Aluísio Daou conseguiu inserir através da lente de sua máquina fotográfica Olimpus Trip 35 a documentação desse importante momento.

Ministro Hygino Corsetti cumprimentando o presidente da Rede Amazônica, jornalista Phelippe Daou, após o ato de assinatura do contrato de concessão para instalação de um canal de TV em Porto Velho (RO). Fato ocorrido em 8 de junho de 1973 (Brasília-DF). Registro feito por Aluísio Daou. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A velocidade de transformação das cidades da Amazônia é narrada por um longo período por Silvino Santos. Sua obra iconográfica se destaca não só pela experiência da nova síntese de período glamoroso, mas pelo congelamento futurista que, somada a colagem de fragmentos, visões rápidas e múltiplas de nosso cotidiano urbano, aparenta hoje uma vida moderna da época em se instalavam o período do látex.

É nesse ambiente de efervescência cultural, econômica e política, de significados e alterações no espaço urbano e do cotidiano interiorano é que devemos inserir e entender a lente que documentou todo o momento com fotografias e filmes.

Silvino Santos, um imigrante português que tem uma importância diferenciada na história iconográfica da Amazônia, como também temos que considerá-lo como um dos pioneiros, juntamente, com o alemão Huebner, na tentativa de documentar e organizar a memória iconográfica da Amazônica e todo seu entorno.

Governador José Lindoso assina documento sendo observado por políticos e autoridades. Brasília, 8 de junho de 1973. Registro feito por Aluísio Daou. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Exímio fotógrafo e cineasta, como nenhum outro, soube retratar a atmosfera das cidades da Amazônia e seu cotidiano interiorano nas primeiras décadas do século XX. Sua produção retrata tudo aquilo que ele via, ao mesmo tempo, com as novidades que adentravam no espaço urbano, pouco se mostra do seu trabalho e atuação em estúdios, com retratos e crayon, produções praticamente pequena diante da exuberância de sua fotografia documental urbana. Isso é bastante raro na história da fotografia universal, já que no período foram poucas as fotografias que conseguiram escapar da tradição do ateliê.

Silvino Santos mergulhou na arte de fotografar, documentarista, cronista, que deu relevância à fotografia como informação na história das representações visuais e foram muitas. Assim, a velocidade de transformação de todas as cidades da Amazônia foram narradas por um longo período, por esses dois fotógrafos: George Huebner, que iniciou o fotografar a Amazônia em 1894, e Silvino Santos, no início do século passado a partir de 1910.

É nessa particularidade que fotógrafos comuns tentam recuperar para a história momentos importantes de acontecimentos diversos, que marcam para eternidade com qualidade excepcional para a época o fato registrado. Na verdade este fato que enriquece não apenas o patrimônio e imagético da Amazônia, mas a própria cultura fotográfica de uma empresa em particular e de um período não muito distante, porém, histórico.

Reprodução do jornal ‘Alto Madeira’ – quarta-feira, 22 de maio de 1974. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Este fotógrafo que se encontrava no momento exato, nos dá a oportunidade de ampliarmos a investigação e a pesquisa tanto no campo da fotografia quanto da história, do cotidiano urbano e da paisagem humana. Tudo isso garante o acesso irrestrito para pesquisadores, estudantes de fotografia, fotógrafos amadores e profissionais ou interessados neste segmento.

Não podemos esquecer de um período de ampliadores, câmeras, obturadores, lentes e tripés, balanças, bacias, prensas, lanternas e cortadores, químicas, filmes e chapas de vidro, papéis e fórmulas especiais, álbum, cartões-postais, pass-partouts, produtos para acabamento e apresentação dos trabalhos de um período que ficou para trás. Todas essas variedades de materiais e marcas foi a época a consolidação desse importante mercado, tanto profissional quanto o amador da época conheceram, hoje já estamos na era digital.

A bem da verdade, as obras de George Huebner e de Silvino Santos se destacaram não só pela experiência de uma nova síntese de um período glamoroso, mas pelo congelamento futurista que, somada pela colagem de fragmentos visões rápidas e múltiplas da arte de fotografar o nosso cotidiano urbano, retrataram uma vida moderna daquela época.

É nesse ambiente de oportunidade de significado importante que o senhor Aluísio Daou, no dia 8 de junho de 1973, documentou o ato de assinatura da homologação do canal da TV Rondônia, pertencente ao Grupo Rede Amazônica, no gabinete do Ministro em Brasília (DF).

Estavam presentes: o diretor técnico da Embratel, Rubens Bussaco; o diretor-presidente do Grupo Rede Amazônica, jornalista e empresário das Comunicações, Phelippe Daou; o senador Raimundo Parente; o senador José Lindoso; e deputado federal Ney Oscar de Lima Rayol.

Aluísio Daou conseguiu inserir através da lente de sua máquina fotográfica Olimpus Trip 35 a documentação desse importante momento que, usando da sensibilidade, soube retratar para posteridade a atmosfera desse acontecimento histórico. O senhor Aluísio Daou, naquela oportunidade, encarnava os espíritos dos dois maiores fotógrafos da Amazônia – George Huebner e Silvino Santos – documentando este fato histórico.

Aluiísio Daou foi o responsável pelos registros. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Trata-se de um fato importante, documentado com a exuberância de sua fotografia. Todo esse fragmento histórico documentou o tempo, as pessoas, com registro do antes e a possibilidade de estudo, depois, com recorte através dos vestígios da imagem iconográfica daquele período.

A matéria de que se alimenta esta memória lembra, principalmente, a luta desigual, as portas que se fecharam e, naturalmente, outras tantas que se abriram, as conversas em gabinetes como fios que se entrelaçaram encadeados em cores e sonhos, muitas vezes difíceis de serem atingidos, mas certamente encantadores, pois hoje são reais.

A linha divisória das realidades e das idealidades é sempre diluída pelo sonho de fazer realizar, sem se importar com os sofrimentos em nome de uma boa causa.

Porto Velho era a meta. A Amazônia era o alvo de conquista. A crise econômica, o obstáculo. A grande maioria da população, entretanto, parecia respirar sonhos com a realidade.

A Amazônia foi revelada pelo olhar dos viajantes missionários e naturalistas e mostrada para o país a partir da chegada da Rádio TV do Amazonas. Esta chegada criou o fascínio da nossa tela, o que também se enredou nas teias sedutoras das novelas e minisséries, embora não tenha mudado o curso das águas do velho Madeira, criou um novo olhar de outro horizonte, além da preservação assumida, de forma muito própria, não permitindo a descaracterização da nossa região, motivo de preocupação, até hoje, por parte de toda a diretoria da Rádio TV do Amazonas.

Câmera usada por Aluísio Daou no registro do contrato em Porto Velho. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Pensar o regional foi fazer o “globalismo” tornar-se um desafio constante no decifrar da região. Este fato nos permitiu a conquistas da realidade. Tudo isso buscado através da motivação que marca a longa e brilhante existência das nossas cores em toda região amazônica.

A partir daí, deu-se o início de uma nova era. O então território de Rondônia contava com um aliado, a Rádio TV do Amazonas e um aliado forte que, juntos, seguiram lado a lado, com um único objetivo, trabalhar pelo engrandecimento de Rondônia.

Para homenagear o território, a emissora receberia o nome de TV Rondônia. Uma justa homenagem para uma Rede de Televisão que estava apenas começando.

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