O programa Literatura em Foco apresentado por Abrahim Baze, gravado na Biblioteca Genesino Braga da Academia Amazonense de Letras entrevista nesta edição a Mestra e professora Elisangela Maciel que destaca a sua mais nova obra literária intitulada “História, Cultura, Trabalho e Instituições na Amazônia”, pela editora Valer.
A obra tem a participação de Arcangelo da Silva Ferreira, Doutor em História Social da Amazônia pelo Programa de Pós-Graduacão em História Social da Amazônia (PPHIST) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O conteúdo literário é uma coletânea que reúne um conjunto de pesquisadores representantes de pelo menos quatro gerações de historiadores compromissados com a história da Amazônia. Os capítulos revelam pesquisas sobre fluxos de artistas e movimentos socioculturais, sujeitos históricos atrelados a mecanismos de poder, ações sociopolíticas no mundo do trabalho.
Mestra e professora Elisangela Maciel, possui graduação em História pela Universidade Federal do Amazonas (1998), Especialização em História da Amazônia (2003), Mestrado em História Social pela Universidade Federal do Amazonas (2008).
Com produção de Juliana Neves e imagens de Nelio Costa, a entrevista completa você pode conferir através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
O pesquisador Geraldo Xavier dos Anjos revela que na época da Província do Amazonas os acontecimentos de ruas eram feitos por brincadeiras como o “Entrudo e o Zé – Pereira”, além dos foliões mascarados.
Segundo pesquisador Geraldo Xavier dos Anjos, as reminiscências do carnaval do passado são recheadas de fatos bastante interessantes. Tais manifestações do carnaval que transcorriam nos principais clubes da cidade e de uma forma mais popular nas ruas de Manaus.
O pesquisador nos revela ainda que na época da Província do Amazonas esses acontecimentos de ruas eram feitos por brincadeiras como o “Entrudo e o Zé – Pereira”, além dos foliões mascarados que invadiam o centro antigo de Manaus quando da época da festa popular.
Por sua vez, o entrudo era uma prática proibida, por promover sujeira e imundície. O “Entrudo” foi uma manifestação introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses da Ilha de Açores.
A prática consistia em jogar nas pessoas “água de lama, tinta, lixo e tudo que fosse malcheiroso, até água podre e urina”. Tal comportamento provocou a proibição por meio de uma portaria da Câmara Municipal de Manaus publicada no código De Postura do Município.
O fiscal do primeiro Distrito desta cidade faz publicar a bem dos interesses o seguinte artigo:
Art. 82-É proibido andar-se pelas ruas e lugares públicos e jogar entrudo ou lançar alguma coisa sobre os transeuntes. Pena de dez mil – réis de multa ou três dias de prisão.
1º Permite-se as mascaradas danças carnavalescas de modo que não ofendam a moral e a tranquilidade pública e não contenham alusão às autoridades ou a religião.
2º Pelas ruas, praças e estradas da cidade não transitarão pessoas mascaradas depois do toque da Ave – Maria, Salvo as que tiverem para isso licença da autoridade policial. Os infratores incorreram na multa de cinco mil – réis ou dois dias de prisão.
Manaus, 28 de janeiro de 1874
Pedro Mendes Gonçalves Pinto
Fonte: O Malho, Ed. 760 ano XVI – 7 de abril de 1917. Foto: Reprodução/Instituto Durango Duarte
Embora sob pena de pesar das multas e prisões, esse procedimento se estendeu até o início do século XX. Por sua vez, “O Zé – Pereira” também trazido pelos portugueses acaba por revolucionar o carnaval. Os brincantes transitavam pelas vias públicas tocando bumbas, zabumbas, esse costume perdurou até o ano de 1929. As fantasias da época eram de palhaços, diabos, papa angus, etc.
Por volta de 1855 eram publicados em jornais da época os bailes de máscaras, que aconteciam em residências dos barões da borracha e nos clubes, começa assim a prevalecer o carnaval de salão que eram frequentados por uma classe privilegiada e o de rua que contava com a participação popular.
Geraldo Xavier dos Anjos relata ainda que o comércio dessa época promovia vendas de artigos para a quadra momesca em especial na Rua do Imperador (hoje Marechal Deodoro). Nessa artéria funcionava uma loja denominada “Bazar de Paris”, especializada em artigos para o carnaval. Os jornais da época promoviam anúncios de interesses dos foliões, como por exemplo, a presença de um “Coiffeur”, Francês que se chamava George Petrus. O estabelecimento atendia seus clientes com os mais modernos penteados que eram moda na Europa.
Em 1889, época do último Carnaval da Província, aconteceu a “Batalha de Confete” na Praça Dom Pedro II. Com a chegada da República e a urbanização da cidade promovida na administração do governador Eduardo Ribeiro (1892-1896). Na principal artéria e a rua da Matriz (hoje Eduardo Ribeiro), o Carnaval toma conotação com o desfile do “Clube dos Coatyz”. Já em 1904, surgiram dois grupos importantes, “Cavalheiros Infernais e o Clube dos Terríveis, que prolongou sua participação até 1915.
Anúncio sobre o Club dos Terríveis em 12 de fevereiro de 1907 no Jornal do Commercio. Imagem: Reprodução/Biblioteca Nacional
Os Cavalheiros Infernais eram formados por foliões do Clube Internacional, cujas fantasias eram predominadas pela cor vermelha. O “Clube dos Terríveis”, porém, tinha como foliões algumas figuras de maior importância do contexto social da época como: o coronel José Cardoso Ramalho Júnior, o ex-governador Silvério Nery, o próprio governador Constantino Nery e superintendente municipal Adolpho Lisboa e Arthur César Moreira de Araújo.
Fonte: BAZE, Abrahim. Luso Sporting Club – A Sociedade Portuguesa no Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2007.
As alunas do curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Kivia Mirrana Pereira, de 29 anos e Stefany Menezes de 22 anos, concorreram em 2023, as vagas para mestrado e doutorado na UFAM.
Com o resultado de seleção para Mestrado e Doutorado, a aluna Kivia foi aprovada em primeiro lugar no doutorado para estudar os intelectuais e desembargadores do Amazonas, como Gaspar Guimarães e Antônio Sá Peixoto, vinculados à Academia Amazonense de Letras e Stefany Menezes foi aprovada para o mestrado com a proposta de estudar intelectuais negros, como o Alcides Bahia e o João Leda.
A aluna Stefany Menezes, foi aprovada no mestrado com o projeto “Histórias de velhos troncos: intelectuais negros em Manaus e a construção de identidades e redes (1904-1955).
“Foi uma alegria ver meu nome na lista de aprovados para a turma de Mestrado de 2024 de História da UFAM. Isso só foi possível graças à equipe da Academia Amazonense de Letras, que sempre me recebe muito bem e me abriu os arquivos que fundamentam o meu projeto de dissertação. Sou muito grata à AAL.”
Kivia Mirrana, foi Aprovada no Doutorado em História com o projeto “Sob o prestígio da lei: formação política e práticas sociais das elites jurídicas em Manaus (1891-1930)”.
“Ser aprovada no processo de seleção para o doutorado em História da UFAM gerou-me enorme contentamento e emoção. A pesquisa de doutoramento sobre intelectuais e juristas visa estudar a atuação desse grupo no Amazonas, destacando seus aspectos intelectuais. Muitos foram fundadores da Sociedade de Homens das Letras em 1918, evoluindo para a Academia Amazonense de Letras. Sou grata aos servidores da AAL por disponibilizarem prontamente seus acervos e arquivos para consulta. Não tenho dúvidas de que esses materiais contribuirão para a escrita da tese!”
Para o Presidente da Academia Amazonense de Letras, Dr. Aristóteles Alencar, a entidade cumpre seu papel social e cultural. Uma honra para a instituição poder colaborar com o trabalho dessas jovens e brilhantes pesquisadoras.
O Diretor de Edições da Academia Amazonense de Letras, Dr. Robério Braga, destaca a importância da participação das obras dos escritores na elaboração de projetos acadêmicos.
É muito importante que os estudos universitários se voltem para os escritores amazônicos e sobre eles desenvolvam estudos científicos. A Academia Amazonense de Letras, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e eu pessoalmente ficou sempre a disposição desse novos mestres e doutores para que possa contribuir com os debates e as pesquisas.
Os arquivos utilizados pelas alunas estão disponíveis para consulta no Memorial e Biblioteca Genesino Braga, localizado na sede da Academia, localizada na rua Ramos Ferreira, 1009 – Centro, das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira.
A Dica Literária do Programa Literatura em Foco, apresentado pelo jornalista Abrahim Baze, trás a obra intitulada “Mais borracha para Vitória”, dos autores Adelaide Gonçalves e Pedro Aimar Costa.
A obra é repleta de registo fotográfico, promovendo um relato sobre a borracha no período final do século XIX, questões referentes ao tratamento estético da borracha em seus conhecimentos nas atividades de produção de borracha.
Nesta semana a Academia Amazonense de Letras teve a honra de receber a visita do casal de turistas vindo de Amsterdã , na Holanda, os turistas Prof. Dr. Ivan Augsburger e sua esposa a Enfermeira Carien Ruijter. Estão de passagem pela capital conhecendo a região através de seus pontos turísticos e a Academia foi um dos pontos que fez parte desse roteiro.
Impressionados com a beleza e riquezas de detalhes nos objetos antigos e grandes obras literárias, os turistas tiveram o privilégio de conhecer a história da Academia desde sua fundação, suas dependências como o Salão Nobre do Pensamento Amazônico Álvaro Maia, onde acontece os grandes eventos da Academia como lançamento de livros, a Biblioteca Genesino Braga e a Sala-Memória Mário Ypiranga Monteiro onde contém os registros fotográficos dos fundadores e Acadêmicos.
Além da Academia Amazonense de Letras, o casal conheceu também o Palácio Rio Negro, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), e o Museu da Amazônia (MUSA), pertencente a Reserva Florestal Adolpho Ducke entre outros pontos turísticos.
Para eles a visita na Academia foi um momento muito especial por conhecer de perto os grandes autores que deixaram legado na história do Amazonas e consideram a capital um lugar incrível repleto de belezas naturais em sua flora e fauna, além de conter uma rica gastronomia em seus cardápios regionais diferenciados de sabores como o açaí, o cupuaçu e o tucumã.
Eduardo Gonçalves Ribeiro (São Luís, 18 de setembro de 1862 – Manaus, 14 de outubro de 1900) foi um político brasileiro. Foi governador do estado do Amazonas entre 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891, e de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896, sendo o primeira pessoa parda a governar o Amazonas.
“Este livro veio demonstrar e comprovar uma série de inverdades contra Eduardo Ribeiro”, explica Robério Braga, ao mesmo tempo que aponta os adversários políticos e as elites amazonenses, os quais não engoliam a ascensão sociopolítica do ex-governador, como responsáveis por esse escarnio.
Eduardo Ribeiro atuou política partidária, na gestão pública, na atividade militar, no magistério e na agitação cultural e intelectual. Mas, segundo o escritor, ele era visto pelos aversários como um pária social, porque não descendia das classes sociais que detinham o poder, seja no Império ou na então recém-instalada República.
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A cidade de Manaus e a sociedade manauara, através dos dois principais clubes sociais da época, Ideal Clube e principalmente o Atlético Rio Negro Clube estavam engajados no processo da escolha da candidata.
Durante a Primeira Guerra Mundial a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos Estados Unidos da América produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente, para os países europeus.
Após a guerra o quadro não mudou, pois os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, necessitando manter suas importações, principalmente dos Estados Unidos da América. A situação começou a mudar no final da década de 1920. Reconstruídas as nações europeias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos. Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois, afinal não conseguiam vender como antes. Vale ressaltar que essas empresas possuíam ações na Bolsa de valores de Nova Iorque, como também milhões de norte americanos, acreditavam e tinham investimentos nestas ações.
“Em outubro de 1929, percebendo a desvalorização das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que buscavam vender ações adquiridas naquele período. Este efeito foi simplesmente devastador, pois, as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas passaram, da noite para o dia para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu 30% dos trabalhadores. A crise também conhecida como A Grande Depressão, foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como nesta época, diversos países mantinham relações comerciais com os Estados Unidos da América, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes”. ¹
No Brasil não foi diferente. Éramos neste período o maior exportador de café para os Estados Unidos, consequentemente a exportação desse produto diminuiu consideravelmente e os preços do café produzido no Brasil despencaram. A solução encontrada na época para que não houvesse uma expressiva desvalorização do nosso café, o governo brasileiro procurou comprar e queimar grandes toneladas de café, permitindo desta forma a diminuição da oferta do produto, esperando assim no mínimo manter o preço naquele período, o que época trouxe algum resultado. Desta forma aqueles produtores que investiam neste seguimento migraram para o setor industrial promovendo assim um expressivo avanço da indústria nacional.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Manaus nesse período
A história da ocupação do espaço amazônico tem como momento marcante o período do ciclo da borracha, com profundas consequências para a realidade demográfica regional. A verdade é que a Amazônia não foi mais a mesma depois do Fausto Látex. A ocupação se intensificou, as cidades sofreram profundas mutações, as principais capitais regionais Manaus e Belém, experimentaram um processo de modernização sem precedentes. Fruto dessa realidade a região amazônica foi inserida compulsoriamente na engrenagem do capitalismo internacional, como principal fornecedora de matéria-prima indispensável na produção de diversos produtos, ajudando a alavancar principalmente a indústria automobilística.
Do ponto de vista histórico foi um tempo efêmero, mas definitivo na história da Amazônia. A produção de borracha amazônica supriu as necessidades do mercado internacional, conectando-se com os principais centros de produção industrial. Em meio a esse contexto, a região ajudou a financiar o processo de desenvolvimento nacional em seus momentos iniciais, ao mesmo tempo em que contribuiu para projetar o Brasil no exterior, estimulando o interesse de investidores e ações econômicas que implementaram o desenvolvimento nacional.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Em 1929 a falta de numerário era uma queixa comum o dinheiro não circulava no comércio. A falta de meio circulante não se dava pela ausência de capitais, mas pela escassez do papel-moeda em si. O mesmo ocorria com os Bancos que preferiam trabalhar a circulação em suas matrizes.
“A Associação Comercial do Amazonas desejava a todo custo, a correção destas irregularidades, até aceitando taxas mais altas, contanto que o comércio não ficasse sujeito as atuais flutuações e incertezas”. Pág. 53.³
Todo esse rigor econômico que se inicia em 1910 com a queda da borracha teve sequência por um longo período com graves repercussões socioeconômicas, não só no âmbito regional, mas em todo país, que sentiu seu impacto de forma avassaladora.
A cidade de Manaus de Edna Frazão Ribeiro
Segundo o autor Leandro Tocantins, Manaus era uma cidade de suaves colinas e que desdobrava-se em vistas múltiplas para quem a cruze nas avenidas e ruas de seu lúcido urbanismo.
“E não deixa de impressionar a obra urbanizadora da capital, creditada ao Governador Eduardo Ribeiro, O Pensador (assim os amazonenses costumavam chamá-lo). A topografia da cidade antes de Eduardo Ribeiro vislumbrava-se em cortes hidrográficos com os seguintes igarapés: Salgado, Castelhana, Bica, Espírito Santo, Manaus, Cachoeirinha, São Raimundo e Educandos. As fachadas residenciais, embora com predomínio neoclássico, apresentava muito sinais de art nouveau. Notável é o foyer de honra, em puro estilo veneziano, com mármores, espelhos e candelabros importados”. Pág. 230.³
Música composta em homenagem à Edna Frazão Ribeiro. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Primeiro Concurso de Miss Brasil
Edna Frazão Ribeiro, diferente de outras misses eleitas neste período, teve sua escolha através dos diários associados na época do Jornal do Comércio e Rádio Baré que, enquanto a rádio divulgava o concurso em si o Jornal do Comércio fazia publicar um folheto para que a população recortasse e coloca-se seu voto, que era recebido através de urna na porta do Jornal. Desta forma ela foi a primeira e única a ser escolhida através do voto popular.
A cidade de Manaus e a sociedade manauara através dos dois principais clubes sociais da época, Ideal Clube e principalmente o Atlético Rio Negro Clube também estavam engajados no processo da escolha da candidata. A viagem ao Rio de Janeiro cidade onde ocorreria o evento foi longa. Edna se fez acompanhar pelo seu irmão. Mulher morena de estatura moderada, rosto iluminado e se faz apresentar naquele momento usando um belo vestido azul-ferrete, partido de branco, com motivos bordados multicoloridos.
Chamada do Athletico Rio Negro Club para receber Edna. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
População foi acompanhar sua chegada. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Em plena elegância moderna para época trazia em seu pescoço um colar gracioso de contas triangulares. Ela era filha de Adrião Ribeiro Nepomuceno e de Rosa Frazão Ribeiro. Uma de suas principais características era o sorriso que mostrava graça e encantamento.
Embora seu encantamento pela cidade maravilhosa, a nossa miss amazonas destacava aos jornais da época do Rio de Janeiro que trazia consigo as lembranças e impressões de nossa região sem nenhum momento perderam o encantamento da cidade que ora visitava. Normalista dedicada aos estudos tinha como maior passatempo o conhecimento através de leituras e de seus estudos. Seus autores preferidos eram Gonçalves Dias e Castro Alves. Destacava também que papel da mulher na sociedade era o lar.
Declarava também a época que não era desportista, mas admirava a natação. Sua cor predileta era rosa, gostava de pintura e música, amava o sol e quando caminha pela rua se quer procurava o lado da sombra, afinal vinha de uma cidade de exuberante natureza e rios caudalosos. Apreciava também os passeios de bonde. Esses pormenores foram dados como entrevista para a revista Flores do Brasil – O livro das Misses, com texto de Raimundo Lopes e desenhos de Porciúncula Moraes, publicado no Rio de Janeiro em maio de 1929. No seu retorno a Manaus ela foi efusivamente recebida pelo povo e homenageada na então sede do Atlético Rio Negro Club na rua Barroso nº 15.
Autoridades receberam a Miss. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
A formação da família
Transcorria o ano de 1930, o jovem magistrado João Pereira Machado homem probo e fiel defensor dos ensinamentos da magistratura que transformara sua vida em sonhos e muito trabalho, apaixonou-se pela beleza e pelo caráter da então jovem Edna Frazão Ribeiro e assim, casaram-se dando início suas histórias de vida, deixando a cidade de Manaus para trabalhar nos confins do Amazonas na cidade de Humaitá.
Enfrentaram o mundo desconhecido de rios, florestas e muita dificuldade para adaptar-se a nova realidade que com muita coragem desnudaram silenciosamente a tão almejada felicidade. Esse é um aspecto peculiar guardado na memória de um de seus filhos o médico e humanista Gil Machado, que busca da memória para viajar no tempo como se houvesse falas de um período não muito distante a contar passo a passo esse tempo vivido.
O médico Gil Machado seu filho voltou no tempo e com voz pausada sem esmorecer dar lugar ao olhar vazio que vem de dentro de si mesmo para rememorar este tempo sustentado por esteios de forte lembrança. O tempo passa e a família cresce com o nascimento de sua primeira filha Cláudia Rosa era o ano de 1932. Em 1933 celebra-se a chegada do segundo filho João Lúcio e em 1936 o terceiro filho Gil Machado.
Edna Frazão Ribeiro casou-se com o desembargador João Pereira Machado. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Homens e mulheres que lograram êxito em suas histórias tiveram como principal atributo a coragem e o espírito empreendedor. Foram, sobretudo, seres que acreditaram em seus sonhos e projetos movidos pelo entusiasmo e pelos ideais, legaram a sociedade uma história de feitos e conquistas.
Estava a porta o ano de 1940 e, por força de sua profissão a família transfere-se para a cidade de Parintins, os temos eram difíceis e havia na família uma preocupação relacionada aos estudos dos filhos e dessa forma Cláudia Rosa passou a ser aluna interna do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e em seguida João e Gil também seguem o mesmo caminho passaram a ser alunos internos do Colégio Dom Bosco.
Em 1943 João Pereira Machado perde sua companheira, naquele período a situação das cidades do interior era muito difícil sem água tratada, Edna contrai o Tifo doença implacável e sem grandes recursos ela vem a falecer, somente em 1950 foi descoberto o antibiótico que combateria este mal, chamado (Cloromicetina). O jovem magistrado tinha que continuar a criação dos filhos e a proposta de uma educação condizente. E assim, o jovem magistrado em 1945 contrai núpcias com Maria Arminda Botelho Mourão de família tradicional e filha do Desembargador Hamilton Mourão. Deste casamento nasceu sua filha Edna Maria Mourão Pereira Machado.
Homenagem dos fãs de Edna. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Os filhos Gil e João Lúcio foram estudar no Colégio Pedro II, (hoje Colégio Estadual do Amazonas) e, mais tarde João Lúcio e Gil concluíram o curso de Medicina na Faculdade Federal Fluminense do Rio de Janeiro. O magistrado João Pereira Machado transfere-se para Manaus ainda como Juiz e tempo depois assume o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas.
Seu filho e médico João Lúcio Machado deu uma importante contribuição na área da medicina para o Estado do Amazonas e empresta seu nome ao grande hospital na zona leste de Manaus.
Quando foi prefeito de Parintins Gláucio Gonçalves juntamente com a Câmara Municipal de Parintins presta em memória de Edna Frazão Ribeiro uma significativa homenagem, além de eloquentes discursos permitiram o translado dos restos mortais de Edna para Manaus e aqui foi enterrada na sepultura perpétua no Cemitério de São João Batista onde já encontrava-se seu esposo João Pereira Machado.
Referências
¹ Revista Café e Cultura – Jornalista Giuliana Vallone ² LOUREIRO, Antônio. A Grande Crise. 2ª edição – Manaus: Editora Valer, 2008. Página 53. ³ TOCANTINS, Leandro. O Rio Comanda a Vida – Uma interpretação da Amazônia. 9ª edição. Manaus: Editora Valer/Edições do Governo do Estado, 2000. Página 230. *Informações dadas pelo seu filho o médico e humanista Gil Machado.
O apresentador Abrahim Baze entrevistou na Biblioteca Genesino Braga recebeu a professora e titular da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, Artemis Soares. Natural do Município de Manicoré-AM, a professora tem várias obras publicadas, sobressaindo-se as de cunho indigenista entre outros títulos que compõem com riquezas e detalhes sua galeria literária.
Cerca de 20 títulos já foram publicados com sua autoria, co-autora e organização, além de registrar sua participação em capítulos de livros. É membro da Academia Amazonense de Letras ocupando a cadeira número 40 de Paulino de Brito, desde novembro de 2017 e membro da Academia Brasileira de Educação Física desde outubro de 2019.
Nesta edição, a entrevista destaca a obra “Pensamento social, etnicidade, corpo e notas de pesquisa” uma produção de fruto da parceria UFAM /FAPEAM, uma coletânea de grande experiência que resulta do envolvimento professor/aluno na busca do novo e do esforço de cada um na realização de suas pesquisas, caracterizados como relatórios de pesquisa, ensaios ou notas de pesquisas, abordando preferencialmente temas amazônicos, alma do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia da UFAM e expressão da formação interdisciplinar em processos socioculturais na Amazônia.
Além de ser uma das organizadoras da obra literária, o livro possui também a organização dos professores, Marilene Corrêa da Silva Freitas e Shigeaki Ueki Alves da Paixão. Dentre os muitos assuntos abordados, de forma direta ou indireta nesta obra, destacam-se trabalhos que discutem o Pensamento social e político, as Institucionalidades, e as Representações Literária e Mítica na imaginação amazônica.
Com a produção de Juliana Neves e imagens de Yohane Honda, a entrevista completa você pode conferir através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (Manaus, 23 de fevereiro de 1928 — Manaus, 19 de julho de 2009) foi um político brasileiro filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
A princípio, Gilberto Mestrinho foi o Governador mais jovem eleito no país. Aos 27 anos já era Prefeito de Manaus e aos 28, secretário das Finanças do Governo e aos 30, já governava o então Estado do Amazonas.
Pelo Amazonas, foi governador durante três mandatos e senador, além de prefeito da capital Manaus. Por Roraima, foi deputado federal.