O escritor Olavo Romano, de 85 anos, presidente emérito da Academia Mineira de Letras (AML), morreu no final da tarde de quinta-feira (16), aos 85 anos. Ele deixa esposa, dois filhos, seis netos e um bisneto. A informação sobre o falecimento foi confirmada pela assessoria de imprensa da AML.

Romano havia sido diagnosticado com um câncer há cerca de uma semana. O escritor foi internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Ele foi hospitalizado já com a doença em metástase e falência múltipla dos órgãos.

Trajetória

Olavo Romano nasceu em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, na região Oeste de Minas Gerais, em 1938. Foi presidente emérito da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira 37, editor sênior da Caravana e autor homenageado da Bienal Mineira do Livro de 2022. Formado em Direito, Romano cursou o mestrado em Administração na Fundação Getúlio Vargas. Ele também foi professor nos cursos de Serviço Social e Comunicação da PUC e fez carreira no serviço público aposentando-se como Procurador do Estado. 

Outra curiosidade sobre a obra, é que o poeta Carlos Drummond de Andrade viu na capa a fazenda do avô, a mesma escada, “só que do lado contrário”, e  saudou o autor por “sua prosa feliz”. Jorge Amado também falou do livro correndo de mão em mão em sua família.

Romano não parou de escrever e na sequência vieram “Minas e seus casos” (Ática, 1984), “Dedo de prosa, Prosa de Mineiro” (Lê, 1986), “Os mundos daquele tempo” (Atual, 1988), “Um presente para sempre” (Atual, 1990), “Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo” (Dimensão,  2002), “São Francisco rio abaixo” (Abigraf, 2006),  “Retratos de Minas” (Conceito, 2007), com o fotógrafo José Israel Abrantes, “Eta mineiro jeito de ser” (Leitura 2007), com relatos que, encenados, resultaram em três CD-ROMs distribuídos em escolas públicas.  A toada de casos mineiros prosseguiu com “A cidade submersa” (Ramalhete, 2016) e agora com este “Café com prosa” (2021). 

A produção de Olavo Romano incluiu, ainda, outras vertentes, como a coordenação do concurso de relatos selecionados presentes em “A História das Eleições é também a minha História”, de 2013. A obra fez parte da celebração dos 80 anos da instalação da Justiça Eleitoral no Brasil. Olavo também participou de antologias, como Tertúlias Quixotescas (Caravana, 2020) e duas outras alusivas à pandemia da COVID 19.  

Pela Fundação João Pinheiro, o autor participou de Belo Horizonte & o Comércio, 100 anos de História, 1977, seguido de dez fascículos focalizando a vida de empresários da Capital. Para Além da Cidade Planejada, 1997, focaliza o Colégio Magnum e região Nordeste da Capital mineira. Memória Viva (1998) resume 50 anos da Alcan em Ouro Preto; Mestres Minas Ofícios Gerais (2000) resgata culturalmente o artesanato em Araxá. Seu livro Pés no Caiçara – um olhar sobre a Pampulha, escrito para o Shopping del Rey, foi lançado em 2003.  Iluminando os caminhos de Minas (2005) registra os 50 anos da Cemig, enquanto Notas e tons de Israel (2014) conta a vida do empresário Israel Kuperman, resgatando sua experiência de “judeu que saiu da arca”.

O conto “Como a gente negoceia” gerou o curta-metragem “Negócio Fechado”, produção premiada no Festival de Gramado de 2001. O texto Zeca Lifonso serviu de base a curta metragem produzida em Muriaé pelo cineasta Euler Luz. 

Com o concertista Roberto Corrêa, desenvolveu, pelo interior de Minas, o projeto Causo, Viola e Cachaça, do SEBRAE/AMPARC. Já com o projeto Minas Além das Gerais, do Governo do Estado, apresentou-se em Brasília, Rio de Janeiro e em São Paulo. No programa “Sempre um Papo”, animou saraus por diversas cidades mineiras. Fez parcerias musicais com Pereira da Viola, Chico Lobo, Lu e Celinha, com apresentações em shows e animados saraus. Durante muitos anos, aos domingos, participou do quadro Prosa Arrumada, do programa Arrumação, ao lado de Saulo Laranjeira. 

Presidiu a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Prof. Luiz de Bessa e pertenceu ao Conselho Curador da Fundação Caio Martins, ao Conselho de Integração Social da Faculdade Estácio de Sá e integrou os Conselhos Consultivo de Instituto Fernando Pacheco e o de Administração da Imprensa Oficial de Minas Gerais. Foi Sócio Benemérito do Instituto Maestro João Horta.

No sossego do sítio onde se refugiou, Olavo Romano organizou seu legado, construído nos últimos quarenta anos. Presente com oito obras na Bienal Mineira do Livro de 2022, autografou também exemplares de dois livros conjuntos: “Tertúlia Quixotesca” e “FAMÍLIA ROMANO: Memória – Afeto – Gratidão”. Além disto, ainda em 2022, recebeu no projeto “Prosa e Cantoria”, os amigos Carlos Farias, Celso Adolfo, Chico Lobo, Lu e Celinha, Paulinho Pedra Azul, Rodrigo Delage, Saulo Laranjeira, Tau Brasil, Tino Gomes e Wilson Dias.

Com quase 20 livros publicados, oito deles amplamente adotados em escolas de Minas e de outros estados, Olavo Romano deixa esposa, dois filhos, seis netos e um bisneto. Ex-presidente da AML e ocupante por quase 20 anos da cadeira 37 da instituição, que tem como patrono Manuel Basílio Furtado (1826-1903), Olavo estudou Direito (PUC-MG), Administração (FGV-RJ), Inglês (Universidade de Michigan) e Planejamento Educacional (Banco Mundial), além de fazer brilhante carreira no serviço público, aposentando-se como Procurador do Estado.

“Olavo Romano foi uma pessoa exuberante em vários sentidos: pela inteligência, pela generosidade, pela escrita cativante e capacidade de comunicação. Na Academia Mineira de Letras, sua gestão como presidente imprimiu à instituição os novos rumos que vamos trilhando. Em luto pela privação da convivência, a Academia celebra os frutos deixados por tão rica vida para a literatura e a cultura brasileira”, lamentou Jacyntho Lins Brandão, atual presidente da AML.

“Olavo Romano foi uma das melhores pessoas que conheci na vida: generoso, alegre, fraterno, solidário, o sorriso sempre aberto. Pouca gente consegue manter viva dentro de si a criança que foi um dia. Ele conseguiu. Fará uma falta tremenda”, declarou também o acadêmico e Presidente Emérito da AML Rogério Faria Tavares.

A partir de 1979, Olavo Romano publicou seus casos mineiros e textos poéticos no Estado de Minas, no Jornal de Casa, nas revistas Globo Rural, Palavra, Cícero, IstoÉ e Veja. Entre as obras adotadas em escolas, focaliza o jeito, a fala, a vida no interior mineiro: Casos de Minas, Paz e Terra, SP, 1982, 6a ed.; Minas e seus casos, Ática, SP, 1984 (esgotado); Dedo de prosa e Prosa de mineiro, Lê, 1986 (esgotados); Os mundos daquele tempo, Atual, SP, 1988, 6a ed; Um presente para sempre, Atual, SP, 1990, 14a ed., e Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo, Dimensão, BH, 2002.

Uma das últimas participações de Olavo como acadêmico da AML ocorreu no Congresso das Academias Estaduais de Letras, realizado nos dias 19 e 20 de outubro em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Na ocasião, ele deu esta declaração que tão bem revela seu amor à literatura e à democracia: “Primeiro, o sentido da academia é confraternizar. É uma reunião de opostos, de tolerância, amizade. O colega de academia é chamado confrade. Não importa o que ele pense, qual o time que ele torce, a sua cor política. A academia é um espaço de tolerância, amizade e fraternidade”.

A Academia Amazonense de Letras lamenta com pesar o falecimento do escritor Olavo Romano.

*Com informações da ASCOM-AAL/AML
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