O conteúdo literário promete mexer com a memória afetiva de muitos professores, escritores e ex-alunos de algumas faculdades e escolas de Manaus, que em 2008, participaram do festival literário que movimentou o Estado.
O apresentador Abrahim Baze do Programa Literatura em Foco, gravado na Biblioteca Genesino Braga, recebeu o escritor Carlos Lodi. Natural do município de Campinas – SP, o autor reside na capital amazonense há cerca de 13 anos.
Nesta edição o autor destacou a sua mais recente obra intitulada “FliFloresta, do Sonho à Realidade”, pela Editora e Livraria Valer. A obra é um relato da memória de um acontecimento que impactou o Estado do Amazonas, através do nascimento da crença dos editores Isaac Maciel e Tenório Telles.
O autor ressalta ainda em entrevista a importância da pratica leitura na sociedade, os benefícios gerados como a melhoria no vocabulário, desenvolvimento do pensamento crítico, o estimulo a capacidade de concentração e a transformação que a leitura promove em sua escrita.
Com a obra lançada, o autor tem a expectativa de promover a oferta de livros ao maior número possível de leitores; trazer autores para dialogarem com os seus públicos; além de defender nessa ação, os homens, as florestas, os rios e os animais que correm o risco de desaparecer do planeta.
Com imagens de Nélio Costa e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.
Em 1867, tem-se notícia da primeira hanseniana, residente numa palhoça em Umirisal, localidade situada acima de Manaus, à margem esquerda do Rio Negro.
Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
A história do trabalho realizado pelo Instituto “Alfredo da Matta” no Amazonas está diretamente relacionada à chegada e evolução da hanseníase. No período de 1832 à 1890, Manaus sofreu um processo migratório expressivo, quando seu contingente populacional saltou de 8.500 para 50.300 pessoas, atraídos pelo período áureo da borracha.
Em 1867, tem-se notícia da primeira hanseniana, residente numa palhoça em Umirisal, localidade situada acima de Manaus, à margem esquerda do Rio Negro. Não há duvidas que nesta época a hanseníase já se desenvolvia com grande intensidade, os pacientes recolhidos em estado avançado da doença eram atendidos no antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia.
De Paricatuba à Colônia Antônio Aleixo
Após serem cadastrados, os doentes eram remetidos para o Leprosário Belizário Pena inaugurado em 1923, na localidade de Paricatuba à margem do Rio Negro, cujo trabalho já era realizado por Alfredo da Matta e sua equipe. A falta de recursos financeiros para manter os doentes internados faz surgir a Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, coordenada pelo Dr. Alfredo da Matta.
Em 1942 o Governo do Amazonas inaugurou a Colônia Antônio Aleixo. Essa alternativa veio amenizar os problemas de toda ordem para os pacientes. Neste mesmo ano também entrou em funcionamento o Educandário Gustavo Capanema, destinado a filhos de hansenianos internados. No Hospital Antônio Aleixo os pacientes eram atendidos e assistidos pelos médicos Geraldo da Rocha, Menandro Tapajós e Leopoldo Krichanã.
Em 28 de agosto de 1955, foi inaugurado o Dispensário Alfredo da Matta, cujo nome foi uma justa homenagem escolhida pelos médicos Raimundo Silas C. de Andrade, Célio Mota e Menandro Tapajós.
Um baiano que preferiu Manaus
Dr. Alfredo da Matta nasceu em Salvador (Bahia), em 18 de março de 1870 e faleceu no Rio de Janeiro em 3 de março de 1954. Seus estudos primário e secundário foram cursados na cidade natal e logo ingressou na Escola de Medicina da Bahia, onde cursou brilhantemente. Em 8 de dezembro de 1889, terminou seu curso de Medicina. Em abril de 1890, nomeado médico do Loide Brasileiro, seguindo viagem até Manaus onde fixou residência.
Foi nomeado pelo Governador do Estado do Pará para exercer umas Circunscrições Sanitárias do Estado, cargo que não aceitou, pois preferia morar em Manaus. Nomeado médico do Exército para servir em Barbacena (Minas Gerais), pediu transferência para Manaus e, não sendo atendido, exonerou-se. Alfredo da Matta se especializou em Medicina Profilática e em Dermatologia. Seu amigo Dr. Francisco de Araújo Lima, na Revista Amazonas Médico de Manaus, Ano VI, página 17, Ano 1944, refere-se a ele:
“[…] Alfredo da Matta é Sócio Bem Feitor da Santa Casa de Misericórdia em Manaus e Honorário e Bem Feitor da Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas. Professor na Cadeira de Higiene e Enfermatólogia dos Cursos de Farmácia da Universidade. Foi Tenente Coronel Cirurgião da Guarda Nacional e Médico do Asilo de Mendicidade. Representou o Amazonas em vários congressos nacionais e internacionais. Foi delegado e Secretário dos Comitês do Amazonas. Foi Membro Fundador da Sociedade de Medicina e Farmácia e de Medicina e Cirurgia do Amazonas da Sociedade Amazonense de Agricultura, do Clube da Seringueira e da Revista Amazonas Médico, da União Acadêmica e do Círculo dos Auxiliares de Imprensa.
As Academias de Geografia Botânica de Mons/Franca e a Italiana de Ciência Físico-Químicas, foi premiado com a Medalha de Ouro pelo seu livro “Flora Médica Brasiliense”. Foi eleito deputado à Assembleia Legislativa do Amazonas, durante os anos de 1916 à 1920, ocupando o cargo de Presidente de 1917 à 1920. Mais tarde foi Senador da República pelo Estado do Amazonas, suas monografias foram em número de 234 quer avulsos quer em revistas nacionais e internacionais, além de vários livros no ramo da Dermatologia. Em 1955, foi inaugurado o Dispensário Alfredo da Matta, em justa homenagem por todo seu trabalho realizado com dedicação e paixão na terra que escolheu para doar seus conhecimentos.
Dr. Armauer Hansen, descobridor do bacilo causador da hanseníase e o médico Alfredo da Matta, patrono do Instituto amazonense. Foto: Divulgação
O Real Hospital Militar da Capitania de São José do Rio Negro
As mais antigas instituições hospitalares da Região Amazônica foram estabelecidas no Pará, nos séculos XVII e XVIII, como a Santa Casa e a enfermaria dos Capuchos da Conceição, em Belém e a dos Capuchos da Piedade, em Gurupá.
Apesar da grande distância dos centros civilizados, o Amazonas também teve um hospital, ainda no século XVIII, de pomposo nome e modestas instalações – o Real Hospital Militar da Capitania de São José do Rio Negro.
A sua descrição está contida no Diário da Viagem Filosófica ao Rio Negro – 2ª Parte – Participação Primeira – Barcelos (1) do insigne naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira, uma expedição científica destinada ao estudo da Amazônia Portuguesa, que saiu de Lisboa, a 1º de setembro de 1783, chegando a Belém, a 21 de outubro daquele mesmo ano, onde permaneceria, visitando a região até 1792.
Fonte: Artigo do Acadêmico Antônio Loureiro, publicado no livro de sua autoria História da Medicina no Amazonas.
O primeiro isolamento do Hospital e do Amazonas
Para se evitar este tipo de contágio, pela primeira vez, em 1784, foi acomodado em um tijupar, no quintal do Hospital, o soldado Albino Joseph, transferido de Tefé, por estar acometido de hanseníase, o mesmo acontecendo com o soldado Simão Joseph, em 1786, os primeiros casos registrados da doença, no Amazonas.
E aqui temos a citação pela primeira vez da existência de doentes de hanseníase vindos de Portugal, de modo diferente, através das forças militares, o que talvez explique como tão rapidamente a doença desapareceu daquele País, nesse século e nos dois anteriores, com o fechamento de quase todas as gafarias (leprosários) e a exportação de seus hansenianos, para as colônias de além-mar.
Leprosário do Paredão do Rio Negro. Foto: Divulgação
A Hanseníase atinge Manaus e o Amazonas em cheio
Assim, as autoridades sanitárias do Amazonas das últimas décadas do século XIX e dos primeiros vinte anos do século XX, cansaram-se de anotar, em seus relatórios, sobre a expansão contínua da doença, em todo o Amazonas, particularmente entre os habitantes dos rios Solimões, Juruá e Purus, e em Manaus, para onde vinham os doentes de todo o interior, na busca de tratamento, o que dava para prognosticar uma verdadeira pandemia, nos anos futuros.
Os doentes eram então tratados nos muitos isolamentos, que existiram em torno da capital, onde se misturavam com os portadores de moléstias epidêmicas, como os de varíola, morrendo mais rapidamente os portadores do Mal de Hansen ali internados.
Em 1920, grande parte deles estava concentrada no Isolamento do Umirisal, em um terreno situado próximo ao Bombeamento de Águas da cidade, o que causava desconfiança de muitos, por uma possível contaminação do líquido fornecido à população, o que de fato não ocorria.
O Umirisal crescera em demasia, tendo, em 1923, mais de cinquenta portadores de hanseníase, habitando casas de palha e barracões de madeira, sem qualquer conforto, e um ambulatório, onde atendiam os médicos Alfredo da Matta e Antonio Ayres de Almeida Freitas. A hanseníase iniciava a sua escalada, na Amazônia, que praticamente dela ficara indene, durante a época colonial.
A miséria dos doentes era tanta, que comoveu a população de Manaus, organizando-se uma subscrição popular, destinada a levantar fundos, para a recuperação da antiga hospedaria de emigrantes de Paricatuba, o que foi conseguido, em 1924, quando o doutor Samuel Uchôa dirigia a Comissão de Profilaxia. Ali se trabalhou durante os anos de 1925 e 1926, e as instalações ficaram perfeitas, após algumas reformas, sendo constituídas por um gigantesco prédio, construído por volta de 1900, para hospedaria de emigrantes, a igreja, a usina de luz, as casas residenciais para funcionários e doentes, o necrotério, a bomba de água e a escadaria do porto, além da bela paisagem do rio Negro, em um de seus lugares mais estreitos.
O Amazonas estava preparado para seguir a política de Belisário Pena; a do isolamento dos doentes em hospitais-colônias, face à explosão da lepra, em todo o País, controlando deste modo a sua maior disseminação. Explosão que acabou determinando anos depois o fechamento deles, pois as internações criaram um ônus incontrolável para o Estado, sendo o Governo Federal o primeiro a se desobrigar desta ação, antes de 1970.
Em 1924, existiam cinquenta internados no Umirisal; 17, no terreno do Tiro de Guerra; uns 50, perambulando pelas ruas de Manaus, sendo ao todo 510, na capital, e mais de 1000, em Antimari, no Careiro, Cambixe, Fonte Boa, Humaitá, Eirunepé, Lábrea e Manacapuru, os municípios mais atingidos.
Em 1926, a administração amazonense estava entusiasmada com a possibilidade da introdução de imigrantes japoneses e poloneses, e o governador Efigênio Sales foi visitar o hospital de Paricatuba, em maio de 1926, acompanhado do embaixador japonês e de outras autoridades, que encantados com aquilo que seria a futura Colônia Belisário Pena, resolveram transformá-la em uma hospedaria de imigrantes, que jamais chegariam, como os do início do século, para quem fora construída.
E assim a transferência dos doentes foi postergada, somente ocorrendo em 1930, quando deixou de existir o Umirisal, sendo seus doentes levados para Paricatuba, na boca da baía da Boiaçu, um verdadeiro relógio astronômico, onde todas as tardes o sol desaparece, nos meses de equinócio, engolido pelo rio. Ali a colônia ficaria ativa por 40 anos.
Apesar da existência de dois leprosários no Amazonas, com a inauguração da Colônia Antônio Aleixo, o número de doentes continuou a crescer, devido ao contágio através das mucosas nasais, bucais e sexuais, às más condições de vida e ao desconhecimento do contágio e da promiscuidade decorrente.
Fonte: Artigo do Acadêmico Antônio Loureiro, publicado no livro de sua autoria História da Medicina no Amazonas.
O escritor pesquisou o que saía na mídia na época da borracha, um trabalho sobre as produções no interior da imprensa amazonense acerca da própria realidade do seringueiro em suas ações cotidianas.
O apresentador Abrahim Baze do Programa Literatura em Foco, gravado na Biblioteca Genesino Braga, recebeu o Professor e Doutor em Teologia e Mestre em História Social pela Universidade Federal do Amazonas, UFAM, Daniel Barros de Lima. Descendente de nordestinos, Daniel Barros de Lima é natural do município de Pedro Leopoldo, estado de Minas Gerais.
Nesta edição, o professor relata em entrevista a história dos seringueiros amazônicos, inspirado na trajetória de vida dos seus avós que foram seringueiros no interior do Acre e do Amazonas, demonstrando o profundo interesse em compreender a formação socioeconômica da região amazônica na história.
Em sua recente obra literária lançada no início deste ano, intitulada ‘O seringueiro na imprensa amazonense: cotidiano e vivências no mundo da borracha 1890 – 1920’ pela Editora Valer, o professor relata um panorama da diversidade e riqueza da imprensa amazonense, promovendo ao leitor o conhecimento sobre as vivências e experiências dos seringueiros amazônicos no período da borracha.
A obra é um recorte da história da migração nordestina para a Amazônia, por meio do que era publicado nos jornais da época, pois investiga as relações de trabalho que os seringueiros estabeleceram na região amazônica. Segundo o autor, não se trata de produzir mais uma análise dessa história puramente do ponto de vista político e econômico e a partir dos registros ditos ‘oficiais’, mas, pelo contrário, apresentar uma história de construção da imagem do seringueiro.
A entrevista contou também com assuntos relacionados a borracha no seu contexto industrial, imigração nordestina que teve sua contribuição, a importância da borracha e os periódicos da imprensa amazonense, entre outros assuntos. Seringueiros, seringalistas e seringais são temas que despertam interesse em mais de 150 anos de existência.
Daniel Barros de Lima, possui Licenciatura Plena em História e Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Nilton Lins. É Bacharel em Ciências Teológicas pela Faculdade Boas Novas (2008). Professor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA para o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR.
É membro do GT Mundos do Trabalho/Am, Associado da ANPUH (Associação Nacional dos Professores Universitários de História) e membro pesquisador da RELEP (Rede Latino-americana de Estudos Pentecostais).
Tem desenvolvido pesquisas no campo da História Social: Imprensa Amazonense e Movimentos Sociais da Amazônia e no campo da Teologia Histórica: Patrística, Reforma Protestante, Cosmovisão Cristã, Pentecostalismos e Imprensa Pentecostal.
É vinculado aos Grupos de Pesquisa de História Social da Amazônia(UFAM) e de História do Cristianismo na América Latina (EST). Nos últimos anos atuou como Professor, Coordenador de Curso e Diretor Acadêmico na Faculdade Boas Novas. Atuou como professor substituto da Universidade Federal do Amazonas – UFAM no Departamento de História na área de Teoria e Metodologia da História. Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, CEST-Tefé, além de atuar na área de Ciências da Religião para o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR – UEA.
Com imagens de Yohane Honda e produção de Juliana Neves, você confere a entrevista completa através do Aplicativo AMAZONSAT no Play Store ou App Store do seu celular.