O ativista e poeta, Ailton Krenak, diz representar a pluralidade indígena.
O ambientalista, filósofo e poeta Ailton Krenak tomou posse nessa sexta-feira, 5/4, na Academia Brasileira de Letras (ABL), em cerimônia realizada na sede da organização no Rio de Janeiro (RJ).
Ele herdou a Cadeira 5, que pertencia antes ao historiador José Murilo de Carvalho, morto em agosto de 2023. A posse de Krenak mostra a pluralidade indígena que ele representa.
Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu em Itabirinha, Minas Gerais, em 1953, na região do vale do Rio Doce. Aos 17 anos, mudou-se com a família para o Paraná, onde trabalhou como produtor gráfico e jornalista.
A trajetória dele é marcada pelo ativismo socioambiental e de defesa dos direitos dos povos indígenas. Participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI).
O Presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), Dr. Aristóteles Alencar, e o filósofo Max Rodrigues, lançaram seus olhares sobre a posse histórica no país.
Na condição de presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), o médico Aristóteles Alencar parabenizou a maior beneficiada pela entrada do acadêmico Ailton Krenak, a Academia Brasileira de Letras, que conta, a partir de agora, no seu quadro de acadêmicos imortais, o líder indígena, filósofo, jornalista, escritor, poeta, Ailton Krenak.
“É uma demonstração de que a sociedade está mudando, passando a valorizar as suas origens. Ailton tem um trabalho de liderança muito importante, desde o início, na época da Constituição, em 1988, com aquele depoimento importantíssimo que deixou marcas profundas, em defesa da população indígena”, disse o presidente da AAL.
“Gostaríamos, mais uma vez, de parabenizar a ABL por contar, dentro do seu quadro acadêmico, um novo imortal que, com certeza, a partir de agora, mudará muito o ponto de vista da inserção de profissionais, de poetas, de jornalistas, do quilate de Ailton Krenak”, finalizou Aristóteles.
Mudança radical na ABL
Para o filósofo Max Rodrigues, a posse inédita de Krenak na ABL mostra que a academia está tendo, nos últimos anos, a presença de figuras não ortodoxas ligadas à literatura clássica, aos grandes estudos ocidentais, como Fernanda Montenegro e Gilberto Gil, por exemplo. Fundada em um conhecimento da literatura eurocêntrica, a posse do indígena representa essa pluralidade dos povos originários.
A intenção de Krenak em vincular as falas e idiomas diversos dos povos indígenas é uma mudança radical na ABL.
“Pode-se dizer que finalmente a Academia Brasileira de Letras se tornou brasileira mesmo, porque saiu das margens e da superfície da língua civilizatória imposta, que é o português com suas regras e complexidade, para respeitar a fala indígena. Diria ser uma vitória não somente dos povos originários, mas do Brasil, por fazer essa reparação histórica”, destacou o filósofo.
Para Rodrigues, a posse de Krenak é um ato político fundamental de uma instituição importante no país criada por um negro. “Entre as coisas ruins que estão acontecendo no país, esse é um reconhecimento histórico que dá orgulho aos brasileiros”, conclui.
Participaram do evento os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e da Cultura, Margareth Menezes. E tiveram destaque nos ritos de posse, os membros da ABL Heloísa Teixeira, Arnaldo Niskier, Fernanda Montenegro e Antonio Carlos Secchin.
A comissão de entrada foi formada por Edmar Lisboa Bacha, Joaquim Falcão e Ruy Castro. A comissão de saída por Ana Maria Machado, Geraldo Carneiro e Antônio Torres.
Fonte: Portal Rio de Notícias
Fotos: Lohana Chaves/Funai
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