias Políticas no Amazonas e outros estudos” e “Fundadores da Academia Amazonense de Letras”, os livros foram produzidos pelos Acadêmicos Profa Dra. Marilene Corrêa, e Prof. Doutor Robério Braga.

A cerimônia de abertura ocorreu no Salão Nobre do Pensamento Amazônico Álvaro Maia da Academia e foi presidida pelo Vice-presidente da Academia Amazonense de Letras, Abrahim Baze e contou com a presença do público que admira literatura, professores universitários além de personalidades como o Secretário de Estado e Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação e Membro Benemérito da Academia Amazonense de Letras – Serafim Corrêa e o representante do Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa – Antônio Auzier. Compareceram também o atual Reitor e Professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Evandro Brandão Barbosa, assim como o Monsenhor Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, recém nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus pelo Papa Francisco.

Durante a solenidade de lançamentos os acadêmicos Marilene Corrêa e Robério Braga falaram sobre o livro “Oligarquias Políticas no Amazonas e outros estudos” que apresenta um encontro entre a sociologia e a história, uma junção de pensamentos diferenciados baseados no conhecimento do Império a República. No comentário de Robério Braga sobre o livro “Fundadores da Academia Amazonense de Letras”, apresentou a história da Academia e suas intenções que motivaram a sua fundação e suas ações, uma pesquisa bibliográfica cultural, sua composição atual, resgatando o registro da memória da instituição durante seu centenário na capital amazonense.

Os livros lançados foram editados pela Academia Amazonense de Letras e são frutos de emenda parlamentar, a partir de propositura do então Deputado Serafim Corrêa, com apoio do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Prefeitura de Manaus, através da Manauscult. Após o lançamento, houve a distribuição gratuita das obras autografadas pelos Acadêmicos aos convidados. Todos os títulos lançados ao longo do ano estarão disponíveis para consulta no Memorial e Biblioteca Genesino Braga, localizado na sede da Academia, na Rua Ramos Ferreira, 1009 Centro, das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira.

*Com informações da ASCOM-AAL

Fotos: Koynov

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O Termo de Fomento nº 64/2023 foi assinado com o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa no dia 31/10/2023, no valor de R$ 57.065,00 tendo como objeto o apoio financeiro por meio da Emenda Parlamentar nº 026/2023 de propositura do Deputado Dr. Gomes, para a realização de evento em Homenagem ao Dia do Médico e aos médicos imortais da Academia Amazonense de Letras, além de ampliar o Programa de Edição de Livros com a publicação de artigos sobre o tema, no período de outubro de 2023 a outubro de 2024.

Na página de transparência do site da Casa de Adriano Jorge você confere todos os termos e repasses assinados em parceria com o Governo do Estado do Amazonas e Prefeitura Municipal de Manaus.

Para saber as atividades e novidades da Academia Amazonense de Letras, confira as redes sociais e fique de olho no site da instituição.

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O Termo de Fomento nº 63/2023 foi assinado com o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa no dia 31/10/2023, no valor de R$ 49.999,00 tendo como objeto o apoio financeiro por meio da Emenda Parlamentar nº 027/2023 de propositura da Deputada Estadual Alessandra Campêlo para a realização do Concurso Literomusical Maria Callas, no período de novembro 2023 a novembro 2024.

O Termo objetiva realizar a homenagem à cantora lírica Maria Callas que em 02/12/2023 estaria completando 100 anos com a realização do Concurso de Artigo / Redação e Solenidade de Encerramento com premiação.

Maria Callas foi uma artista mundialmente conhecida, possuidora de uma voz poderosa com uma amplitude fora do comum que contribuiu para reacender o estrelismo do gênero ópera e de seus intérpretes. Esta intérprete, detentora de raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou a ópera, trazendo-a novamente às origens.  Com uma voz de considerável alcance, Callas encantou nos teatros mundiais de maior destaque. Ela é possivelmente a mais famosa soprano do século XX. Callas entrou para a história da ópera por suas habilidades cênicas. Em última análise, esta tendência foi responsável pelo surgimento de toda uma geração de sopranos que, graças às suas habilidades de palco, poderiam ser considerados legítimos herdeiros de Callas, tais como Joan Sutherland ou Renata Scotto.

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As obras literárias intituladas “Oligarquias Políticas no Amazonas e outros estudos” e “Fundadores da Academia Amazonense de Letras, serão lançadas neste sábado, 11 de novembro, na Academia Amazonense de Letras. A entrada é gratuita.

A obra “Oligarquias Políticas no Amazonas e outros estudos” produzida pelos acadêmicos Marilene Corrêa e Robério Braga, apresenta um encontro entre a sociologia e a história, uma junção de pensamentos diferenciados baseados no conhecimento do Império a República.

“Fundadores da Academia Amazonense de Letras”, do acadêmico Robério Braga, reúne a história da Academia e suas intenções que motivaram a sua fundação e suas ações, uma pesquisa bibliográfica cultural em sua composição atual, resgatando o registro da memória da instituição durante seu centenário na capital amazonense.

Os livros editados pela Academia Amazonense de Letras são frutos de emenda parlamentar, a partir de propositura do Secretário Serafim Corrêa, com apoio do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult.

Após o lançamento haverá a distribuição gratuita das obras autografadas pelos Acadêmicos aos convidados.

Todos os títulos lançados ao longo do ano estarão disponíveis para consulta no Memorial e Biblioteca Genesino Braga, localizado na sede da Academia, na Rua Ramos Ferreira, 1009 Centro, das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira.

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Apresentado por Abrahim Baze, a entrevista aconteceu na Biblioteca Genesino Braga, na sede da Academia Amazonense de Letras, o atual Reitor e Professor Evandro Brandão Barbosa falou sua obra literária intitulada “Navegação fluvial adolescente”.

A obra que destaca a história da navegação fluvial na Amazônia desde o início até os dias atuais, abordando o desenvolvimento e produção ribeirinha através da exploração dos caminhos naturais, a obra ganhou o Prêmio Samuel Benchimol, prêmio destinado ao melhor livro de ensaio socioeconômico.

A entrevista completa você pode conferir através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.

*Com informações da ASCOM-AAL

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A professora Júlia Barjona Labre formou muitas gerações de homens e mulheres os quais souberam colocar em prática valores e atitudes que, com ela, aprenderam.

Os homens não valem pelo privilégio da fortuna de que desfrutam ou do poder que, eventualmente, conseguem empalmar, mas pelo que produzem em prol da coletividade”.

Júlia Barjona Labre, (professora Julitta para os íntimos) nasceu no dia 4 de abril de 1887, no Estado de São Paulo, filha de Luís Araújo Labre e Isabel Maria Barjona Labre. Fez seus primeiros estudos no Liceu Nacional de Lisboa, Portugal. Uma escola tradicional, fundada em 1836, com nome de Liceu Passos Manuel, hoje, Escola Secundária de Camões. Instalado à época no Palácio de Regaleira, no Largo de São Domingos. Ainda hoje, esta tradicional escola mantém o ensino noturno e continua a ser uma das maiores escolas secundárias do país.

Segundo depoimento deixado por escrito pela própria dona Julitta, ela destaca:

[…] Posso dizer que nasci em berço de ouro. Nunca soube na vida estudantil o que era dificuldade. Meus avós e meus pais abastados, sempre me cumularam de tudo o que precisava para uma vida tranquila e confortável. Sempre tive o direito de escolher os lugares para passar os meus períodos de férias escolares. Foi assim que conheci Paris, Bordéus, Liège, Madri e vários outros lugares bonitos. Gosto de criança, de todos os animais sem exceção e por toda vida sigo um lema: Meus amigos não têm defeitos, meus inimigos, se existem, não têm qualidades.

Júlia Barjona Labre (Julita) nasceu em 4 de abril de 1887, filha de Luiz Araújo Labre e Isabel Barjona de Freitas Labre. Cartão postal produzido por Silvino Santos, 1921. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Em Belém do Pará, sua mãe e sua avó foram proprietárias do Colégio Progresso no qual venderam, mais tarde, ao Dr. Arthur Theodulo dos Santos Porto, tendo passado a denominar-se Colégio Progresso Paraense. Arthur Theodulo dos Santos Porto nasceu a 4 de abril de 1866, na cidade de Recife, Pernambuco, sendo seus pais: o Conferente de Alfândega, Coronel João dos Santos Porto e dona Emília dos Santos Porto. Fez seus primeiros estudos nessa cidade, tendo, mais tarde, ingressado na Faculdade de Direito onde foi aluno de Tobias Barreto, entre outros tantos mestres de excepcional talento.

Concluído o curso jurídico, viajou para o Estado do Pará, onde assumiu o Cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Bragança, posteriormente, foi oficial de gabinete do Governador Dr. Justo Chermont, cargo que desempenhou até 1890, quando retornou a Pernambuco.

Voltou ao Estado do Pará no ano seguinte para casar com dona Júlia Pinheiro, filha do ilustre e respeitável Coronel José Caetano Pinheiro, Senador da República e um dos líderes políticos de maior prestígio. Foi também atuante advogado no fórum de Belém, onde soube honrar durante muitos anos de intensa atividade defendendo causas cíveis e criminais. Foi professor na cadeira de Geografia do antigo Liceu Paraense e, posteriormente, de História Universal na Escola Normal do Pará, onde obtivera cátedra dessa disciplina em 1893, em 1927, foi nomeado desembargador no Tribunal Superior de Justiça.

Júlia Barjona Labre chega ao Amazonas em 1907 e, desde logo, iniciou magistério com sua mãe Isabel Maria Barjona Labre e sua avó Júlia Barjona de Freitas as quais fundaram, nesta ocasião, o Colégio Progresso na Avenida Sete de Setembro, onde neste local, mais tarde, foi construído o edifício Antônio Simões. Posteriormente, o Colégio Progresso foi transferido para um sobrado com porão habitável na Avenida Joaquim Nabuco, esquina da Rua Lauro Cavalcante. Ainda no depoimento escrito por Júlia Barjona Labre, ela retrata Manaus no período de sua chegada:

[…] Quando cheguei a Manaus, encontrei dois ótimos serviços, energia elétrica e o serviço de bondes, que em nada ficavam a dever aos de Portugal e aos da Europa na época. Manaus era uma cidade pequena, mas com povo muito trabalhador e muito hospitaleiro. Nos clubes sociais como o Internacional e outros, reunia-se a sociedade em grandes festas. Nos clubes nada se pagava, os sócios tinham direito a pedir o que fosse de seu agrado sem qualquer pagamento. Do champagne ao vinho do porto, etc. Manaus, por esse tempo, recebia a visita de grandes artistas, de companhias famosas de toda a Europa. As famílias também gostavam de reunir-se com os amigos em casa.

Júlia Barjona Labre, no Hospital Beneficente Portuguesa, 1971 / Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A professora Júlia Barjona Labre, mestra de tantos alunos ilustres, como Phelippe Daou e Milton Cordeiro, promoveu com sua escola um ambiente mais propício ao seu acentuado pendor didático, pôde ela lecionar neste tradicional colégio até 1963, quando, definitivamente, aposentou-se do magistério, auferindo desse trabalho os meios de subsistência para ela e para aqueles que permaneceram em sua volta, buscando sempre conquistar altíssimas relações as quais lhe valeram grandes momentos de amizade. Exerceu o magistério de forma prazerosa durante cinquenta e sete anos. Nesse sacerdócio, viveu os melhores dias de sua vida, teve alunos exemplares, lecionou para os filhos das melhores famílias que ela conhecia. Teve sob a sua guarda várias gerações de amazonenses dos quais ela se orgulhava muito, pois todos eles se destacaram na vida profissional e foram, para ela, motivo de grande satisfação. A professora Julitta destacou um amigo inesquecível, Ruy Araújo. Ela, ainda, destaca no seu depoimento:

[…] O Amazonas na época do ouro negro transbordava de grandeza, mas com a queda da borracha e o registro da crise dela consequente, tudo se modificou no Amazonas. Todo mundo sentia na carne os efeitos da crise. Eu e minha família também dela não escapamos. Minha avó, por exemplo, perdeu tudo o que possuía e que estava aplicado no interior, através das mais importantes firmas da terra, que desapareceram na voragem da crise econômica sem precedentes na história do Amazonas. São tantas as recordações boas e más, da minha carreira, que não me atrevo a dizer qual delas a que me deixou marcas mais profundas. Devo, no entanto, dizer que amo verdadeiramente os “meus filhos” e “meus netos” e sinto uma alegria e prazer imenso quando sei que algum deles está prosperando, alçando-se a posições mais importantes na vida.

Seu nome está perpetuado na Escola Municipal Júlia Barjona Labre que, à época de sua criação, era uma pequena casa de madeira de iniciativa do Projeto Pró Morar São José 1, na administração municipal do Prefeito José Fernandes e teve as obras concluídas na administração do Prefeito João Furtado, cuja inauguração ocorrera em agosto de 1982.

A primeira gestora dessa escola foi a professora Dalva Sueli Moraes Mota. Outros profissionais também tiveram importante dedicação a essa escola como, por exemplo, Joaquim de Oliveira Reis, João Bosco Dutra da Silva, Gilmar da Silva Oliveira, Jocelim Umberto da Silva Oliveira, Brigida Meneses e Tarcísio Serpa Normando.

A professora Julitta após se aposentar e por influência do Comendador Emídio Vaz D’Oliveira e Phelippe Daou, foi lhe concedido um aposento no Hospital Beneficente Portuguesa, onde permaneceu até falecer. Ela, quando em vida, sempre destacou grandes amigos e companheiros de todas as horas: Isabel Barbosa de Macedo, viúva do Sr. José Manuel de Macedo; Eneida Araújo de Vasconcelos, filha do Dr. Ruy Araújo e dona Elena Araújo; Paulo Fernando Cidade Araújo; Maria Ermelinda Pedrosa de Medeiros; Valdir Medeiros; Maria do Céu Vaz D’Oliveira; Rômulo Rabelo; Osvaldo Said; Djalma Batista; Penido Burnier; Pedro Araújo Lima; Renê Gutierrez. Dona Isa Pedrosa, viúva do Dr. Valdemar Pedrosa e mãe de dona Maria Ermelinda.

Ao escrever este artigo, volto a um período importante da minha infância e juventude, onde, por tantas vezes, transitei naquele espaço do Colégio Progresso.

Sonhar e acreditar. Destas duas qualidades resultam as realizações sociais e os fazeres do espírito humano – fatores indispensáveis para perpetuação das aspirações enobrecedoras e a construção de possibilidades efetivas para existência humana.

A professora Júlia Barjona Labre formou muitas gerações de homens e mulheres os quais souberam colocar em prática valores e atitudes que, com ela, aprenderam.

A existência dela enquanto viveu entre nós, foi marcada pela vontade de servir e projetar seus alunos para o futuro. Essas considerações me ocorrem enquanto constato que, na sua escola, ela utilizou o conhecimento como pátina, no cinzelamento do conhecimento de todos aqueles alunos que beberam na fonte de seus ensinamentos.

A vida é uma aventura em que os justos e os bons, apesar das provas e desafios, afirmam, com a força de seu caráter e com suas ações, as marcas de sua singularidade e grandeza de suas atitudes. Eis, aí, o diferencial o qual distingue as almas nobres, daqueles que vivem nas sombras ou se contentam-se com a pequenez de seus sentimentos.

Coronel Antonio Rodrigues Pereira Labre, bisavô de Júlia Barjona Labre, fundador da cidade de Lábra, no Amazonas.

A trajetória dessa educadora foi reveladora de seus múltiplos compromissos com o sacerdócio de ensinar, com a vida e com a possibilidade da construção de uma sociedade que se destacou no Estado do Amazonas. A existência dessa mestra foi uma prova do poder de transformação do saber, isto é, o triunfo da vontade de ensinar. Sua vida foi vitoriosa porque era alicerçada na crença de seus pais de que o maior patrimônio que poderiam legar aos filhos era o conhecimento.

Poucas pessoas, nesse universo escolar, têm um espaço reservado na história da nossa cidade depois de longos e proveitosos anos de magistério. A mestra Júlia Barjona Labre descreveu nossa cidade como observadora atenciosa e, como se nós pudéssemos vê-la debruçada na janela de sua escola, nas tardes de domingo, que, por tantas vezes, eu presenciei na pacata cidade de Manaus onde ela escolheu para viver.

Além do círculo de amizades de nosso entorno, ela impressionava com uma amizade muito próxima de personalidades da família real, era a sua vertente mágica de construir boas amizades, pela singularidade dos seus conceitos e, principalmente, pela forma de que seus pais promoveram sua educação. O seu absoluto e elegantíssimo domínio da língua portuguesa, fez dela uma sedutora para quem teve a felicidade de ouvi-la e conviver com ela.

É certo que não só por meio da palavra os mortais podem passar à posteridade, tão significativos e ilimitados foram suas raízes a partir de seus pais, muito especialmente a sua mãe Isabel Maria Barjona Labre, que ao receber o óleo santo do batismo e a água purificadora na Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Mártires, Conselho do Bairro do Rossio, Distrito Eclesiástico do Patriarcado de Lisboa, através do Padre Narciso José Pinto, nesta ocasião, foi seu padrinho Sua Majestade o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, por seu bastante Procurador o Excelentíssimo Barão de Itamaracá, seu Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário nesta Corte e recebeu como Madrinha Nossa Senhora da Conceição. Dessa forma, buscando encontrar nas curvas do tempo fatos históricos que valem a pena ficar como registro nesta viagem de rememorações, reencontros e revelações.

No seu acervo pessoal, encontramos cartões de Natal, cartão pessoal da Princesa Esperanza da Família Imperial Brasileira, com foto da Princesa dona Esperanza, Príncipes Dom Pedro Carlos e Dom Pedro de Orleans e Bragança, enviados do Palácio Grão Pará em Petrópolis, Rio de Janeiro. Além de muitos documentos, um bilhete postal produzido por Manáos – Arte – J. G. Araújo & Cia., Ltda., cuja produção artística era de Silvino Santos, com a foto de Júlia Barjona Labre. A importância da família Labre também está em um registro memorável na fundação da cidade de Lábrea, onde ocorrera a saga das terras dos índios Apurinã e Palmary, como bem destaca o Professor Doutor Hélio Rocha, na sua obra “Coronel Labre”. Antônio Rodrigues Pereira Labre (1827-1899), Coronel Labre maranhense, fundou, organizou e governou esta cidade as margens do Rio Purus, no ano de 1871.

Cidade de Lábrea, no Amazonas / Foto: Divulgação

*Informações obtidas por depoimento escrito por Júlia Barjona Labre

Escola Municipal Júlia Barjona Labre/Professor Carlos Alberto Monteiro de Oliveira;

Informações cedidas pela família do Desembargador Athur Porto através de Raul Porto, Belém do Pará;

Informações e documentos cedidos por José Paulo Macedo;

Rocha, Hélio. Coronel Labre/Hélio Rocha; São Carlos, SP, 2016. Editora Scienza.

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Com o apoio da Fapeam, o Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Amazonas realiza nos dias sete e oito de novembro, o ‘Seminário do Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal’.

Mediado pela professora da Ufam e coordenadora estadual do Legal Amazonas, Marilene Corrêa, o evento está sendo realizado no auditório Rio Negro, no setor Norte do Campus Universitário de forma presencial e hibrida, mais de cem alunos foram inscritos pela universidade.

A programação inicia com a palestra do ex-secretário de cultura do Amazonas, Robério Braga, com o tema: “A política em Manaus: panorama e trajetória”, um relato sobre os principais acontecimentos no cenário político e suas grandes personalidades que marcaram uma era histórica na capital amazonense.

No último dia de programação, as atividades contarão com uma mesa-redonda com prefeitos de municípios do Amazonas e em seguida duas palestras: ‘O sistema eleitoral Brasileiro’, proferida pelo professor e cientista político da IUPERJ, Jairo Nicolau, além da apresentação dos boletins do Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal.

*Com informações da ASCOM-AAL /UFAM

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Portador de uma inteligência rara, começa logo a se envolver em atividades culturais no Luso Sporting Club, tendo se destacado como ator do Corpo Cênico e diretor da referida Instituição, onde permaneceu atuando até o seu retorno para Portugal.

Manuel Rodrigues do Nascimento que nasceu no dia 12 de dezembro de 1886 foi durante muito tempo diretor do Corpo Cênico do Luso Sporting Club. O destino deste lusitano marca de forma profunda a história da “Universidade Livre de Manáos”. Seu pai, o imigrante português Lourenço do Nascimento, imigrou para o Brasil, cujo destino final era a cidade de Manaus, em 1889, tendo deixado em Portugal sua esposa Maria Rodrigues e seu filho Manuel Rodrigues do Nascimento.

Lourenço Nascimento seu pai já em Manaus, logo começa a trabalhar no Mercado Adolpho Lisboa, com uma pequena banca de verduras e frutas. Distante da família que ficara em Portugal, logo constitui nova família em Manaus, tempos depois sua esposa Maria Rodrigues embarcou com o filho Manuel Rodrigues do Nascimento com aproximadamente sete anos de idade, aqui chegando tomou conhecimento da nova família que seu esposo havia constituído.

Tentou a todo custo uma reconciliação, porém, o objetivo não foi alcançado. Após contrair grave doença Maria Rodrigues vem a falecer. Manuel Rodrigues do Nascimento fica órfão de mãe aos oito anos de idade desta forma não quis ir morar com o pai e a madrasta. Apesar de muito jovem começa cedo a trabalhar ajudado por “patrícios” nos afazeres gerais.

O tempo passa e o jovem Manuel Rodrigues do Nascimento tornou-se balconista no Mercado Adolpho Lisboa. Tendo recebido convite dos padres para viajar pelo interior do Estado e, logo os padres impressionados com a inteligência do menino proporcionam-lhe o retorno aos estudos, com formação religiosa e a conclusão dos estudos, ele aos dezoito anos retorna a Manaus.

Portador de uma inteligência rara, começa logo a se envolver em atividades culturais no Luso Sporting Club, tendo se destacado como ator do Corpo Cênico e diretor da referida Instituição, onde permaneceu atuando até o seu retorno para Portugal. Em Manaus trabalhou duro buscando seu crescimento profissional, para sua subsistência inicia uma nova profissão a de barbeiro, homem extremamente generoso nas horas vagas ajudava arrancando dentes, para atender os patrícios menos favorecidos e principalmente pessoas pobres que o procurava.

Escreveu-se no Curso de Odontologia na “Universidade Livre de Manáos”, tendo iniciado seus estudos no ano letivo de 1917 a 1918, formando-se em 23 de dezembro de 1918. Contraiu matrimônio duas vezes, tendo ficado viúvo em ambos. Após a viuvez, conheceu a jovem Ermelinda Soeiro de Carvalho, também de nacionalidade portuguesa, ela natural de Guedeiras – Colônia de Sendim – Viseu com quem contraiu matrimônio, cuja, diferença entre eles era de nove anos.

Seu primeiro filho com Ermelinda nasceu em Manaus. Regressou definitivamente para Portugal em 1923, instalando seu consultório odontológico em sua residência em Moimenta da Beira, Distrito de Viseu. Ainda nesta casa nasce o segundo filho que, por vontade dos pais, chamou-se Diógenes, mas tarde, resolveu alugar uma casa em Braga, localizada no Campo da Vinda, nº 49, para onde mudou-se com toda família. Nesta casa exerceu com dignidade e profissionalismo o sacerdócio de médico dentista. O tempo passa e Deus proporcionou ao casal mais quatro filhos.

Após sua morte esta casa foi ocupada pelo filho mais velho Diógenes, o único a nascer em Manaus, que como pai tornou-se médico dentista como é o ensino em Portugal e, passou a ocupar o consultório deixado pelo pai.

Seus filhos Demóstenes, Tereza e Manuel imigraram para o Brasil. Demóstenes tornou-se industrial na cidade do Rio de Janeiro, aonde veio a falecer. Manuel reside em Belém do Pará e Tereza residiu em Manaus, até falecer.

Manuel Rodrigues do Nascimento foi um homem com enorme contribuição ao Diretório do Centro Republicano Português, em cujas sessões foi sempre um eloquente orador. No Luso Sporting Club escreveu sua história fruto do labor coletivo e a partilha das encenações teatrais, onde alimentado pelo prazer criativo da bela arte deu vida a seus personagens, que permanecem silenciosamente nas paredes do centenário club, cujas, lembranças continuam vivas no cenário imaginário de nossas mentes.

No dia 29 de maio de 1920 em virtude da preparação em seu regresso a Portugal renunciou a diretoria do club. Igual participação atuou em defesa da classe de Odontologia na Associação Amazonense de Cirurgiões Dentista. Seus filhos Ilcia, Aristóteles e Diógenes residem em Portugal. O Luso Sporting Club quando de sua partida definitiva para Portugal prestou significativa homenagem no dia 29 de fevereiro de 1920, perdia o Amazonas um grande homem e ganhava Portugal um excelente profissional. Manuel Rodrigues do Nascimento faleceu na cidade de Braga, em Portugal no dia 20 de janeiro de 1946.

*Informações obtidas pessoalmente pelo autor quando de sua visita a cidade do Porto em Portugal, onde nesta ocasião foram prestadas por sua sobrinha (filha) senhora Maria Ermelinda Faria de Carvalho.

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O programa Literatura em Foco apresentado por Abrahim Baze, recebeu na Academia Amazonense de Letras a Professora Mestra, Deusa Costa, licenciada em História pela Universidade Federal do Amazonas e mestra em História Social do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que durante a entrevista aproveitou o momento para falar da sua nova obra literária, intitulada “Quando viver ameaça a ordem urbana” pela Editora Valer.

Durante a entrevista a Professora Mestra fez uma incursão sobre o processo de urbanização da cidade de Manaus no período de 1890 a 1915, enfatizando que a valorização do perímetro urbano não promoveu a segregação das classes populares de seu espaço físico, processo que não impediu a construção de uma identidade e a luta dos trabalhadores da época.

A entrevista completa você pode conferir através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.

*Com informações da ASCOM-AAL

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