Em um encontro marcado por diálogos enriquecedores e troca de experiências culturais, o presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), o médico e escritor Aristóteles Comte de Alencar Filho e o vice-presidente da AAL, o historiador e escritor Abrahim Baze, realizaram uma visita ao quartel-general do Comando Militar da Amazônia (CMA). A presença da AAL no CMA fortaleceu os laços do Exército Brasileiro (EB) com a Academia, e assim, promoveu um intercâmbio cultural benéfico tanto o meio literário quanto o militar.
Os representantes da AAL foram recebidos pelo Chefe do Estado-Maior do CMA, General de Brigada Triani, que ressaltou a importância da preservação da memória histórica da Amazônia. Durante a visita, além de conhecerem as missões e atividades desenvolvidas pelo CMA no presente, os representantes da Academia puderam relembrar mais sobre a história da sua fundação ao visitarem o Espaço Cultural Capitão-Mor Pedro Teixeira, local de exemplo vivo da dedicação deste Comando Militar de Área diante da preservação histórica da região.
O espaço cultural oferece uma visão detalhada do papel desempenhado pela instituição ao longo dos anos. O encontro foi uma oportunidade única para ambos os lados. A AAL, conhecida pelo compromisso com a literatura e a história regional, encontrou no CMA a parceria e dedicação à preservação e divulgação da rica história amazônica.
A união entre a Academia Amazonense de Letras e o Comando Militar da Amazônia demonstra que, cultura e defesa caminham lado a lado, e contribuem para a construção de uma Amazônia mais consciente da sua riqueza e diversidade.
*Com informações – Assessoria de Comunicação do Comando Militar da Amazônia (CMA)
Joaquim Gonçalves de Araújo é um nome para todo o Estado do Amazonas expressiva e valiosamente sintetizado nas iniciais J. G. que ainda ecoam em todos os quadrantes do Estado.
“Os homens não valem pelo privilégio da fortuna de que desfrutam ou do poder que, eventualmente, conseguem empalmar, mas pelo que produzem em prol da coletividade”.
Joaquim Gonçalves de Araújo é um nome para todo o Estado do Amazonas expressiva e valiosamente sintetizado nas iniciais J. G. que ainda ecoam em todos os quadrantes do Estado como símbolo de uma verdadeira potência comercial e industrial. Procedente de Portugal, muito jovem, iniciou a sua vida comercial em vendas modestas e humildes. Há poder de perseverança, trabalho e dinamismo o Joaquim vendeiro foi conquistando terreno patino a patino no conceito dos seus coevos, alcançando o prestigioso posto de chefe da firma J. G. que ainda hoje é um símbolo e, foi nos áureos tempos do ouro negro, uma potencia econômica e financeira em todos os recantos do estado. Além do título de Comendador conquistou um titulo de nobreza na nobiliarquia lusa pelo muito que realizou em beneficio da colônia.
A Sociedade Portuguesa Beneficente foi uma das beneficiárias da sua atuação como presidente e protetor da entidade.
A sua presidência foi de todo o decorrer do ano de 1897.
O seu relatório é altamente histórico porque focaliza as atividades de um dos anos mais prósperos da consolidação da sociedade.
Tão elucidativa é esta peça que vai em grande parte transcrita sem comentários.
Assistência Hospitalar aos Indigentes
Nobre por todos os títulos foi a iniciativa de instituir as chamadas camas de caridade para socorrer os indigentes. Tal iniciativa mereceu um capítulo do relatório que deve ser escrito neste histórico em razão do espírito altamente filantrópico em que está vagado.
Camas de Caridade
A mais bela iniciativa da nossa sociedade no ano social que agora finda, é sem dúvida, a da instituição das camas de caridades destinadas a receber independentemente de nacionalidade todos os indigentes que reclamarem os serviços do hospital.
Esta ideia generosa e humanitária, que há de atrair incontestavelmente a nossa sociedade muitas dedicações, profundas simpatias e sinceras bênçãos, deve merecer a todos nós uma atenção especial, abranger uma parte das nossas vistas e se, for até preciso, uma parte dos nossos sacrifícios.
Nelas está representada a verdadeira filantropia e por conseguinte um dos mais belos florões que a nossa sociedade ostenta na sua coroa de glória.
A diretoria que de vós recebeu o honroso mandato de gerir, no ano findo, os negócios sociais, sabia perfeitamente que a lei vigente determina que os benefícios, da nossa sociedade devem principalmente convergir para os seus associados, mas entendeu também, que não devia por motivo algum, despedir, sem comiseração, os infelizes que em precárias circunstancias e lutando com a morte viessem reclamar os serviços do hospital, porque seria menosprezar a maior virtude que nobilita o homem, o amor do próximo e, renegar as tradições e os fins altruístas da nossa instituição.
Daí o abraçar com toda a atina a ideia das camas de caridade e trabalhar, com empenho, para a sua fundação e desenvolvimento.
Esta ideia tão generosa como sedutora, partiu do nosso irmão pelo berço, do patriota a quem a sociedade muito deve e mais deveria se pelas disposições da nossa lei orgânica lhe fosse permitido associar-se, o sr. Francisco Gonçalves da Costa Porto, o amigo que tantas provas de afeto tem, dado a nossa terra, que é também a sua e tantas vezes temos visto o nosso lado, ora seguindo, cheio de entusiasmo e de crença as nossas manifestações de jubilo, quando a nossa pátria alcança um triunfo ou comemora uma data gloriosa, ora acompanhando os nossos protestos, indignado e altivo, quando a ambição dos fortes vibra covardemente sobre ela a chicotada miserável de uma afronta.
Foi deste cavalheiro que partiu, com o primeiro donativo, essa iniciativa a que hoje não há ninguém que negue o seu concurso, o seu auxilio e a sua homenagem, sendo logo perfilhada pelo nosso distinto consócio sr. Luiz Eduardo Rodrigues, com verdadeiro fanatismo e louvável generosidade.
Por proposta do nosso digno consócio e mordomo, o sr. Porfiro Varela, um batalhador infatigável, um sincero amigo da nossa instituição, foram as camas fundadas no dia 5 de setembro de 1898, dia imperecível em que uma nova aurora surgiu neste imenso estado e a civilização mais um triunfo na sua carreira luminosa, data gloriosa, que há de sempre nos lembrar a maior conquista social e moral do povo amazonense, porque milhares de mártires viram desfazer-se nesse instante as algemas da escravidão que lhes arroxeavam os pulsos e, puderam ver pela primeira vez, de fronte erguida, o sol formoso da liberdade. Assim aquelas camas não representam somente uma obra meritória, um exemplo de caridade, são também um monumento que sintetiza a comemoração de um grande dia, a consagração de um acontecimento inconfundível, a abolição da escravatura, nesta bela e riquíssima região.
Comendador José Cruz, presidente 1962 a 1992. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Representante de portugueses intimamente unidos aos brasileiros, pelas tradições, pelo passado, pela história, tendo no Brasil uma terra generosa e hospitaleira, a nossa sociedade provou assim que não considera esta grande união apenas como um campo de trabalho e de luta frias que ligam um pensamento mais nobre e elevado, que vê nela uma segunda pátria, alegando-se com os seus triunfos e comemorando jubilosamente os seus dias de glória.
Dos serviços que as camas de caridade, apesar da sua fundação recente, tem prestado aos desprotegidos da fortuna, podeis formar um juízo seguro pelo mapa que vai seguidamente desenvolvido e, do bom acolhimento que lhes tem sido feito, encontrais uma prova irrefutável e consoladora no documento adiante publicado.
Júlia Barjona Labre – A última hóspede da Beneficente Portuguesa
Atendendo um pedido do Cônsul de Portugal em Manaus, Dr. Emídio Vaz D’Oliveira e do empresário das comunicações Jornalista Phelippe Daou, naturalmente contando com a generosidade do Comendador José Cruz, Presidente da Beneficente Portuguesa à época, a professora Júlia Barjona Labre foi a última hospede do hospital português.
O que era comum naquela época desde o início do século, o hospital português sempre recebeu hóspedes portugueses que não tinham familiares em Manaus e, naturalmente faziam doações de suas propriedades para o referido hospital e desta forma na condição de sócio passavam a morar até sua morte nas dependências do hospital. Foram muitos aqueles portugueses que participaram efetivamente deste projeto de generosidade.
Júlia Barjona Labre, (professora Julitta para os íntimos) nasceu no dia 4 de abril de 1887, no Estado de São Paulo, filha de Luís Araújo Labre e Isabel Maria Barjona Labre. Fez seus primeiros estudos no Liceu Nacional de Lisboa, Portugal. Uma escola tradicional, fundada em 1836, com nome de Liceu Passos Manuel, hoje, Escola Secundária de Camões. Instalado à época no Palácio de Regaleira, no Largo de São Domingos. Ainda hoje, esta tradicional escola mantém o ensino noturno e continua a ser uma das maiores escolas secundárias do país.
Júlia Barjona Labre (Julitta). Nasceu em 4 de abril de 1887, filha de Luiz Araújo Labre e Isabel Barjona de Freitas. Cartão postal produzido por Silvino Santos, 1921. Foto: Acervo de José Paulo Macedo
Segundo depoimento deixado por escrito pela própria dona Julitta, ela destaca:
[…] Posso dizer que nasci em berço de ouro. Nunca soube na vida estudantil o que era dificuldades. Meus avós e meus pais abastados, sempre me cumularam de tudo o que precisava para uma vida tranquila e confortável. Sempre tive o direito de escolher os lugares para passar os meus períodos de férias escolares. Foi assim que conheci Paris, Bordéus, Liège, Madri e vários outros lugares bonitos. Gosto de criança, de todos os animais sem exceção e por toda vida sigo um lema: Meus amigos não têm defeitos, meus inimigos, se existem, não têm qualidades.
Em Belém do Pará, sua mãe e sua avó foram proprietárias do Colégio Progresso no qual venderam, mais tarde, ao Dr. Arthur Theodulo dos Santos Porto, tendo passado a denominar-se Colégio Progresso Paraense. Arthur Theodulo dos Santos Porto nasceu a 4 de abril de 1866, na cidade de Recife, Pernambuco, sendo seus pais: o Conferente de Alfândega, Coronel João dos Santos Porto e dona Emília dos Santos Porto. Fez seus primeiros estudos nessa cidade, tendo, mais tarde, ingressado na Faculdade de Direito onde foi aluno de Tobias Barreto, entre outros tantos mestres de excepcional talento.
Concluído o curso jurídico, viajou para o Estado do Pará, onde assumiu o Cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Bragança, posteriormente, foi oficial de gabinete do Governador Dr. Justo Chermont, cargo que desempenhou até 1890, quando retornou a Pernambuco.
Júlia Barjona Labre chega ao Amazonas em 1907 e, desde logo, iniciou magistério com sua mãe Isabel Maria Barjona Labre e sua avó Júlia Barjona de Freitas as quais fundaram, nesta ocasião, o Colégio Progresso na Avenida Sete de Setembro, onde neste local, mais tarde, foi construído o edifício Antônio Simões. Posteriormente, o Colégio Progresso foi transferido para um sobrado com porão habitável na Avenida Joaquim Nabuco, esquina da Rua Lauro Cavalcante. Ainda no depoimento escrito por Júlia Barjona Labre, ela retrata Manaus no período de sua chegada:
Voltou ao Estado do Pará no ano seguinte para casar com dona Júlia Pinheiro, filha do ilustre e respeitável Coronel José Caetano Pinheiro, Senador da República e um dos líderes políticos de maior prestígio. Foi também atuante advogado no fórum de Belém, onde soube honrar durante muitos anos de intensa atividade defendendo causas cíveis e criminais. Foi professor na cadeira de Geografia do antigo Liceu Paraense e, posteriormente, de História Universal na Escola Normal do Pará, onde obtivera cátedra dessa disciplina em 1893, em 1927, foi nomeado desembargador no Tribunal Superior de Justiça.
[…] Quando cheguei a Manaus, encontrei dois ótimos serviços, energia elétrica e o serviço de bondes, que em nada ficavam a dever aos de Portugal e aos da Europa na época. Manaus era uma cidade pequena, mas com povo muito trabalhador e muito hospitaleiro. Nos clubes sociais como o Internacional e outros, reunia-se a sociedade em grandes festas. Nos clubes nada se pagava, os sócios tinham direito a pedir o que fosse de seu agrado sem qualquer pagamento. Do champagne ao vinho do porto, etc. Manaus, por esse tempo, recebia a visita de grandes artistas, de companhias famosas de toda a Europa. As famílias também gostavam de reunir-se com os amigos em casa.
A professora Júlia Barjona Labre, mestra de tantos alunos ilustres, como Phelippe Daou e Milton Cordeiro, promoveu com sua escola um ambiente mais propício ao seu acentuado pendor didático, pôde ela lecionar neste tradicional colégio até 1963, quando, definitivamente, aposentou-se do magistério, auferindo desse trabalho os meios de subsistência para ela e para aqueles que permaneceram em sua volta, buscando sempre conquistar altíssimas relações as quais lhe valeram grandes momentos de amizade. Exerceu o magistério de forma prazerosa durante cinquenta e sete anos. Nesse sacerdócio, viveu os melhores dias de sua vida, teve alunos exemplares, lecionou para os filhos das melhores famílias que ela conhecia. Teve sob a sua guarda várias gerações de amazonenses dos quais ela se orgulhava muito, pois todos eles se destacaram na vida profissional e foram, para ela, motivo de grande satisfação. A professora Julitta destacou um amigo inesquecível, Ruy Araújo. Ela, ainda, destaca no seu depoimento:
[…] O Amazonas na época do ouro negro transbordava de grandeza, mas com a queda da borracha e o registro da crise dela consequente, tudo se modificou no Amazonas. Todo mundo sentia na carne os efeitos da crise. Eu e minha família também dela não escapamos. Minha avó, por exemplo, perdeu tudo o que possuía e que estava aplicado no interior, através das mais importantes firmas da terra, que desapareceram na voragem da crise econômica sem precedentes na história do Amazonas. São tantas as recordações boas e más, da minha carreira, que não me atrevo a dizer qual delas a que me deixou marcas mais profundas. Devo, no entanto, dizer que amo verdadeiramente os “meus filhos” e “meus netos” e sinto uma alegria e prazer imenso quando sei que algum deles está prosperando, alçando-se a posições mais importantes na vida.
Júlia Barjone Labre, no Hospital Beneficente Portuguesa, 1971. Foto: Acervo de José Paulo Macedo
Seu nome está perpetuado na Escola Municipal Júlia Barjona Labre que, à época de sua criação, era uma pequena casa de madeira de iniciativa do Projeto Pró Morar São José 1, na administração municipal do Prefeito José Fernandes e teve as obras concluídas na administração do Prefeito João Furtado, cuja, inauguração ocorrera em agosto de 1982.
A primeira gestora dessa escola foi a professora Dalva Sueli Moraes Mota. Outros profissionais também tiveram importante dedicação a essa escola como, por exemplo, Joaquim de Oliveira Reis, João Bosco Dutra da Silva, Gilmar da Silva Oliveira, Jocelim Umberto da Silva Oliveira, Brigida Meneses e Tarcísio Serpa Normando.
A professora Julitta após se aposentar e por influência do Comendador Emídio Vaz D’Oliveira e Phelippe Daou, foi lhe concedido um aposento no Hospital Beneficente Portuguesa, onde permaneceu até falecer. Ela, quando em vida, sempre destacou grandes amigos e companheiros de todas as horas: Isabel Barbosa de Macedo, viúva do Sr. José Manuel de Macedo; Eneida Araújo de Vasconcelos, filha do Dr. Ruy Araújo e dona Elena Araújo; Paulo Fernando Cidade Araújo; Maria Ermelinda Pedrosa de Medeiros; Valdir Medeiros; Maria do Céu Vaz D’Oliveira; Rômulo Rabelo; Osvaldo Said; Djalma Batista; Penido Burnier; Pedro Araújo Lima; Renê Gutierrez. Dona Isa Pedrosa, viúva do Dr. Valdemar Pedrosa e mãe de dona Maria Ermelinda.
Ao escrever este artigo, volto a um período importante da minha infância e juventude, onde, por tantas vezes, transitei naquele espaço do Colégio Progresso.
Sonhar e acreditar. Destas duas qualidades resultam as realizações sociais e os fazeres do espírito humano – fatores indispensáveis para perpetuação das aspirações enobrecedoras e a construção de possibilidades efetivas para existência humana.
A professora Júlia Barjona Labre formou muitas gerações de homens e mulheres os quais souberam colocar em prática valores e atitudes que, com ela, aprenderam.
A existência dela enquanto viveu entre nós, foi marcada pela vontade de servir e projetar seus alunos para o futuro. Essas considerações me ocorrem enquanto constato que, na sua escola, ela utilizou o conhecimento como pátina, no cinzelamento do conhecimento de todos aqueles alunos que beberam na fonte de seus ensinamentos.
A vida é uma aventura em que os justos e os bons, apesar das provas e desafios, afirmam, com a força de seu caráter e com suas ações, as marcas de sua singularidade e grandeza de suas atitudes. Eis, aí, o diferencial o qual distingue as almas nobres, daqueles que vivem nas sombras ou contentam-se com a pequenez de seus sentimentos.
A trajetória dessa educadora foi reveladora de seus múltiplos compromissos com o sacerdócio de ensinar, com a vida e com a possibilidade da construção de uma sociedade que se destacou no Estado do Amazonas. A existência dessa mestra foi uma prova do poder de transformação do saber, isto é, o triunfo da vontade de ensinar. Sua vida foi vitoriosa porque era alicerçada na crença de seus pais de que o maior patrimônio que poderiam legar aos filhos era o conhecimento.
Poucas pessoas, nesse universo escolar, têm um espaço reservado na história da nossa cidade depois de longos e proveitosos anos de magistério. A mestra Júlia Barjona Labre descreveu nossa cidade como observadora atenciosa e, como se nós pudéssemos vê-la debruçada na janela de sua escola, nas tardes de domingo, que, por tantas vezes, eu presenciei na pacata cidade de Manaus onde ela escolheu para viver.
Além do círculo de amizades de nosso entorno, ela impressionava com uma amizade muito próxima de personalidades da família real, era a sua vertente mágica de construir boas amizades, pela singularidade dos seus conceitos e, principalmente, pela forma de que seus pais promoveram sua educação. O seu absoluto e elegantíssimo domínio da língua portuguesa, fez dela uma sedutora para quem teve a felicidade de ouvi-la e conviver com ela.
É certo que não só por meio da palavra os mortais podem passar à posteridade, tão significativos e ilimitados foram suas raízes a partir de seus pais, muito especialmente a sua mãe Isabel Maria Barjona Labre, que ao receber o óleo santo do batismo e a água purificadora na Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Mártires, Conselho do Bairro do Rossio, Distrito Eclesiástico do Patriarcado de Lisboa, através do Padre Narciso José Pinto, nesta ocasião, foi seu padrinho Sua Majestade o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, por seu bastante Procurador o Excelentíssimo Barão de Itamaracá, seu Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário nesta Corte e recebeu como Madrinha Nossa Senhora da Conceição. Dessa forma, buscando encontrar nas curvas do tempo fatos históricos que valem a pena ficar como registro nesta viagem de rememorações, reencontros e revelações.
No seu acervo pessoal, encontramos cartões de Natal, cartão pessoal da Princesa Esperanza da Família Imperial Brasileira, com foto da Princesa dona Esperanza, Príncipes Dom Pedro Carlos e Dom Pedro de Orleans e Bragança, enviados do Palácio Grão Pará em Petrópolis, Rio de Janeiro. Além de muitos documentos, um bilhete postal produzido por Manáos – Arte – J. G. Araújo & Cia., Ltda., cuja produção artística era de Silvino Santos, com a foto de Júlia Barjona Labre. A importância da família Labre também está em um registro memorável na fundação da cidade de Lábrea, onde ocorrera a saga das terras dos índios Apurinã e Palmary, como bem destaca o Professor Doutor Hélio Rocha, na sua obra “Coronel Labre”. Antônio Rodrigues Pereira Labre (1827-1899), Coronel Labre maranhense, fundou, organizou e governou esta cidade as margens do Rio Purus, no ano de 1871.
Depoimento escrito por Júlia Barjona Labre
Escola Municipal Júlia Barjona Labre/Professor Carlos Alberto Monteiro de Oliveira;
Informações cedidas pela família do Desembargador Athur Porto através de Raul Porto, Belém do Pará;
Informações e documentos cedidos por José Paulo Macedo;
Até o dia 31 de julho, estarão abertas as inscrições do Concurso Literomusical Maria Callas em comemoração ao centenário da grande soprano. Com o tema “A trajetória artística de Maria Callas”, o concurso tem como público-alvo, alunos do Ensino Médio, Universidades e Faculdades, apreciadores e pesquisadores da literatura e da música.
As produções poderão serem apresentadas em modalidade de redação/artigo, em formato digital, anexado à formulário de inscrição.
As premiações cedidas de forma classificatória em primeiro R$ 1.000,00, segundo R$ 800,00 e terceiro lugar R$ 600,00, conforme estabelecido no edital.
O concurso está sendo realizado por meio do Termo de Fomento celebrado com o Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, com recursos da Emenda Parlamentar de autoria da Alessandra Campêlo.
A Academia Amazonense de Letras teve grande destaque entre diversas categorias da literatura.
Alunos da 2º série do Ensino Médio do Centro Educacional Sandra Cavalcante (CESC) promoveram a Primeira Feira Literária no auditório da instituição, com o objetivo de incentivar a leitura e aprendizado sobre a literatura brasileira.
Com a presença de pais de alunos, professores e demais alunos, a feira contou com três expositores sobre literatura e cultura, entre os expositores estava a Academia Amazonense de Letras, apresentada pelos alunos da turma da 2º série do Ensino Médio.
A exposição da Academia Amazonense de Letras produzida pelos alunos, contava com uma ornamentação padrão da instituição, seguido de objetos antigos como máquina de datilografar e símbolos referente a época como a caneta de pena entre outros objetos, livros produzidos pela Academia também estavam em exposição.
A feira contou com a presença do membro acadêmico Júlio Lopes que neste ato representou o Presidente da Academia Amazonense de Letras, Dr. Aristóteles Alencar. Na oportunidade o Acadêmico Júlio Lopes destacou um breve relato sobre a história da instituição acadêmica, feitos dos imortais e a produção literária dos seus títulos lançados, além de realizar a doação de seus livros.
“Fui muito bem recepcionado pela diretora Ziza Martins e pude viver um momento mágico e de muita interação com aqueles jovens brilhantes e caprichosos. A educação e cultura são duas colunas fundamentais para a formação humana”. Disse o Acadêmico Júlio Lopes.
Segundo o Acadêmico, a Feira Literária foi de extrema importância e uma honra poder prestigiar a apresentação dos alunos, que promoveram um trabalho primoroso, sob qualquer ponto de vista, seja na caracterização do espaço, seja no conteúdo do trabalho a respeito do Silogeu.
Durante as apresentações, os alunos promoveram um momento histórico através da encenação com figurinos e efeitos especiais, uma mini-peça teatral foi apresentada sobre a história de Annelies Marie Frank, uma adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto.
Para o aluno Pedro Vasconcelos do ensino médio, a ideia da feira é para apresentar a literatura em suas diversas categorias com ênfase na representação da Academia Amazonense de Letras além de propagar a instituição acadêmica aos visitantes.
A Diretora-Geral, Ziza Martins destacou a importância do evento para os alunos, nesses 30 anos de atividades educacionais, a presença da Academia Amazonense de Letras é de grande importância e marco cultural por proporcionar aos jovens e adultos um grande incentivo na produção literária.
A Feira Literária finalizou com um breve discurso do Acadêmico sobre a vida escolar, a leitura, a escrita e a espiritualidade, em seguida declamou o poema “Superação”, encerrando com a realização de sorteios de cinco livros intitulados “Letras do Amanhã”, fruto do projeto social promovido pela Academia com os alunos do ensino médio da rede pública estadual de ensino que teve como orientador o Diretor de Edições da Academia, Dr. Robério Braga, os alunos sorteados, receberam os livros pelas mãos do Acadêmico Júlio Lopes.
É essa ação constante, metódica, consciente, heroicas algumas vezes, abnegadas outras e amiga sempre e sempre útil, que destacamos a fundação da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas.
A verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo o seu significado e em todas as suas minúcias, o que tem sido a ação dos portugueses no Brasil é fundamentalmente indispensável saber como eles aqui chegaram, como se aclimataram e de que forma exerceram sua natural tutela sobre as populações indígenas, qual foi a sua diretriz sob o ponto de vista civilizador e com que recursos se serviram para ocupar e colonizar tão enorme trato de terreno, muitas e muitas vezes superior a pequena grande nação do extremo da Europa, de onde vieram e como defenderam a terra das investidas de piratas audaciosos e de conquistadores exóticos, preservando o Brasil em sua soberba integridade para que, chegada a hora lógica da Independência, não estivesse desfalcado em um só palmo e pudesse ser uma das maiores e mais ricas nações de todo o mundo.
Cumpre ver como eles aqui trabalharam e continuam trabalhando, como concorrem para a formação étnica da nacionalidade, imprimindo, quer pela comunidade da língua e dos sentimentos, quer pelo caldeamento operado pela formação de famílias, o caráter nitidamente lusíada. De importância capital é o fato de terem, com a unidade religiosa que implantaram, criado as mais remotas e profundas raízes da unidade nacional, visto que, nas grandes lutas contra franceses e holandeses, essa unidade religiosa desempenhou o mais saliente de todos os papéis.
Para tanto, temos que fazer, embora em resumo, mas, com a possível clareza, um dado histórico, abrangendo um dilatado espaço de tempo.
Comendador José Teixeira de Souza, fundador e primeiro Presidente. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
A ação dos portugueses no Brasil começou precisamente há quinhentos e vinte e quatro anos e não se interrompeu até hoje, mantendo-se sempre, de etapa em etapa, de geração em geração, através das diversas modalidades impostas pela evolução natural, social e política: – Brasil – Colônia – Nação na plenitude da sua emancipação política.
A ação dos portugueses no Brasil começou nesse longínquo dia, em que as naus de Pedro Álvares Cabral, de velas enfunadas por fortes ventos, parecendo brancas pombas prestes a fechar as asas depois de prolongado voo, avistaram, na venturosa Semana da Páscoa, o alto monte que lhes surgia como sentinela avançada de um deslumbrante continente. O primeiro contato estabelece-se sem um tiro, sem uma hostilidade, sem uma desconfiança e as primeiras palavras são o brando ciclo das místicas palavras de uma missa em ação de graças. Ergue-se uma Cruz na terra virgem. É a ocupação pacífica, em nome do Rei, mas, sob a invocação de Deus.
É o ponto de partida para uma gloriosa caminhada. No simbolismo do sagrado lenho feito de rígida madeira da primeira árvore derrubada na floresta imensa por mãos europeias, há, digamos assim, um prenúncio, uma promessa, um compromisso e até um pacto! Aí se define o que mais tarde virá a ser o caráter brasileiro, formado pela influência espiritual do Cristianismo e pela influência racial da civilização lusíada. É com tanta firmeza que se solidificam esses dois princípios que, passados quinhentos e vinte e um anos, o Brasil forma na vanguarda dos povos cristãos a sua raça já em pleníssima projeção, tem o indiscutível timbre de “Lusíada”.
José Gonçalves de Araújo, fundador (fotografia cedida pelo seu sobrinho, prof. Carlos Alberto Araújo). Foto Abrahim BazeAcervo pessoal
É essa ação constante, metódica, consciente, heroicas algumas vezes, abnegadas outras e amiga sempre e sempre útil, que destacamos a fundação da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas. O Brasil sabe para onde vai, justamente porque sabe de onde veio. A aliança luso-brasileira não depende de tratados, porque está nos glóbulos sanguíneos de todos nós, afinal falamos a mesma língua. Somos dois povos absolutamente independentes, vivendo em continentes diversos, separados unicamente por um grande oceano, mas, somos uma só Raça: “Lusíadas do Brasil”.
O Conhecimento destas circunstâncias constitui o mútuo e legítimo orgulho de brasileiros e portugueses, especialmente os nascidos no Amazonas: o daqueles pela ascendência que tiveram, o destes pela obra que iniciaram e prepararam. No conjunto dessa obra formidável, que é o Hospital Português de hoje, encontra-se sempre de porta aberta promovendo a saúde de nosso Estado.
Registrar para a eternidade os flagrantes memoráveis e históricos da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas, em comemoração aos 150 anos de sua histórica fundação, é motivo de satisfação profunda para a comunidade portuguesa.
A presença da Pátria Mãe, “Portugal”, no Brasil é forte e grandiosa. Na atividade comercial, na construção civil, na indústria, figuram eles, os lusitanos, com uma parcela muito grande no desenvolvimento do Amazonas, em particular no período áureo da borracha quando em, Belém e em Manaus e em núcleos urbanos do interior do Estado com maior expressão demográfica e econômica, criaram dezenas de estabelecimentos comerciais, com que exerceram uma salutar atividade econômica, proporcionando ao Amazonas grande crescimento econômico.
Estas verdades históricas resultam o espírito de luta dos bravos irmãos lusitanos que se deslocaram do seu País para desbravar a nossa terra, isto não significava apenas o seu bem-estar social, mas, principalmente o crescimento de uma região.
A figura importante do Presidente da Província, Dr. Domingos Monteiro Peixoto, representa de forma brilhante a personalidade que marca na fase pré hospitalar, como o doador da terra solicitada sob a autorização e proteção de S. M. D. Pedro II, o chefe supremo do Governo Imperial.
O Tenente Coronel José Coelho de Miranda Leão, Presidente da Câmara Municipal da época, teve seu papel de suma importância na vida inicial da Real e Benemérita Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas, ele expediu o “auto da concessão” do terreno, que tinha 9.952 m2, no Largo da Uruguaiana.
Concedido o terreno, o então Presidente José Teixeira de Souza desdobrou-se no sentido de implantar o hospital, chegando a lançar a pedra fundamental a 16 de agosto de 1874, pedra fundamental que representa o grande símbolo do velho sonho que só veio se concretizar 20 anos depois e em outro local bem distante.
O esforço em busca do vil metal era grande, quermesses, arraiais, teatros, festivais, subscrições e arrendamento de pavilhão, construído para este fim, foram algumas atividades que promoveram os heróis fundadores, com isto, somando recursos para a construção do sonhado hospital, cuja, primeira enfermaria chegou a ser construída e não foi usada em fase da alienação da propriedade que ocupavam pelo governo.
No dia 17 de dezembro de 1893, inaugurava-se o hospital na sede atual, na antiga estrada Corrêa de Miranda, hoje Av. Joaquim Nabuco, inaugurada na Presidência em exercício do Sr. Francisco Nicolau dos Santos, cuja, inauguração recebeu a honrosa presença do então Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro.
A Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas é uma entidade de assistência à colônia portuguesa local, nascida como as demais do País, do espírito de solidariedade de um grupo de cidadãos lusos que, reunidos em casa do Comendador Francisco de Souza Mesquita, cujo, endereço a ata não registra, planejaram, discutiram a sua organização e fundação no dia 31 de outubro de 1873.
O Brasil era serenamente dirigido pelo Magnânimo Imperador D. Pedro II. Portugal tinha como timoneiro D. Luiz e a Província do Amazonas era conduzida pelo seu 14° Presidente da Província, o Bacharel Domingos Monteiro Peixoto, cidadão que tinha profunda e justa simpatia à Colônia Portuguesa radicada na grande Província. Sob a égide desses timoneiros, nasceu e realizou-se o sonho da criação da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas.
Leopoldo Cavalcanti Krichanã da Silva, médico e atual presidente da Beneficente. Foto Acervo da família
O Amazonas – diz o ilustre amazonólogo e historiador Arthur César Ferreira Reis – experimentava a época, a euforia dos bons ventos. Seus produtos de exportação já lhe permitiam um caminhar tranquilo, a passo certo e seguro. Os homens, que haviam corporificado na Beneficente o sentimento de solidariedade humana que os congregava, eram partes integrantes daquele movimento de trabalho, de criação de riquezas que estavam começando a atrair o interesse do exterior e a provocar a ascensão mais dinâmica da região. Presidia a Província o Dr. Domingos Monteiro Peixoto, que se solidarizando com o grupo lusitano que se lançava a tamanho empreendimento, assegurou-lhe as facilidades que o poder público podia oferecer, de tal modo se havendo na concessão dessas facilidades que o Governo de Portugal lhe concedeu a graça do título de Barão de São Domingos.
A Rua Barão de São Domingos, de nossa cidade, tem a sua história ligada à Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas, conforme registro do grande historiador amazonense. Passou na presidência da instituição vários homens que dignificaram a continuidade deste empreendimento, tais como: Comendador José Cruz, que presidiu o hospital por mais de três décadas, Alfredo Monteiro Vieira e o atual presidente Leopoldo Cavalcanti Krichanã da Silva e tantos outros nomes que escreveram suas histórias neste hospital.
A obra literária é considerada um dos contextos mais emblemáticos da cultura ocidental, publicado pela primeira vez em 1511.
A Academia Amazonense de Letras recebeu no Salão do Pensamento Amazônico Álvaro Maia, convidados e amantes da literatura para o lançamento da obra intitulada “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdã, com tradução direta do latim de Antônio Guimarães Pinto, publicado pela Editora Almedina.
O lançamento contou também com a presença da Gestora da Escola Estadual de Educação Especial e de Surdos Augusto Carneiro dos Santos professora Haydeê Carneiro, Professora da Faculdade Uninorte Yeda Carneiro e Professor da Faculdade Nilton Lins Raimundo Nonato de França Fonseca, além da presença dos membros Acadêmicos como Elson Farias, Marcos Frederico Krüger, Sérgio Cardoso, Mazé Mourão, Carmem Novoa e Marcus Barros e Marilene Corrêa.
A Composição de Mesa de Honra foi formada pelo autor da obra Prof. e Dr. Antônio Guimarães Pinto, Presidente da Academia Amazonense de Letras, Dr. Aristóteles Alencar, Vice- Presidente Abrahim Baze, Profa. Dra. Marilene Corrêa e Prof. Dr. José Alcimar de Oliveira.
Durante a cerimônia, o autor destacou a produção da obra literária como um dos emblemáticos da cultura ocidental publicado pela primeira vez em 1511, é uma das críticas mais implacáveis à vaidade, orgulho e contradições da natureza humana e apresenta uma mensagem de funda espiritualidade e afirmação na defesa dos valores do pacifismo, ou “irenismo”, conceito de que Erasmo foi, senão o iniciador, pelo menos seguramente um dos maiores e mais eloquentes apóstolos.
Após a apresentação da obra, um grupo de coral formado pelos músicos Rosejane Farias, Ivete Angeli e Samuel Lucena e Adailson Cunha apresentaram o musical no estilo renascentistas – eruditas com três composições. Toda programação teve a interpretação em libras realizada por Renan Rodrigues.
Os filhos do autor Alan Daniel Riker Lages e Miguel Antônio Lages da Silva Pinto e a sobrinha do professor, Bruna Maria Lages da Silva promoveram uma singela homenagem com a entrega de uma placa de agradecimento e um buquê de flores. O autor Antônio Guimarães Pinto recebeu das mãos da Acadêmica e Profa. Dra. Marilene Corrêa, o título de Membro Honorário da Academia Amazonense de Letras.
A cerimônia encerrou com a sessão de autógrafo e o coquetel ofertado aos convidados, servido no Salão Memorial da Academia Amazonense de Letras.
Sobre o autor: Antônio Guimarães Pinto, é graduado em Filologia Clássica pela Universidade de Coimbra (1978), mestrado em Literaturas Clássicas pela Universidade de Coimbra (1995), doutorado em Ciências da literatura pela Universidade do Minho (2001) e professor da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Granada, Espanha. Possui Pós-Doutorado do Ministério da Ciência e Tecnologia, de Portugal, desenvolveu trabalhos de pesquisa na Universidade Católica Portuguesa, atualmente é Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em 2015 realizou pós-doutorado na Universidade da Aveiro, centrado na obra lírica do poeta neo-latino Manuel Pimenta.
Neste sábado (08) a Academia Amazonense de Letras recebe o lançamento da obra literária “Elogio da Loucura”, produzida por Erasmo de Roterdã com tradução de Antônio Guimarães Pinto, publicada pela Editora Almedina.
O conteúdo literário trata-se de um dos emblemáticos da cultura ocidental, uma das críticas mais implacáveis à vaidade, orgulho e contradições da natureza humana.
A terceira geração de judeus marroquinos compreende o período da grande crise, que vai de 1920 a 1950, quando durante esse período de trinta anos, a economia amazônica entrou em crise.
A terceira geração de judeus marroquinos compreende o período da grande crise, que vai de 1920 a 1950, quando durante esse período de trinta anos, a economia amazônica entrou em crise e os descendentes da primeira geração e pioneiros, que se internaram nos mais remotos lugares, vilas, povoados e pequenas cidades da Amazônia, iniciaram o seu êxodo para Manaus e Belém. (BENCHIMOL, 1998).
Era, como disse acima, os tempos das vacas magras, de pobreza, penúria, quando os judeus – e juntamente os sírios-libaneses e nordestinos-cearenses – começaram a abandonar os seringais, castanhais, regatões, flutuantes, casas de comércio, sítios e fazendas, que já não valiam mais nada, em busca de sobrevivência nas capitais dos Estados do Pará e Amazonas.
E continua a narrativa do professor Samuel Isaac Benchimol, agora destacando Belém do Pará que já existiam organizadas duas comunidades religiosas:
[…] Em Belém do Pará já existiam organizadas duas comunidades, a de Essel (ou Eshel) Abraham, fundada em 1824 (1823) por Abraham Acris, e Shaar Hashamain, ao que tudo indica fundada antes, ou reinaugurada por marroquinos haviam emigrado para o Pará, no período de 1810 a 1920, ou seja durante cerca de um século, afluiu a Belém considerável massa de judeus que abandonaram as suas vilas e cidades de origem: Cametá, Baião, Gurupá, Breves, Macapá, Altamira, Santarém, Óbidos, Alenquer, Faro, Oriximiná, Itaituba, Boim, Aveiros, deixando pra trás os seus cemitérios abandonados, com os nomes de seus pais e mães esculpidos na lápide de mármore. Abandonaram as suas casas de moradias, os seus negócios e até, como no caso da Cametá, as duas sinagogas que chegaram a funcionar nessa cidade, de onde trouxeram os seus sefarim (rolos da Torah) para as sinagogas de Belém.
Muitos, principalmente mandaram os seus filhos para serem educados no pensionato de D. Sol Israel, bondosa e lutadora, esposa do senhor Elias Israel, filho pioneiro Judah (Leão) Elias Israel, que teve papel muito importante na salvação das crianças judias do interior do Pará e Amazonas, dando-lhes educação judaica e abrigando-as apesar da pobreza no seu lar. Seu marido, o senhor Elias Israel, que chegou a ser rico e próspero, para sobreviver foi ser Shaliaha da Sinagoga Shaar Hashamaim e como nada ou pouco recebia, vivia de ensinar, de casa em casa, os meninos judeus e, ao mesmo tempo, de vender no varejo como ambulante, botões de todos os tipos, para confecção e costureiras. Botões esses que os rebeldes e traquinos judeus tiquitos (pequenos) ralampeavam (haquitia para surrupiar) nas aulas de hebraico, para brincar nos seus times de futebol de botão.
Eram numerosas as famílias judias da terceira geração que haviam abandonado o interior para viver em Belém: Athias, Pazuelo, Benzecry, Serfaty, Levy, Obadia, Abtibol, Nahon, Bemergui, Benjó, Dahan, Elmescany, Bentes, Benchimol, Anijar, Aguiar, Benzaquem, Zagury, Hamu, Melul e centenas de outras famílias que, juntamente com os judeus locais, formavam um grupo de cerca de 600 famílias, num total de cerca de 3.000 judeus na década dos anos de 1930 a 1950.
A atividade comunitária era intensa, pois as duas sinagogas se encarregavam em proporcionar consolo espiritual para esses empobrecidos judeus que haviam, outrora, conseguido alcançar prosperidade durante o ciclo da borracha, de 1890 a 1910. As sinagogas Essel Abraham – Bosque, Arvoredo ou Pousada de Abraham, na Rua Campo Sales abrigavam os judeus mais pobres e os forasteiros (Toshavin), cuja rivalidade contra os sefaradins megorashin ainda permanecia.
Essa primeira e mais antiga sinagoga sempre foi denominada Esnoga de Los Pobres, (os judeus forasteiros, na sua pronúncia em hebraico, suprimiam a diferença fonológica entre o shin (chiante) e o sin (sibilante), e, por isso ao invés de Eshel Abraham se referiam a Essel Abraham, nome incorreto, pelo qual ficou sendo conhecida a esnoga dos forasteiros da Rua Campos Sales (Inácio Obadia, depoimento e correligionário), porém nunca faltava minyan (quórum de 10 judeus) para poder fazer certas orações como abrir o Hehal (área onde são guardadas os sefarim – rolos da lei) e dizer o Kadish (oração pelos mortos). Os forasteiros como eram muito mais religiosos e doutos do que os sefaraditas mantinham as suas tradições e eram muitas vezes mais exigentes no ritual, sobretudo na leitura da Torah, onde o Baal-Korê (leitor das escrituras em Lashon-Hakodesh-Língua Hebraica Sagrada) não podia cometer mais do que três erros.
Por esse motivo havia muitas discussões na sinagoga e muitas delas geravam brigas, desafios e malquerências, o que forçavam os revoltosos e dissidentes, muito a contragosto, a frequentar a sinagoga dos sefaraditas Shaar Hashamain, da Rua Arcipreste Manoel Teodoro, para depois regressar e fazer as pazes com a sua esnoga original. Esta era considerada, no passado, a esnoga dos aviadores e dos ricos, pois tinha muita imponência, embora o ritual não fosse tão rigoroso como na sinagoga da Campos Sales. Com o empobrecimento dos judeus de ambas as sinagogas, a primeira se tornou esnoga de los pobres forasteiros e a outra a pobre esnoga dos judeus aviadores falidos.
Prezença de Israel, Samuel e Isaac Benchimol, prefeito de Manaus Loris Cordovil, além de outros membros da Comunidade Judaica de Manaus, no lançamento da Pedra Fundamental da Sinagoga Beth Yaacov. Foto: Anne Benchimol/Acervo Sinagoga
Outra grande figura de judeu foi a do Major Eliezer Moyses Levy, que foi duas vezes Prefeito de Macapá e uma de Afuá, tendo o seu irmão Moyses sido Prefeito de Igarapé-Mirim. O Major Eliezer, mesmo nesses tempos de crise, jamais perdeu a sua consciência política e comunitária, pois após haver deixado o interior, onde além de político tinha uma companhia de navegação, foi um ardoroso sionista, tendo fundado o jornal A Voz de Israel. A sua filha Anita Levy fundou, na década dos anos 30, juntamente com seu primo, o erudito e sábio David José Perez, o Deborah Clube, uma associação de moças com o objetivo de fazer reuniões, festas e ajudar a comunidade. Um dos seus filhos, o Dr. Judah Eliezer Levy foi o arquiteto, construtor ou reformador de 3 sinagogas: Essel Abraham e Shaar Hashamain em Belém e Beth-Yaacov/Rebi Meyer em Manaus.
Muitos outros eminentes judeus atuaram, nesse período, tanto no campo religioso como na área comunitária e empresarial. Porém no campo religioso não podemos deixar de mencionar a liderança de Levy Obadia, Isaac Pinhas Melul, judeu de Cametá que ao se mudar para Belém, pelo seu notável conhecimento das escrituras e da Torah, tornou-se o Shaliah comunitário da Sinagoga Essel Abraham, até a sua morte aos 106 anos de idade, em 30/04/1974; Samuel Benjó, Leon Benjó, Isaac Dahan( natural de Alenquer), Abraham El-Mescany (de Óbidos), Abraham Moyses Melul, José Ricardo Anijar e o professor Inacio Obadia, todos eles ilustres hahamin, leitores da escritura (Baal Korê) e profundos conhecedores da Torah da Sinagoga Essel Abraham da Rua Campos Sales, de los pobres forasteiros toshavim.
Na outra sinagoga, da outrora rica, e durante a terceira geração dos judeus pobres judeus aviadores e comerciantes falidos – Shaar Hashamaim da Rua Arcipestre Manoel Teodoro- funcionaram como líderes espirituais: Judah (Leão) David Israel, no período de 1890 a 1898, Rebby Messod Dabella, Rebbi Jacob Benualid, Elias Leão Israel (1909 a 1912), Abraham Anijar (rabino atual da Sinagoga Shel Guemilut Hassadim do Rio de Janeiro), Leão Samuel Aguiar, David Benzaquem, Leon Bengio, Menasseh Zagury, Rabino Abraham Hamu e Rabino Moyses Elmescany, este último da cidade de Óbidos e que hoje é o líder religioso e espiritual do Centro Israelita do Pará, dirigido pela arquiteta Oro Serruya e pelo Dr. Marcos Serruya que a sucedeu no período de 1998-2000. Há ainda uma terceira Sinagoga do Grupo Beit/Chabad, dirigida pelo Rabino Disraeli Zagury, que tem conseguido aumentar o número de seus fiéis mais conservadores, atraídos pelo seu fervor religioso.
O Centro Israelita do Pará foi fundado em 20/06/1918 em Belém, e desde então tem sido presidido por grandes figuras do judaísmo paraense: Moyses Levy, Marcos Athias, Abraham Athias, Jaime Bentes (durante cerca de 20 anos) Isaac Barcessat, Elias Pazuello, Ramiro Isaac Bentes, Aarão Isaac Serruya, Isaac David Nahon, Oro serruya e agora Marcos Serruya.
Lançamento da Pedra Fundamental da Sinagoga Beth Yaacov. Foto: Anne Benchimol/Acervo Sinagoga
Na parte empresarial, os judeus paraenses da terceira geração, que haviam falido durante a crise da borracha, ou ficaram muito empobrecidos, tentaram reerguer-se com a ajuda de suas esposas, trazendo as suas famílias para Belém, onde reiniciaram a sua luta e a sua nova vida. Uns como empregados e funcionários públicos, outros como vendedores, negociantes e lojistas. Alguns se transformaram em grandes exportadores de borracha, sorva, castanha, couros e peles, cumaru, timbó e outros produtos regionais, na década dos anos de 1930 a 1950. Nesse período sobressaíram-se: Jayme Pazuello, Marcos, Marcos Athias, Jacob Benzecry, Y. Serfaty, Major Levy e Samuel Levy (de Macapá) Marcos Abitbol e muitos outros.
Os negócios durante a Segunda Grande Guerra, com os Acordos de Washington de 1942, a criação do Banco da Amazônia, em 1940, e a Nova Constituição Federal de 1946, que no seu artigo 199 instituiu o Fundo de Valorização da Amazônia, com recursos de 3% retirado da receita federal durante 20 anos, ajudou a recuperar a economia amazônica, e os judeus tiveram uma prosperidade efêmera, pois passaram a dominar o comércio exterior e a agregar valor aos produtos nativos através da industrialização e beneficiamento da borracha, castanha, couros de jacaré, timbó, serraria, destilação de pau-rosa e etc.
E continua o professor Samuel Isaac Benchimol a narrativa histórica da civilização deste povo que se constituiu sob o signo do sofrimento, do silêncio e da esperança. Rio sem margens que converge para o largo mar da memória, cemitério de lembranças, onde jazem velhos barcos arruinados, náufragos e viajantes em busca de um porto seguro. Como se fossem velhos navegadores conduzindo suas naus através de rotas antigas, reconstruindo a geografia de um passado perdido no tempo e que descrevo aqui na minha obra. Agora com destaque para a cidade de Manaus de um período importante para nossa história.
[…] Em Manaus idêntico movimento repetiu os mesmos padrões seguidos pela terceira geração de judeus paraenses. A luta talvez tenha sido mais difícil para os israelitas amazonenses, pois vivendo no interior da selva, a 1500 Km de Belém, tudo se tornava mais difícil, oneroso e caro.
Os judeus falidos e empobrecidos do interior começaram a chegar a Manaus que, em 1930, tinha cerca de 90.000 habitantes (o senso de 1920 indicou 75.704 e o de 1940 106.399 habitantes). Como não houve senso em 1930, pode se estimar a população de Manaus em cerca de 90.000 habitantes. A maioria dos judeus amazonenses veio de Itacoatiara (Perez, Ezagui, Azulay), Parintins (Cohen, Assayag), Maués (Levy, Abecassis), Borba (Laredo), Humaitá (Julio Levy), Porto Velho (Querub), Guajará Mirim (Benesby), Fortaleza do Rio Abunã (Isaac Israel Benchimol e seus 8 filhos), Tefé (Siqueira, Cagy), Coari (Pinto), Tarauacá (Henry Cerf Levy e seus 12 filhos católicos), Iquitos (Tapiero, Toledano), apenas para mencionar alguns nomes, correndo sempre o risco grave de omissão que será reparada quando mencionar os nomes dos judeus das cidades interioranas, em outro capítulo.
Deve-se também mencionar que muitos judeus paraenses de Alenquer, Óbidos, Santarém e, sobretudo, de Belém começaram a migrar para Manaus, em busca de novas oportunidades de trabalho e emprego. Entre os judeus paraenses que vieram reforçar a comunidade de Manaus, devemos mencionar nessa terceira geração os Sabbá, Benarrós, Bemergui, Benmuyal, Aguiar, Azulay,Benzecry e outros que se estabeleceram e muitos tiveram extraordinário sucesso e liderança na economia e sociedade amazônica. O maior deles foi Isaac Benayon Sabbá, que foi o pioneiro da industrialização da Amazônia, com a construção da Refinaria de Petróleo de Manaus, inaugurada em janeiro de 1957 e que durante sua vida construiu um império de 41 empresas e estabelecimentos industriais.
A comunidade judaica de Manaus, nesse período de 1930 a 1950, cresceu para 250 famílias, com a vinda de migrantes do êxodo rural proveniente do interior do Estado e da capital Paraense, Por ser menor do que a comunidade paraense de Belém e pelo fato dos judeus viverem na sua quase totalidade, no interior do Estado, somente em meados da década dos anos 20 tiveram oportunidade de organizar as instituições da comunidade judaica (sinagoga, cemitério, hebrá, escola, clube social e os cinco pilares da vida comunitária).
Essas organizações foram sendo criadas pelos novos migrantes do interior que se estabeleceram em Manaus. Depois de reconstruir as suas vidas, alguns judeus se tornaram líderes como: Isaac José Perez, o grande prefeito judeu que revolucionou, urbanizou Itacoatiara (1926 a 1930) e fundou os cemitérios judeus de Manaus.
Era casado com Rachel Hilel Benchimol, cujos pais vieram de Gilbratar para Cametá em 1850 e depois se transferiu para Itacoatiara, onde realizou como prefeito a urbanização da cidade como veremos em capítulo especial, no segundo volume desta pesquisa. Isaac José Perez veio para Manaus em 1928, ainda como Prefeito de Itacoatiara conseguiu, com o seu prestígio, junto ao Governador Efigênio de Sales, a troca de um terreno aos fundos do Cemitério São João Batista, que havia sido comprado para ser o cemitério judeu por um terreno melhor situado ao lado do Cemitério São João Batista, na esquina do Boulevard Amazonas, hoje Avenida Álvaro Maia.
Comprado o cemitério judaico e feito seu gradeamento, Isaac José Perez teve o grande infortúnio e desdita de ver morrer de febre amarela o seu querido e amado filho Leon Perez, jovem engenheiro politécnico, que estava em visita aos seus pais. Por ironia do destino, o fundador do Cemitério Judeu de Manaus o inaugurou, enterrando seu próprio filho, em 12 de setembro de 1928. Foi o primeiro kadish (oração pelos mortos) dito por um judeu para seu filho na Mearah (cemitério em haquitia) de Manaus, pois anteriormente os judeus eram enterrados no cemitério católico ao lado sem nenhuma cerimômia, pois praticamente não existia comunidade organizada e nem talvez minyan (quórum de 10 judeus) para poder dizer o kadish à beira da sepultura (qeburah).
O segundo passo para organizar uma sinagoga. Os exilados (os novos megorashim e toshavim-sefaraditas e forasteiros) do interior resolveram a Sinagoga Beth Yaacov, cuja a primeira sede foi na Rua Lobo D’Almada, perto do antigo escritório de A Crítica, e depois transferida para Rua Barroso, quase em frente da Biblioteca Pública, para em seguida ser novamente mudada para um sobrado na Avenida 13 de Maio (atual Getúlio Vargas), ao lado do cine Polytheama, onde coloquei os meus telefim (bar-mitzvh), cerimônia de maior idade e integração à comunidade, realizada aos 13 anos de idade no ano de 1936.
Sede da antiga Sinagoga Beth Yaacov. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
No ano seguinte, Isaac Israel Benchimol, um próspero e rico seringalista da Fortaleza do Rio Abunã, que faliu e empobreceu na grande crise da borracha, de 1930 e que se transferiu para Manaus com seus 8 filhos em 1933, recomeçou a sua vida como humilde e pobre guarda-livros.
É eleito Presidente do Comitê Israelita do Amazonas e um dos seus primeiros atos foi comprar a sede própria da Sinagoga Beth-Jacob, que passou a funcionar no novo prédio, adquirido na Rua Ramos Ferreira nº 596 (Praça da Saudade), desde o dia 4 de junho de 1937, quando o referido prédio foi comprado de D. Francisca Regallo Araújo.
O Comitê Israelita do Amazonas foi fundado em 15 de julho de 1929, sendo seu primeiro presidente o Sr. Raphael Benoliel, sócio presidente da firma B. Levy & Cia., a mais rica e próspera firma exportadora de aviamentos para o interior do Estado, que nessa altura já estava em situação difícil, vindo a liquidar-se em 1943. Os fundadores do Comitê que assinaram a ata de presença foram, além de Raphael Benoliel, os Srs. Raphael Benayon, Isaac José Perez, David Alberto Sicsú, Alberto Abraham, Jacob Benchimol, S. J. Aben-Althar, Pacífico Ezagui, Moyses Benchimol, Jacob Abecasis, Jacob Chocron, Isaac Sabbá, David Leão Israel, Samuel J. Benoliel, Simão Benchimol, Marcos Ezagui, Abraham Samuel Alves, Leão Abraham Azulay, Jacob I. Benzaquen, Salomão Alves, Augusto Ezagui, Marcos Esquenasi, Isaac Rozenstein, José David Israel, Laão Abraham Pinto, Nessim Pessah, Mogluff Cohen, Salomão Benemond, Solon Benemond, Moyses Julio Levy, Isaac S. Benoliel, David Israel, Julio Levy, Raphael José, David Fortunato Benarrosh, Samuel A. Ohana, David J. Israel, Joseph Tapiero, Hebron Levy, Lazaro Klein, José Samuel Levy, Lazaro Sasson Tayah, Elias Benchimol, Jacob Sabbá, Fortunato Berrarrosh, José David Sicsú (Fonte: Manuscrito descoberto pelo Dr. Isaac Dahan, atual Presidente do Comitê Israelita do Amazonas).
Todos esses fundadores eram na sua maioria, líderes empresariais de Manaus, com exceção do Dr. Raphael Benayon, que era advogado e Professor e Catedrático de Direito Internacional Privado da Faculdade de Direito do Amazonas e que havia traduzido do francês para o português o famoso livro de R. Von Ihering -O Espírito do Direito Romano, que durante várias gerações foi livro de teto de quase todas as Faculdades de direito do Brasil ( Menezes, Aderson, 1959:57).
Interior atual da Sinagoga Beth Yaacov. Foto: Anne Benchimol/Acervo Sinagoga
Interior antigo da Sinagoga. Foto: Anne Benchimol/Acervo Sinagoga
Desde a sua fundação, o Comitê teve 11 Presidentes: Raphael Benoliel (1929/1931), Jacob Benoliel (1932/1937), Isaac Israel Benchimol (1937/1957), Israel Siqueira Benchimol (1958/1961), Isaac Israel Benchimol (1962/1974), Samuel Isaac Benchimol (1975/1985), José Laredo (1985/1988), Franklin Isaac Pazuello (1988/1991), Samuel Koifman (1991/1994), Celso Neves Assayag (1994/1997) e Isaac Dahan (1997/2000).
A segunda sinagoga de Manaus foi fundada pelo nosso correligionário Jacob Azulay com um grupo de judeus forasteiros (Toshavim) e sefaraditas (megorashin), descontentes com a comunidade da esnoga Beth-Yaacov, que era considerada a sinagoga dos sefaraditas megorashin y de los ricos. Este segundo templo com o nome Rebby Meyr funcionou no começo num prédio familiar cito a Praça 15 de Novembro, perto da antiga firma Higson & Cia., e da Rua Tamandaré. Posteriormente foi transferida para um prédio próprio na Av. 7 de Setembro 385 com fundos para a Rua Visconde de Mauá nº 301, conforme escritura de 20 de maio de 1945.
Eram seus dirigentes e depois de sucessivos presidentes os correligionários Salvador Bemergui, Salomão Benmuyal, Augusto Pacíficico Ezagui, David José Israel, Vidal David Israel, Samuel D. Israel, Elias D. Israel, Salomão José Laredo, Miguel Cohen e outros. Era conhecida como la esnoga de los pobres, tal como a esnoga Essel Abraham da Rua Campos Sales, de Belém do Pará.
Ambas as sinagogas foram fundidas com a construção do novo templo, em 18 de janeiro de 1962, com o novo nome de Esnoga Beth-Jacob/Rebi Meyr, que assinala o fim da rivalidade sefaraditas/megorashim e forasteiros/toshavim em Manaus, com a reconciliação das duas correntes do judaísmo marroquino do século XIX. Esta fusão foi realizada graças ao trabalho do Presidente Isaac Israel Benchimol Z’L’ (Zichronô Libracha – de abençoada memória) falecido em 24 de dezembro de 1974, e Vice-Presidente Samuel Isaac Benchimol, com a plena cooperação do Sr. Jacob Azulay, que passou a funcionar como nosso Shaliah (oficiante) comunitário, grande conhecedor da Torah (Baal Korê) até a sua morte, em 09 de fevereiro de 1976.
Funcionaram como Shaliah, Hazan, Baal Korê (oficiante, cantor, leitor das escrituras bíblicas), desde a fundação os nossos correligionários: Jacob Azulay, Isaias Abensur, Isaac Pazuelo, Miguel Cohen, todos Z’L’ de abençoada memória e, mais recentemente, os Srs. Leon Benjó, Dr. Isaac Dahan, Moyses Elmescany (atual rabino da comunidade de Belém) Prof. Dr. Inácio Obadia, também Shaliah da Esnoga Essel Abraham de Belém, David Salgado Filho, Dr. Abraham Elmescany e novamente, a partir de 1998, o Prof. Inácio Obadia.
Sinagoga Beth Yaacov. Foto: Anne Benchimol/Acervo Sinagoga
A vida social comunitária de Manaus foi iniciada em 1940 com a fundação do Clube Azul e Branco, pelo nosso correligionário David Israel jornalista fundador do jornal Folha Israelita, que circulou em Manaus no período de 1948 a 1958), sendo a sua primeira presidente a jovem Gimol Levy, esposa do sr. Israel Siqueira Benchimol. Posteriormente, esse clube foi transformado em 1945, no Grêmio Cultural e Recreativo Sion, que funcionava na casa de D. Sultana Esquenazi e depois passou a funcionar na Rua Henrique Martins (conhecida como a Rua dos Judeus, pois lá viviam, naquela época, cerca de 40 famílias e casa comerciais de judeus).
Finalmente, em 1976, na gestão do Presidente do Comitê Israelita do Amazonas, sr. Samuel Isaac Benchimol, foi fundado o atual Clube A Hebraica, com a compra do prédio situado na Av. Joaquim Nabuco, 1842, com fundos para a Rua Dr. Machado, adquirido em 30 de janeiro de 1976, da Grande Loja do Amazonas, com a ajuda financeira de toda a comunidade e com o produto da venda da antiga sinagoga da Praça da Saudade ao Banco Nacional de Habitação.
O seu primeiro presidente foi o correligionário Ilko Minev, seguido de Samuel Benzecry, e depois um colegiado dirigido por Nora Benchimol Minev, Sonia Assayag Cohen, Denise Benchimol Rezende, Fátima Assayag, Sarah Foiquinos, Bonina Bemergui. Em 1995 foi eleito Presidente Dany Schwarcz e, em 1997, a nossa correligionária Nora Benchimol Minev, tendo como Vice-Presidente o Sr. Samuel Appenzeller.
Fonte: BENCHIMOL, Samuel. Eretz Amazônia: os judeus na Amazônia. Manaus: Valer, 1998, p. 104-122. … – Veja mais em https://portalamazonia.com/historias-da-amazonia/judeus-amazonia-terceira-geracao/