Academia Amazonense de Letras
Várias foram as tentativas de organização de entidade representativa das letras e da literatura no Amazonas, ainda no período do Império. Exemplo disso foram a Sociedade Euterpe Rio-Negro (1874); a Imperial Sociedade Beneficente Artística Nacional do Amazonas (1883); a Crisálida Literária, a mais aproximada dos objetivos de literatura, praticando as tertúlias literárias e científicas (1887); a Sociedade União e Progresso (1891), voltada para a difusão das artes e de estudos de línguas; o Grêmio Dramático Taborda; a Academia de Belas Artes (1899); a Associação Literária; a Academia Amazonense de Belas Artes (1899), voltada para a leitura, recitação, declamação, desenho, pintura e arquitetura.
A Associação Literária (1906), depois Núcleo Amazonense de Letras, entretanto, incorporou personalidades que viriam a integrar a Academia Amazonense de Letras, anos mais tarde: Jonas da Silva, Octavio Sarmento, Th. Vaz, Maranhão Sobrinho, Adriano Jorge, Coriolano Durand, Virgílio Barbosa, Araújo Lima e João Leda.
Três anos depois a Associação Literária do Amazonas (1909) sob a presidência do coronel Pedro Freire, reuniu Adriano Jorge, Pericles Moraes, João Leda, Gaspar Guimarães, Heliodoro Balbi, Jorge de Moraes, Octávio Sarmento, Carlos Chauvin, e Paulo Elheutério os quais comporiam os quadros de fundação da Academia em 1918. Em 1912 foi nova investida no mesmo sentido com a criação da Assembleia Literária, inaugurada com conferência de Pericles Moraes.
Todas essas entidades, entretanto, não conseguiram prosperar, apesar de seus componentes serem figuras importantes da época, seja na vida política, social e econômica do Amazonas, mas devem ter servido para preparar os ânimos para a criação da Sociedade Amazonense de Homens de Letras a partir dos fins de 1917, a qual se transformaria em Academia Amazonense de Letras em 1920.
A Fundação
Em dezembro 1917 alguns escritores reuniram-se sob a liderança de Benjamin Lima, Pericles Moraes e José Chevalier e diante de um quadro de desastre econômico e esvaziamento urbano de Manaus, talvez estimulados pela fundação do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas em março daquele ano, retomaram a ideia de uma entidade literária.
A entidade foi criada após três reuniões de debates, estudos do estatuto e escolha de patronos para as Cadeiras, sendo fundada em 1.º de janeiro de 1918 e instalada a 17 do mesmo mês com a denominação de Sociedade Amazonense de Homens de Letras.
A respeito, a palavra do Pericles, um de seus inspiradores, é esclarecedora.
Sede Inaugural
A sede na qual a Sociedade foi fundada foi a mesma casa de residência do escritor, jornalista e dramaturgo Benjamin Franklin de Araújo Lima, em cuja varanda reuniram-se em dias de dezembro de 1917 Pericles, Chevalier e Benjamin, para cogitar da criação da entidade, escolhendo os primeiros escritores que deveriam compô-la.
Trata-se de casarão da Rua do Monsenhor Coutinho, n. º , Centro Histórico de Manaus, nas proximidades da Rua de Herculano Ferreira Penna, no qual, em 1968, quando das comemorações do cinquentenário da entidade, foi afixada placa comemorativa.
O evento inaugural deu-se no dia 1.º de janeiro de 1918.
A Instalação
A solenidade de instalação da Sociedade realizou-se a 7 de janeiro de 1918, no pavimento superior do Palácio da Biblioteca Pública, no mesmo salão em que anos depois foi implantado o auditório Alberto Rangel (1965), pelo lado da Avenida Sete de Setembro, no qual funcionava a Assembleia Legislativa do Estado.
Os Fundadores
Foram considerados fundadores os vinte e cinco primeiros escritores convocados pela imprensa para as reuniões preparatórias da entidade e os cinco outros logo depois incluídos e participantes da última sessão de organização e votação do Estatuto.
A Nova Denominação
A Sociedade Amazonense de Homens de Letras mudou a sua denominação para Academia Amazonense de Letras em 1920, por indicação do escritor Raul de Azevedo, em sessão nos altos da Biblioteca Pública, local indicado por Alcides Bahia que era acadêmico, deputado estadual e influente homem do governo local. Tudo se processou conforme o modelo da Academia Francesa e a fórmula adotada pela Academia Brasileira.
A Utilidade Pública
Aprovado o Estatuto e modificada a denominação, visando obter o reconhecimento oficial e completar os procedimentos legais e administrativos necessários à luz da legislação civil vigente, a Academia foi declarada de Utilidade Pública pela Lei nº 1.050, de 22 de setembro de 1920.