A instituição maçônica adota desde a origem a trilogia liberdade, igualdade e fraternidade, consagrando a luta dos povos oprimidos pelos governos absolutistas.
A Instituição Maçônica cuja origem é motivo ainda hoje, de paciente perquirição, ensejando as mais diversas opiniões, todas elas porém, demonstrando o caráter universalista da Ordem, sempre se constituiu em um tema apaixonante de apreensão da inteligência humana. É muito difícil por certo, a sua conceituação uniforme, uma vez que seu processo de expansão e evolução acompanha os fatos que se desenrolam entre os homens gerando as motivações mais civilizadoras.
“[…] Segundo o estudioso dos assuntos maçônicos Alfredo de Paiva, a maçonaria é uma associação universal e filosófica, reflexo sempre de nobres tendências inspiradas na mais perfeita tolerância pelas crenças individuais”.
Fonte: VALLE, Rodolpho. Centenário Maçônico. Manaus, 1972. Pág.: 15
Nos momentos mais inquietantes que o mundo atravessa de guerras, tumultos de paixões, campanhas de descredito, febre de riqueza, luxo desvairado, conflito violento de ideias.
Senhor Antonio Bernardo. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
“[…] Segundo o autor Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro, a Maçonaria no vasto campo moral que possui tem bálsamo para todas as dores e aflições, remédio para todos males e é, uma força que não se gasta, não se dissipa, no tratamento que deve ao próximo que sente necessidade de amparo e socorro”.
Fonte: VALLE, Rodolpho. Centenário Maçônico. Manaus, 1972. Pág.: 15
Sem dúvida ela é uma instituição que ensina o valor eterno dos princípios de cultura humana e individual no independente dos lugares e das épocas, proporciona aos indivíduos as suas agrupações, a noção clara e certa da solidariedade do amor, do direito, da justiça e da liberdade. A instituição maçônica adota desde a origem a trilogia liberdade, igualdade e fraternidade, consagrando a luta dos povos oprimidos pelos governos absolutistas.
Tanto na Europa quanto na Ásia, por toda parte onde ela pode exercer sua influência, teve a glória de vencer pelas armas da persuasão e pelo poder do exemplo, a insaciável avidez das paixões políticas e religiosas e de levar a ordem e a paz por toda a parte onde o espírito revolucionário implantou a discórdia e a guerra. E ao seu zelo por causa tão santa que se atribui a longa tirania que ela teve que suportar de todos os poderes que não marcharam nas veredas da justiça. Como ocorreu em tempos mais recentes na pátria mãe Portugal quando da instalação da tirania do Regime Salazarista imposto por Salazar na pátria mãe.
Foto: Roumen Koynov
Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana oferece a verdadeira luz ao português Antônio Bernardo Andorinha
A Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana fundada por portugueses no dia 20 de junho de 1897, em um jantar na residência do maçom Abel Nunes Thompson de Quadros, cuja, principal ordem era acolher portugueses natos, muitos foram aqueles que lá se destacaram dentre eles o português radicado em Manaus, Antônio Bernardo Andorinha, que recebeu a verdadeira luz por iniciação no Grau de Aprendiz Maçom no dia 18 de março de 1944, ingressando assim, mais um português que viria com a força do sangue lusitano reforçar as colunas daquela loja e se juntar a tantos outros portugueses que ajudaram a caminhada centenária da referida loja.
Sua trajetória na busca dos conhecimentos maçônica lhe permitiu que no dia 22 de maio de 1944 recebia por merecimento, frequência e doação o Grau de Companheiro Maçom na sua Loja Mãe. O tempo foi passando, os ensinamentos foram sendo ministrados e ele por dedicação foi merecedor de receber sua Plenitude Maçônica no Grau de Mestre Maçom no dia 22 de julho de 1944, permitindo assim, a conquista de seus méritos em sua Loja Mãe. O agora Mestre Maçom Antônio Bernardo Andorinha continuou sua luta no templo de sua loja contra as fraquezas morais, promovendo a virtude e a integridade, tão necessárias para a construção de uma sociedade mais justas e equitativa dentro dos princípios de sua formação moral e de generosidade para com a Instituição.
Foto: Roumen Koynov
Foi um maçom dedicado as causas humanas e acompanhou desde sua iniciação as normas disciplinadoras de seu comportamento e de suas atividades, adaptando-se ao processo de desenvolvimento espiritual e moral de sua vida. Para se conhecer na verdade em toda sua extensão a passagem desse português pelos quadros como obreiro e Mestre Maçom Antônio Bernardo Andorinha, em todas suas minucias e me todas suas ações enquanto viveu entre nós é fundamentalmente indispensável saber como ele aqui chegou, como se aclimatou no país e na cidade que o recebeu e de que forma exerceu sua função como cidadão, esposo, pai e irmão de nossa ordem.
Cumpre saber como ele trabalhou e contribuiu de forma importante para manutenção da colunas portuguesas da Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana. Foi um maçom constante metódico, consciente generoso, abnegado e amigo tantas vezes daqueles que estiveram em sua volta. Sua atuação econômica permitia que no aniversario da Loja fosse destinado um boi de uma de suas fazendas para ser produto de um leilão cuja renda era destinada a sua Loja Mãe. Essas verdade históricas resultam de um espirito de luta desse bravo irmão lusitano que se deslocou de sua pátria para desbravar nossa terra e principalmente promovendo o crescimento de nossa região.
Como chefe de família a sua conduta foi exemplar, como maçom dedicado teve uma vida irrepreensível. Considerado um homem de elevada alma nobre, mas sábia e sublime foi sua participação na maçonaria a época. Como maçom esteve intimamente convencido de que a maçonaria é a obra mais completa que o homem produziu e de que, como Instituição humana dispõem melhor do que qualquer outra de todas as instituições precisas para tornar o homem feliz, levando-lhe o moral, retratando-lhe os instintos, desembaraçando do fanatismo religioso, tornando-o um homem bom e justo, tolerante e sociável, sem ódios a satisfazer sem vinganças a pôr em prática, pronto a qualquer sacrifício em proveito da liberdade e a justiça, onde quer que os tiranos tentem ofuscar o espírito humano, eram de fato seus princípios de vida.
Por um longo período durante todas as noites trabalhou em sua oficina no Oriente de Manaus, dando-lhe salutar exemplo de uma dedicação sem limites, de uma correção irrepreensível, ensinando os portugueses neófitos, aconselhando os inexperientes a todos carinhosamente envolvendo no manto augusto de sua bondade inesgotável. Homem simples mas vezes calado sem pretensões de ser o dono da palavra, contudo, guardava força para a solidariedade. Quem quer ainda creia nos altos desígnios de Deus sobre o homem na face da terra, quem ainda não tenha todo descrito da ação civilizadora nos destinos da humanidade, quem quer ainda não se tenha tornado em absoluto indiferente ao movimento regenerador que as conquistas do espírito humano vão operando na vida de um homem, este era o maçom dedicado a Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana, Antônio Bernardo Andorinha.
Foto: Roumen Koynov
As raízes portuguesas de Antônio Bernardo Andorinha
Nasceu no dia 13 de setembro de 1906 em Armamar – Arícera (Conselho da Régua), veio para o Brasil porque seu pai José Bernardo na época já viúvo não permitiu que após a conclusão dos estudos no Liceu, muda-se para a cidade de Coimbra, a fim de se matricular na tradicional Universidade de Coimbra.
Com a ideia de não permanecer na aldeia que lhe servira de berço e querendo ir em busca de novos horizontes logo vê a ideia de transferir-se para o Rio de Janeiro, pelo fato de lá já residirem alguns primos. No entanto, a influência de um amigo de infância Delfim da Costa, com quem se trocava correspondia e já estava em Manaus alguns anos, exercendo a profissão de barbeiro e que tinha alcançado algum êxito.
Transcorria o ano de 1929, embalado pelo que confirmava, amiúde, ser Manaus uma bela e pacata cidade. Aqui foram tempos difíceis, seu primeiro emprego foi na então chamada Colônia de Alienados (Hospício Eduardo Ribeiro no Bairro de Flores). Com o passar do tempo, seu diretor Urbano Nôvoa, tornou-se um inigualável amigo, sentimento que os uniu até a morte. Ali permaneceu durante um pouco mais de ano, apesar das instâncias feitas pelo Diretor Urbano, inclusive com melhoria salarial, porem, saiu porque tinha um objetivo: Queria ser seu próprio empregado independente de qualquer vinculo empregatício com qualquer que fosse. Assim o fez. A princípio no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, com uma venda de carne bovina, é nesta oportunidade que ganhou o carinhoso apelido de Andorinha e que acabou por incorporá-lo ao seu nome.
Alguns anos passaram-se trabalhando por sua proporia conta e risco, a atuar no Matadouro Municipal, também conhecido como (curro), quando abatia o gado adquirido no Baixo Amazonas e o revendia para açougues e bancas do mercado municipal. Em 1943 comprou sua primeira fazenda, a São José e anos após mais três, todas no município do Careiro, conseguindo nelas fazer a engorda do rebanho que vinha do então Território do Rio Branco e do Baixo Amazonas
Com sua visão comercial acabou por eliminar o atravessador, que lhe encarecia o produto, trazendo-o ele próprio de suas fazendas para o matadouro nas embarcações de sua propriedade. Era pois, numa pessoa só, o produtor, o criador e o vendedor direto do produto o que lhe permitiu durante anos consecutivos ser o principal senão o único fornecedor de carnes bovinas aos quartéis, hospitais, educandários e a maior parte dos açougues e trabalhadores. Em 1956 fundou a Marchantaria Imperial da qual foi presidente ate sua morte e que era integrada por todos os marchantes importantes e poderosos da época.
Siga nossas redes sociais:
Instagram: @academiadeletras.am
Facebook: academiadeletras.am
Youtube: @academiaamazonensedeletras1981
Tiktok: @academiadeletras.am